A reação constrangedora de Kim Jong Un após Trump pedir para se encontrar com ele na Coreia do Norte

Durante uma nova etapa de sua viagem pela Ásia, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump demonstrou forte interesse em se reunir com o líder norte-coreano Kim Jong Un. Apesar da expectativa criada por Washington, a reação vinda de Pyongyang foi marcada por silêncio e aparente desconforto.

Antes de embarcar para a Ásia, Trump compartilhou publicamente seu desejo de se encontrar com Kim. Em um voo presidencial rumo à Malásia, declarou aos jornalistas: “Eu tenho uma boa relação com ele. Eu adoraria vê-lo, se ele quiser, se ele receber essa mensagem. Não mencionamos nada formalmente, mas ele sabe que estou indo para lá. Se ele quiser se encontrar, eu adoraria”. Em tom quase provocativo, acrescentou: “Se quiserem divulgar, estou aberto a isso”.

A agenda de Trump inclui visitas à Malásia, Coreia do Sul e Japão. A ideia de um encontro direto com Kim representaria mais uma tentativa de aproximação, contrastando com os anos anteriores em que o presidente chamava o líder norte-coreano de “pequeno homem foguete”, em referência aos testes nucleares conduzidos por Pyongyang.

Por enquanto, no entanto, não há qualquer confirmação de encontro. Autoridades dos Estados Unidos e da Coreia do Sul relataram que nenhuma reunião foi marcada ou sequer formalmente discutida. A ausência de resposta do governo norte-coreano tem sido interpretada como uma forma de manter o controle da narrativa diplomática.

Trump vem sugerindo flexibilizar sanções internacionais impostas à Coreia do Norte, que atingem diretamente programas de mísseis balísticos. “Isso é algo muito grande para começar”, afirmou ele. “Eu diria que é o maior ponto possível”.

A posição de Kim, porém, foi claramente definida semanas antes da viagem de Trump. Em um discurso divulgado pela imprensa estatal norte-coreana, Kim declarou que estaria disposto a dialogar com os Estados Unidos apenas se Washington desistisse da exigência de desnuclearização. Também deixou claro que não pretende abrir canais de comunicação com a Coreia do Sul, país que considera um aliado direto dos norte-americanos.

“Pessoalmente, ainda tenho boas lembranças do presidente Trump”, afirmou Kim. “Se os Estados Unidos abandonarem essa obsessão absurda de nos desnuclearizar e aceitarem a realidade, buscando coexistência pacífica, não há razão para não sentarmos à mesa”.

O impasse ocorre em um momento delicado para a Coreia do Sul. O novo presidente sul-coreano Lee Jae Myung, eleito em junho após a destituição de Yoon Suk Yeol, esperava que Trump atuasse como intermediário para reabrir diálogos entre Norte e Sul. Lee defende que um eventual encontro poderia ajudar a reduzir a escalada de tensões na fronteira.

O ministro da Unificação Chung Dong-young afirmou que Pyongyang “provavelmente” emitiria algum posicionamento público nos próximos dias. Já a chanceler Cho Hyun comentou no parlamento que a forma como Trump se referiu à Coreia do Norte — reconhecendo-a como uma potência nuclear de fato — pode ser um fator de peso para levar Kim a negociar.

Enquanto a diplomacia se arrasta, Kim continua ampliando suas alianças internacionais. Nos últimos anos, aproximou-se significativamente do presidente russo Vladimir Putin, fortalecendo acordos militares, além de manter laços estratégicos com o presidente chinês Xi Jinping. Essa rede de alianças tem aumentado a influência de Pyongyang no cenário geopolítico, mesmo com sanções severas ainda em vigor.

A possível reunião entre Trump e Kim, se ocorrer, pode provocar mudanças significativas no equilíbrio diplomático da região, envolvendo diretamente potências como China, Rússia, Coreia do Sul e Japão. Por ora, contudo, a ausência de resposta de Pyongyang mantém a tensão e o suspense em torno do encontro.

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