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Curiosidades

Vacinação infantil está em queda no Brasil desde 2015, mostra relatório inédito

Na última década, os pais e mães do Brasil levaram menos os filhos para tomar vacina, especialmente quando a imunização requer segunda dose ou reforço. É isso que mostra o novo Anuário VacinaBR, organizado pelo Instituto Questão de Ciência (IQC) com dados sobre vacinação de 2000 a 2023.

Mesmo com sinais de recuperação depois da pandemia, os dados de imunização infantil do país ainda estão, em sua maioria, piores do que dez anos atrás. Em 2023, o último ano analisado no relatório, 80% da população brasileira vivia em municípios que não haviam alcançado as metas de vacinação de crianças do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

O PNI foi formulado em 1973 para organizar as ações de vacinação no país, que até então eram episódicas e não alcançavam a cobertura necessária para erradicar doenças. Desde então, o país teve sucesso em campanhas de vacinação infantil, eliminando a poliomelite e controlando doenças como a caxumba e a coqueluche. Conscientizar a população sobre a importância das vacinas levou décadas, mas deu certo. Agora, essas conquistas parecem estar ameaçadas.

O anuário que mostra as quedas na cobertura vacinal infantil brasileira desde 2015 foi desenvolvido com apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim). Dá para acessar o documento completo, com todos os dados organizados, aqui.

Bolsões de baixa cobertura

As bases oficiais de vacinação são enormes e complexas, de difícil navegação para leigos. Por isso, o IQC criou a plataforma VacinaBR, lançada em dezembro de 2023 com informações organizadas a partir dos dados brutos de bancos públicos de vacinação e dados populacionais do IBGE. O anuário organiza os dados mais importantes em um só documento, para ajudar a conscientizar a população e os tomadores de decisões sobre as necessidades do Brasil.

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Com os dados, dá para perceber que as taxas de cobertura vacinal cresciam de 2000 até 2015. A partir daí, várias delas começaram a cair. Em muitos casos, a pandemia de Covid-19 só piorou a situação, num misto de dificuldade de acessar os postos de saúde e desinformação sobre as vacinas.

Os índices começaram a se recuperar a partir de 2022, mas em 2023 nenhuma das vacinas infantis havia alcançado a meta de cobertura em todos os estados do Brasil. Um dos fatores responsáveis por isso é o abandono vacinal entre uma dose e outra.

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Algumas imunizações, como a tríplice viral (que garante proteção contra sarampo, rubéola e caxumba), precisam de duas doses para vingar. A queda entre os níveis de primeira e segunda dose é alta: a maioria dos estados em 2023 ficou abaixo de 50% da cobertura vacinal da segunda dose. São Paulo, o estado com a maior taxa, tem uma cobertura de só 70%. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, a cobertura chega a 100% na primeira dose e cai para 37,8% na segunda vacina.

A queda na cobertura não foi só culpa do abandono vacinal. Menos pessoas estão tomando a primeira dose. Em 2014, todos os estados do Brasil cumpriram a meta de 95% para primeira dose da tríplice viral; em 2023 só quatro unidades federativas alcançaram o objetivo.

Outra imunização que sofreu com o abandono vacinal a partir de 2015 foi a vacina pneumocócica 10-valente, que previne formas graves de pneumonia. Em 2023, só Tocantins e Roraima alcançaram a meta de 95% de cobertura para a primeira dose. O estado que teve a pior cobertura do reforço foi o Rio de Janeiro, que não atingiu nenhuma das metas de cobertura vacinal do PNI analisadas pelo anuário.

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Mesmo que um estado apresente uma média de cobertura vacinal satisfatória, novos problemas aparecem quando se presta atenção aos dados dos municípios. Em alguns estados, como Amazonas e Rio Grande do Sul, a cobertura pode variar de 95% em um município para menos de 50% no município vizinho. Isso cria bolsões de baixa cobertura, regiões vulneráveis ao ressurgimento de doenças antes eliminadas e que impedem a imunização coletiva da população. Vacinas só funcionam bem quando todo mundo toma.

Atualmente, o país corre o risco de ver o retorno de uma doença como a pólio, que teve o último caso registrado por aqui em 1989. Desde 2016, o Brasil não alcança a meta de 95% de cobertura vacinal contra a poliomelite. Em 2023, menos de 20% da população vivia em municípios que haviam cumprido essa meta. Entre 2001 e 2010, esse número variava entre 60% e 75%.

Até a BCG, que ajuda na prevenção da tuberculose e deixa uma marquinha no braço, teve uma queda significativa na cobertura a partir de 2019. Ela é aplicada como dose única logo depois do nascimento, o que facilitava os níveis altos de cobertura. No entanto, onze estados ficaram com índices abaixo dos 80%.

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Os piores números de cobertura de imunização se concentram na região Norte, com índices altos de abandono vacinal. É um problema que só vai ser resolvido com novas campanhas amplas de vacinação, que hoje devem vir acompanhadas de campanhas de combate à desinformação. O Brasil já foi craque de vacinação e de futebol. Estamos perdendo nos dois – mas só uma dessas derrotas coloca a vida das crianças em risco. Não dá para abrir mão desse título.

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augustopjulio

Sou Augusto de Paula Júlio, idealizador do Tenis Portal e do Curiosidades Online, tenista nas horas vagas, escritor amador e empreendedor digital. Mais informações em: https://www.augustojulio.com.