Trump usa imagem chocante de IA para ameaçar cidade dos EUA com “guerra”

No último fim de semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamou a atenção ao usar inteligência artificial para publicar uma imagem polêmica em sua rede Truth Social, acompanhada de uma mensagem direcionada à cidade de Chicago.

A montagem, inspirada no filme Apocalypse Now, mostra Trump no papel do personagem interpretado por Robert Duvall, o tenente-coronel Bill Kilgore, em meio a um cenário de destruição. Ao fundo, helicópteros sobrevoam o céu alaranjado da cidade, enquanto ele aparece sentado em uma praia em chamas, com a frase “Chipocalypse Now” escrita sobre a cena.

A publicação veio acompanhada de um recado provocativo: “Chicago vai descobrir por que se chama Departamento de GUERRA”, em referência à sua proposta de rebatizar o Departamento de Defesa. Na mesma postagem, Trump fez uma adaptação da famosa fala de Duvall no filme, escrevendo: “Eu amo o cheiro de deportações pela manhã”, em alusão à sua política rigorosa contra imigrantes.

Trump legendou a imagem com uma “ameaça” a Chicago (Truth/Donald J. Trump)

O governador de Illinois, JB Pritzker, reagiu imediatamente no X (antigo Twitter): “O Presidente dos Estados Unidos está ameaçando entrar em guerra com uma cidade americana. Isso não é uma piada. Isso não é normal. Donald Trump não é um homem forte, é um homem assustado. Illinois não será intimidado por um aspirante a ditador.”

O prefeito de Chicago, Brandon Johnson, também se pronunciou, afirmando que as declarações do presidente “são indignas da honra de nossa nação” e acrescentou: “A realidade é que ele quer ocupar nossa cidade e violar nossa Constituição. Precisamos defender nossa democracia e proteger Chicago de Donald Trump.”

Diante da repercussão, Trump tentou minimizar o tom de ameaça no dia seguinte, dizendo a jornalistas: “Não vamos entrar em guerra. Vamos limpar nossas cidades. Vamos deixá-las em ordem para que não matem cinco pessoas a cada fim de semana. Isso não é guerra, é bom senso.”

Apesar da tentativa de esclarecimento, o presidente já havia sinalizado em agosto um plano para expandir a presença federal em grandes cidades administradas por opositores políticos, citando Nova York e Baltimore como próximos alvos. Ele chegou a afirmar que moradores de Chicago, em especial mulheres negras, teriam pedido sua intervenção: “Elas dizem: ‘Por favor, presidente Trump, venha para Chicago.’”

Enquanto isso, Pritzker reforçou em entrevista coletiva que não há qualquer emergência que justifique a presença da Guarda Nacional, acusando Trump de insultar os cidadãos ao classificar a cidade como “um inferno”. O presidente, porém, insistiu, afirmando que em apenas um fim de semana seis pessoas foram assassinadas e doze baleadas, somando dezenas de mortes nas últimas semanas.

Segundo Trump, a meta é atingir apenas criminosos: “Quero ajudar o povo de Chicago, não prejudicá-lo. Somente os criminosos serão atingidos.”

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