Sopro do diabo | Como remédio usado contra enjoos virou peça central de crimes
A escopolamina, medicamento usado na medicina para prevenir náuseas e enjoos, tem uma segunda identidade no mundo do crime. Isso porque a substância, conhecida também como “sopro do diabo”, vem sendo utilizada para dopar vítimas e cometer crimes graves ao redor do mundo.
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Locais como Colômbia, França e Reino Unido já registraram casos em que a substância foi usada para envenenar os alvos.
Também conhecida como hioscina, a escopolamina é um alcaloide tropânico — composto derivado de plantas da família das solanáceas. Comunidades originárias da América do Sul a utilizavam em rituais devido aos seus efeitos psicoativos.
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“Na medicina moderna, a escopolamina é prescrita para prevenir enjoos, náuseas, vômitos e espasmos musculares. Ela também é usada para reduzir a produção de saliva antes de cirurgias”, destaca Dipa Kamdar, professora sênior de Prática Farmacêutica na Kingston University.
No Brasil, a escopolamina é comercializada como butilbrometo de escopolamina, sendo a Buscopan — do laboratório Boehringer Ingelheim — a marca mais conhecida.
Segundo Kamdar, o medicamento anticolinérgico atua no organismo bloqueando o neurotransmissor acetilcolina, fundamental para a memória, a aprendizagem e a coordenação.
Quando esse neurotransmissor é interceptado, há uma redução na náusea, pois os sinais enviados pelo sistema vestibular ao cérebro são interrompidos. O sistema vestibular é o responsável pelo equilíbrio e pela percepção da posição do corpo no espaço.

Escopolamina como arma para crimes
O uso da escopolamina por criminosos ocorre principalmente porque, em altas doses ou fora de ambientes clínicos, a substância pode provocar efeitos colaterais como perda temporária de memória. Além disso, pode aumentar o estresse oxidativo no cérebro — um desequilíbrio químico que danifica as células cerebrais —, agravando seus impactos cognitivos.
“O poder da droga de apagar a memória, às vezes descrito como ‘zombificação‘, tornou-a um foco de interesse forense e criminal. As vítimas frequentemente relatam confusão, alucinações e perda total de controle”, ressalta a especialista da Kingston University.
A substância tem sido usada por criminosos principalmente em sua forma em pó. Por ser inodora e não ter sabor, ela pode ser facilmente adicionada a bebidas ou soprada no rosto de alguém. Como consequência, vítimas relataram sintomas como sensação de sonho, submissão e incapacidade de resistir ou lembrar-se dos acontecimentos.

Outros sinais de envenenamento pelo “sopro do diabo” incluem batimentos cardíacos acelerados, palpitações, boca seca, pele avermelhada, visão turva e sonolência. Diante desses sintomas, a orientação é procurar atendimento médico imediatamente.
“Uma vez ingerida, a droga age rapidamente e é eliminada do corpo em cerca de 12 horas, o que dificulta sua detecção em exames toxicológicos de rotina. Para algumas pessoas, mesmo uma dose inferior a 10 mg pode ser fatal”, explica Dipa Kamdar.
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