Socorrista do 11 de Setembro compartilha as “melhores e piores” coisas que viu após passar 1.000 horas no local

No dia 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos viveram um dos episódios mais marcantes da sua história recente. Quatro aviões comerciais foram sequestrados por 19 integrantes da organização terrorista Al-Qaeda. Dois deles atingiram as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque, um colidiu contra o Pentágono, em Washington, e o quarto acabou caindo em um campo na Pensilvânia, após passageiros enfrentarem os sequestradores.

Entre os que estiveram na linha de frente daquele dia estavam os chamados first responders, os primeiros socorristas que correram em direção ao desastre para salvar vidas. Um desses profissionais, quase 24 anos depois, decidiu compartilhar algumas de suas memórias em um fórum na internet, respondendo perguntas de curiosos sobre a experiência no chamado Ground Zero.

Um grupo de socorristas segue em direção às Torres Gêmeas durante os ataques de 11 de Setembro

Questionado sobre os momentos mais marcantes, ele destacou dois extremos. “O melhor foi ver a cidade, o país e até o mundo se unirem. Não havia divisão como hoje”, contou. Mas também relatou algo que o deixou profundamente desconfortável: “O pior foi ver pessoas tirando fotos sorrindo com o Ground Zero ao fundo. Mais de 3.000 pessoas morreram de forma pública e terrível, e ainda assim alguns queriam fazer registros como se fosse um ponto turístico. Simplesmente odiei ver aquilo.”

Outro internauta quis saber o que realmente significava o termo “restos humanos” durante o processo de resgate. A resposta foi direta: “Na maioria das vezes significa partes do corpo, que são usadas para identificação e entrega às famílias. Assim, elas podem ter um luto adequado.”

Ele também explicou que, quando partes do corpo não eram encontradas, objetos pessoais se tornavam a chave para o reconhecimento. “Vi muitas carteirinhas de identificação do World Trade Center com nomes e fotos enquanto trabalhava no aterro. No começo, eu mesmo me perguntava por que estávamos ali. Então, um dia, no refeitório, várias famílias de vítimas foram até nós agradecer. Foi nesse momento que entendi a importância do que fazíamos.”

Além dos relatos dos socorristas, algumas cenas transmitidas pela televisão ficaram gravadas na memória coletiva. Um dos registros mais impactantes foi a entrevista feita pela emissora ABC 7 com um sobrevivente que havia acabado de sair de uma das torres. Ele apareceu coberto de poeira, dizendo ter estado no 72º andar. Enquanto falava diante das câmeras, olhou para o lado e viu o prédio em que trabalhava desmoronando diante de todos.

O World Trade Center, em Nova York, foi atingido por dois aviões nos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001

Essa cena, revisitada anos depois em discussões online, continua a despertar fortes emoções. “É incrível ver o lugar onde você passou milhares de horas simplesmente se transformar em pó”, comentou um usuário. Outro acrescentou: “Imagino que ele tenha pensado em todas as pessoas que encontrou descendo, nos colegas que ficaram para trás, nos socorristas que subiam enquanto ele conseguia sair. Terrível.”

O tempo passou, mas os relatos de quem viveu de perto aqueles acontecimentos ainda ajudam a compreender a dimensão humana da tragédia. Para quem atuou diretamente no resgate, as lembranças misturam dor, solidariedade e momentos de choque, revelando detalhes que dificilmente são mostrados nas imagens oficiais. O que permanece é o testemunho de uma experiência que marcou não apenas uma cidade, mas o mundo inteiro.

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