Quase 400 corpos encontrados empilhados em local misterioso na fronteira entre os EUA e o México

Imagina a cena: um galpão em Ciudad Juárez, cidade mexicana na fronteira com os Estados Unidos, revela um cenário dantesco. Autoridades, em ação de rotina, se deparam com algo que foge a qualquer compreensão: centenas de corpos humanos simplesmente abandonados.

Não são dezenas, mas quase quatrocentos. Um total de 383 corpos completos e seis restos parciais foram encontrados empilhados, sem qualquer respeito ou cuidado, dentro de um complexo que abrigava um crematório privado.

A descoberta aconteceu em um local que prometia um serviço solene: a cremação dos entes queridos. Mas a realidade era brutalmente diferente. Segundo as investigações, o crematório, identificado como ‘Plenitud’, estava completamente negligenciado.

ScreenshotAs autoridades ainda estão investigando a descoberta horrível no México

Os corpos, em vez de serem cremados conforme acordado com famílias enlutadas, foram encontrados “depositados irregularmente”, nas palavras de Eloy Garcia, coordenador de comunicação do Ministério Público de Chihuahua. Ele foi mais direto ao descrever: estavam “jogados assim, indiscriminadamente, um em cima do outro, no chão”.

Os peritos forenses que trabalham no local difícil já conseguiram analisar parte dos corpos. Dos recuperados até o momento, 218 são homens, 149 mulheres e o gênero de 16 ainda não foi determinado.

Um detalhe perturbador: muitos corpos estavam embalsamados, indicando que passaram por funerárias antes de serem enviados ao crematório. No entanto, nenhum havia passado pelo processo de cremação que as famílias pagaram. Alguns podem ter ficado abandonados naquele galpão por até dois anos antes da descoberta.

Como funcionava esse esquema? As investigações apontam que o crematório Plenitud prestava serviços para seis ou sete funerárias locais. Essas casas funerárias enviavam os corpos para cremação, cobrando as famílias pelo serviço. Mas o Plenitud simplesmente não cumpria sua parte.

ScreenshotDizem que os corpos foram embalsamados, e os entes queridos receberam cinzas falsas

Alguns corpos ainda traziam etiquetas de hospitais com nomes e números de previdência social, facilitando parcialmente a identificação futura. Garcia também revelou que os parentes recebiam “outros materiais”, provavelmente cinzas falsas, levando-os a acreditar que o último adeus havia sido dado conforme o combinado.

Diante da gravidade, as autoridades agiram rápido. Dois homens foram presos: José Luis Arellano Cuarón, identificado como o proprietário do crematório, e um funcionário conhecido apenas pelas iniciais F.M.R.

Eles foram detidos sob mandado de prisão e enfrentam acusações formais por crimes como violação de sepultura, exumação ilegal e desrespeito a cadáveres ou restos mortais, em prejuízo da sociedade. Ambos estão em prisão preventiva, aguardando uma audiência marcada para o dia 4 de julho.

O procurador-geral de Justiça de Chihuahua, César Jáuregui Moreno, enfatizou a importância da prisão preventiva. Ele afirmou que a medida garante que os acusados respondam pelo processo na prisão, permitindo que se apure não apenas o dano econômico causado às inúmeras famílias enganadas, mas também que se estabeleçam formas de reparação pelos danos. Jáuregui Moreno reconheceu que essas famílias estão sendo revitimizadas, tendo que reviver uma dor que já tentavam superar.

O procurador também se reuniu com representantes das famílias afetadas, prometendo apoio integral e assistência nas difíceis decisões que terão pela frente sobre o destino final de seus entes queridos.

Ele foi enfático ao declarar que o Ministério Público buscará as penas máximas possíveis contra os responsáveis e conduzirá uma investigação minuciosa, com o objetivo claro de minimizar ao máximo a revitimização dessas famílias já tão atingidas pela tragédia. O trabalho de identificação dos corpos e de apuração total dos fatos ainda está em andamento.

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