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Curiosidades

Por que é tão fácil roubar o Louvre e para onde vão as peças roubadas?

Na manhã do último domingo (19), apenas meia hora depois da abertura do museu mais visitado do mundo, quatro figuras vestidas com coletes amarelos apareceram no pátio de paralelepípedos do Louvre, misturando-se à agitação matinal de turistas e equipes de manutenção. Poucos minutos depois, dois desses homens escalaram uma escada montada sobre um caminhão em direção à varanda da Galeria Apolo – o salão que abriga as joias da coroa francesa.

Usando uma esmerilhadeira, abriram uma janela e entraram rapidamente na galeria (os vidros do Louvre não são blindados), rompendo duas vitrines que exibiam tesouros napoleônicos. 

Quando o alarme finalmente disparou, os ladrões já haviam sumido.

Imagens de câmeras de segurança de dentro do museu confirmam que, no total, os ladrões levaram 3 minutos e 57 segundos para abrir as cabines, pegar as joias e sair. O grupo desceu a escada pela qual subiram e escaparam em scooters

Oito peças de valor inestimável e de valor patrimonial imensurável que pertenceram à realeza e aos governantes imperiais franceses do século 19 foram roubadas. Os itens incluem diademas, colares, brincos e broches, e são adornados com milhares de diamantes e outras pedras preciosas.

Entre os tesouros furtados estavam uma tiara e um broche da Imperatriz Eugénie, um colar e brincos de esmeralda da Imperatriz Maria Luísa, esposa de Napoleão, e um conjunto de safiras que pertenceram às Rainhas Maria Amélia e Hortense. Uma coroa da Imperatriz Eugénie foi encontrada danificada na rota de fuga.

Investigadores afirmam que os ladrões escolheram as peças não por seu valor histórico, mas por seu valor material. As esmeraldas, o ouro e os diamantes poderiam ser derretidos ou revendidos em partes — um padrão crescente entre criminosos que veem tesouros culturais menos como obras de arte e mais como commodities valiosas.

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“No caso das joias, o valor do patrimônio cultural, que fornece a maior parte do seu valor, não é algo que os ladrões provavelmente levarão em consideração”, o historiador de arte Noah Charney disse à Al Jazeera. “As joias têm um alto valor intrínseco porque, se você desmontar o que foi roubado e vender os componentes, o valor ainda será significativo.”

O forte de obras de arte é… fraco

A instituição nascida da Revolução Francesa é marcada por ironias. Fundado em 1793 para proteger os tesouros da antiga monarquia de saqueadores, o Louvre passou os séculos seguintes tentando se defender de ladrões – tanto de fora quanto de dentro.

O roubo mais famoso da história do Louvre continua sendo o desaparecimento da Mona Lisa em 1911. A pintura foi levada por Vincenzo Peruggia, um operário italiano que simplesmente a escondeu sob o casaco e saiu do museu sem ser notado.

Foram necessários dois anos para recuperá-la. Uma das reviravoltas mais estranhas na investigação envolveu Pablo Picasso, que foi brevemente interrogado sobre o roubo de obras de arte. 

Embora o pintor não tenha roubado a Mona Lisa, foi revelado que ele tinha ligações com um roubo anterior do Louvre: ele havia comprado um par de cabeças de estátuas ibéricas antigas que haviam sido roubadas do museu alguns anos antes, e as entregou à polícia por medo de ser processado durante o caso da obra de Da Vinci.

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O episódio transformou a Mona Lisa – até então um retrato renascentista relativamente obscuro – na obra de arte mais famosa do mundo, e fez do Louvre um símbolo global. 

Os roubos e as tentativas não param por aí. 

Em 1940, as tropas nazistas marcharam em direção ao museu. Por sorte, o então diretor do Louvre, Jacques Jaujard, organizou secretamente a evacuação de mais de 1.800 caixotes de obras-primas para castelos escondidos no interior da França, deixando o museu quase vazio.

Apesar da tecnologia moderna, as brechas de segurança persistiram. Em janeiro de 1976, um quadro flamengo foi roubado. Em dezembro do mesmo ano, homens mascarados roubaram uma espada adornada com joias que pertenceu ao Rei Carlos X, acessando o museu por um andaime no segundo andar. A espada continua desaparecida.

Uma década depois, ocorreram mais furtos: em 1990, ladrões levaram um pequeno quadro de Renoir (cortado de sua moldura em plena luz do dia), juntamente com 12 joias romanas antigas e outras pinturas. Mais tarde, um quadro de Camille Corot foi roubado em 1998 da mesma forma, e também nunca foi recuperado.

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Por que é tão fácil roubar o Louvre?

Nos últimos anos, funcionários alertam sobre “pontos cegos” nas câmeras e sistemas de alarme obsoletos. Na segunda-feira (20), partes de um relatório inacabado sobre o museu vazaram para veículos de comunicação franceses. O relatório constatava que 75% da ala Richelieu do Louvre não estava protegida por videomonitoramento e que um terço das salas da ala Denon não possuía câmeras de vigilância. Foi nessa ala que os ladrões atacaram embora autoridades tenham afirmado que a galeria que eles atacaram possuía câmeras. O relatório também criticou os atrasos na atualização do sistema de segurança do museu.

Acontece que ano vai e ano vem, mas pouca coisa muda na estrutura do museu. O prédio ainda é muito parecido com a planta original, lá da Revolução Francesa – vide as janelas não blindadas. A grande comoção pela Mona Lisa faz com que a maior parte da atenção esteja nela.

Julien Dunoyer trabalha como agente de segurança no Louvre há 21 anos e lidera ações sindicais. Ao New York Times, ele afirmou que “o número de agentes de segurança do Louvre foi reduzido de 994 em 2014 para 856 em 2023.”

O grande problema acontece pela facilidade de se infiltrar no museu. “Uma vez lá dentro, já é tarde demais”, disse Dunoyer. Representantes sindicais disseram que a falta de agentes de segurança pode ter enviado um sinal de vulnerabilidade a potenciais criminosos. “Essas são fragilidades que podem ser identificadas por pessoas que buscam oportunidades para realizar operações como esta”, disse o segurança ao jornal norte-americano.

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Em janeiro deste ano, a diretora do Louvre, Laurence des Cars, alertou o Ministério da Cultura francês sobre problemas graves na instituição, incluindo “falhas crescentes em espaços degradados” e “flutuações de temperatura alarmantes que ameaçam a conservação das obras de arte” – é isso mesmo: o aquecimento global é uma mão na roda para roubar obras de arte, tanto as obras quanto a própria estrutura do museu sofrem com o aumento das temperaturas e correm o risco de deteriorização.

Em resposta, o presidente Emmanuel Macron anunciou um extenso plano de reforma, com um investimento de US$ 834 milhões e duração de quase uma década. O projeto inclui a criação de uma sala dedicada para a Mona Lisa, uma nova grande entrada para aliviar a superlotação e a modernização do sistema de segurança.

A urgência das reformas é sentida pelos funcionários, que em junho fizeram uma greve para protestar contra a superlotação e a escassez crônica de pessoal. Após um roubo recente de joias, autoridades francesas admitiram a falha na segurança – o Ministro da Justiça, Gérald Darmanin, declarou: “O que é certo é que falhamos”.

O ousado roubo em plena luz do dia, ocorrido enquanto centenas de visitantes já circulavam pelas galerias inferiores, deixou parisienses e especialistas em arte atônitos – e reacendeu antigas dúvidas sobre como o museu mais visitado do mundo continua vulnerável a crimes espetaculares, apesar de décadas de reforços na segurança.

Para onde vão as obras roubadas?

Em um esforço para enfrentar o mercado negro global de bens culturais, a Unesco inaugurou o Museu Virtual de Objetos Culturais Roubados, o primeiro espaço digital do mundo dedicado a tornar visíveis os artefatos saqueados. Para visitá-lo, basta clicar aqui.

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O museu, lançado em setembro durante a Conferência Mundial da Unesco sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável em Barcelona, reúne mais de 250 objetos culturais roubados de 46 países, todos recriados em duas e três dimensões. Os visitantes podem explorar o acervo gratuitamente pela internet ou mergulhar na experiência por meio de um headset de realidade virtual.

<span class=”hidden”>–</span>UNESCO/Reprodução

“Os objetos culturais carregam as histórias de suas comunidades”, diz o preâmbulo do museu. “Quando um objeto cultural é roubado, perdemos uma parte de nossa identidade. Conhecer esses objetos desaparecidos é o primeiro passo para sua recuperação.”

As galerias virtuais do museu são organizadas por região, compondo um mosaico digital do saque mundial: 96 itens da Europa e América do Norte, 57 da América Latina e Caribe, 51 da África, 37 da Ásia e do Pacífico e 36 de países árabes.

Diferentemente dos museus tradicionais, a coleção virtual da Unesco foi concebida para diminuir com o tempo. Na Sala de Retorno e Restituição, os visitantes podem conhecer as histórias de artefatos saqueados que já foram repatriados.

UNESCO
<span class=”hidden”>–</span>UNESCO/Reprodução

“Diferente dos museus tradicionais, o Museu Virtual foi projetado para se esvaziar gradualmente, com o objetivo de devolver, e não acumular”, explicou a Unesco em comunicado. Cada remoção da coleção, diz o texto, simboliza “justiça e restauração”.

Resta torcer para que as joias roubadas esta semana do Louvre sejam encontradas antes que entrem para a exposição virtual do Museu. 

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augustopjulio

Sou Augusto de Paula Júlio, idealizador do Tenis Portal, Tech Next Portal e do Curiosidades Online, tenista nas horas vagas, escritor amador e empreendedor digital. Mais informações em: https://www.augustojulio.com.