Por que a bandeira americana tremulou na Lua se não existe vento no satélite?
No dia 20 de julho de 1969, a bandeira dos Estados Unidos (EUA) tremulou na Lua após o pouso dos astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin no satélite natural da Terra. Contudo, uma dúvida passou pela cabeça de muitas pessoas: como a flâmula norte-americana fez esse movimento, se não há vento na superfície lunar?
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O tremular da bandeira durante a missão Apollo 11 — a primeira a levar humanos à Lua — pode ser explicado tanto pelo design especial do objeto levado ao espaço, quanto pela ação direta dos astronautas da NASA.
Desenvolvimento da bandeira
A criação da bandeira que seria levada à Lua começou apenas em abril de 1969, três meses antes da decolagem da Apollo 11. Isso porque, em fevereiro daquele ano, o administrador da NASA, Thomas O. Paine, criou o Comitê de Atividades Simbólicas para o Primeiro Pouso Lunar e nomeou Willis H. Shapley como presidente do grupo.
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Jack A. Kinzler, então chefe da Divisão de Serviços Técnicos do Manned Spacecraft Center, foi o responsável por projetar a bandeira de modo que parecesse balançar no ambiente lunar. O projeto foi finalizado em apenas alguns dias.
A flâmula foi confeccionada em náilon, com dimensões de 91 centímetros por 1,5 metro. Ela foi presa a um mastro de 2,4 metros, e o conjunto completo foi chamado de “Lunar Flag Assembly” — que incluía também uma haste horizontal e uma caixa de aço inoxidável para proteger o conjunto contra temperaturas extremas.

“A intenção era que essa haste horizontal telescópica mantivesse a bandeira aberta, como uma cortina. Durante a implantação, os astronautas tiveram dificuldade em estender completamente essa haste, o que resultou em algumas das dobras e ondulações permanentes no tecido, contribuindo para a ilusão de movimento nas fotografias estáticas”, explica o professor Rodolfo Langhi, coordenador do Observatório Didático de Astronomia da Unesp.
Langhi destaca que a bandeira americana só tremulou na superfície lunar enquanto era manipulada por Armstrong e Aldrin, ou imediatamente após essa ação. Segundo o especialista, o movimento não foi contínuo nem espontâneo.
“A bandeira permaneceu estática após cessarem os movimentos dos astronautas, uma vez que, na Lua, não há uma atmosfera significativa; logo, não existe vento capaz de provocar ondulações constantes”, ressalta o professor.

A física do movimento da flâmula
A interação dos astronautas com o mastro da bandeira — que gerou o movimento — também pode ser explicada pela física, mesmo em um ambiente quase totalmente inserido no vácuo.
“Na ausência de atmosfera, não há resistência do ar para amortecer ou dissipar os movimentos, como acontece na Terra. Então, qualquer impulso aplicado à bandeira ou à haste que a sustentava resultava em oscilações que se propagavam livremente pelo tecido”, pontua Langhi.
Ao fincarem a haste da bandeira no solo e girarem para estabilizar o objeto, os astronautas transferiram energia mecânica à estrutura, o que resultou em vibrações tanto no mastro quanto no tecido. Como não há ar para reduzir rapidamente essas oscilações, a flâmula da missão Apollo se moveu por alguns instantes.
Contudo, esses movimentos cessaram no momento em que a energia do impulso foi dissipada internamente pelo próprio material da bandeira e pela interação com o solo lunar, conforme explica Rodolfo Langhi.
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