Pintar satélites com tinta superpreta pode ajudar a combater poluição luminosa

Será que uma tinta extremamente escura e resistente pode ajudar a reduzir a poluição luminosa causada por satélites e outros objetos na órbita da Terra? Para Noelia Noël, astrofísica da Universidade de Surrey, a resposta é sim. Se a técnica for eficiente, ela pode se transformar em uma aliada de baixo custo no combate à poluição luminosa. 

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Por exemplo, considere os satélites Starlink, da SpaceX. Os primeiros deles foram lançados à órbita baixa da Terra em 2019, e hoje a megaconstelação da empresa de Elon Musk é conhecida por seus satélites que orbitam em trajetórias tão baixas que a luz solar refletida por eles ofusca várias estrelas visíveis para nós. 

Para os astrônomos, os satélites Starlink e outros devem prejudicar 40% das observações do poderoso observatório Vera C. Rubin, projeto do qual Noël faz parte. Pensando nisso, ela fez uma parceria com a Surrey NanoSystems, instituição ligada à universidade e que vem desenvolvendo revestimentos ultraescuros para os instrumentos científicos dos satélites.

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A colaboração rendeu a criação de uma espécie de tinta espacial tão escura que reflete menos luz que as alternativas disponíveis, e que pode ser facilmente aplicada nos satélites durante a montagem deles. Chamado Vantablack 310, o novo revestimento é feito de uma mistura patenteada de um tipo de carbono parecido com fuligem que, ao ser misturado com outros compostos, torna a mistura resistente às condições do espaço. 

Para os próximos passos, a Surrey NanoSystems e a universidade vão usar o revestimento no satélite Jovian 1, desenvolvido por estudantes. Depois, eles vão rotacionar o satélite em solo enquanto coletam dados para observar as mudanças do seu brilho. “Não quero ser otimista demais, mas espero que, com essa nova solução, possamos inspirar algumas mudanças de políticas”, afirmou ela.  

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