Pesca muda o DNA do bacalhau e faz espécie encolher pela metade em 30 anos
Um novo estudo publicado na revista Science Advances no último dia 25 revelou que o bacalhau-do-Atlântico (Gadus morhua) passou por uma drástica mudança evolutiva nas últimas décadas: seu tamanho médio caiu pela metade desde os anos 1990, passando de 40 cm para apenas 20 cm. A causa foi a pesca excessiva e seletiva, que não só reduziu a população como alterou a própria genética da espécie.
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Para chegar a essa descoberta, os pesquisadores do Centro de Pesquisa Oceânica Geomar Helmholtz, na Alemanha, analisaram dados de 152 exemplares de bacalhau coletados entre 1996 e 2019.
A equipe usou otólitos (estruturas calcificadas no ouvido dos peixes) para reconstruir o histórico de crescimento dos animais. Ao cruzar essas informações com análises genômicas completas, encontraram evidências claras de seleção genética provocada pela atividade de pesca.
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De acordo com os autores, quando os maiores indivíduos são capturados repetidamente ao longo dos anos, os peixes menores e que atingem a maturidade mais rápido passam a ter uma vantagem reprodutiva. Esse processo, impulsionado por malhas seletivas nas redes de pesca, favorece peixes de menor porte, que conseguem escapar da captura e se reproduzir.
Mudança evolutiva do bacalhau

A análise genômica mostrou que variantes associadas ao crescimento e tamanho corporal tornaram-se menos comuns ao longo do tempo, o que indica uma pressão evolutiva direta. O peso médio dos bacalhaus também caiu drasticamente: de 1.356 gramas em 1996 para apenas 272 gramas em 2019.
Mesmo após a proibição da pesca do bacalhau-do-Atlântico em 2019, a recuperação da espécie tem sido lenta, o que destaca ainda mais a hipótese de mudanças genéticas duradouras. Ainda que fatores ambientais, como falta de oxigênio e aquecimento das águas, também tenham influência, a pesquisa deixa claro que a ação humana acelerou processos evolutivos de forma inédita.
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