Pegadas fósseis em Portugal revelam estratégia de caça inusitada dos neandertais
Há cerca de 80 mil anos, um grupo de neandertais saiu para caçar em uma praia onde hoje é a região do Algarve, no extremo sul de Portugal. Agora, as pegadas fossilizadas dessa aventura foram analisadas por cientistas – e elas revelam uma caçada em família em uma região propícia para emboscar presas desavisadas.
Num novo estudo publicado no periódico Scientific Reports, cientistas descrevem dois novos achados: uma única pegada fossilizada encontrada na Praia do Telheiro, que data de cerca de 82 mil anos atrás, e um rastro de várias pegadas na praia de Monte Clérigo, de 78 mil anos atrás. Nesta época, o único hominídeo que habitava a Península Ibérica era o neandertal – os sapiens só chegariam cerca de 40 mil anos depois.
O rastro encontrado em Monte Clérigo é interessante: preserva as pegadas de três indivíduos diferentes. Com base nas suas características, os pesquisadores concluíram que o primeiro neandertal era um adulto, provavelmente homem, com cerca de 1,70 metro. O segundo indivíduo era uma criança, entre sete e nove anos de idade; o terceiro era ainda mais novo, com menos de dois anos. A presença de idades variadas indica uma possível família, provavelmente próxima de algum acampamento neandertal.
Mas não só: no mesmo local estavam pegadas fossilizadas de artiodáctilos, o grupo de mamíferos que inclui veados e cabras. Por isso, os pesquisadores concluíram que os rastros revelavam uma provável caçada em família.
O ambiente litorâneo seria propício para a caçada: os neandertais poderiam usar as dunas de areia para se aproximarem das presas sem que elas os vissem, garantindo uma emboscada de surpresa, sugerem os pesquisadores.
“Este estudo fornece a primeira evidência direta da atividade neandertal na costa atlântica portuguesa, revelando o uso do ambiente de dunas para locomoção e, possivelmente, para a caça”, escrevem os cientistas no artigo.
A pesquisa foi liderada por cientistas da Universidade de Lisboa e da Universidade de Coimbra, com participação de outros pesquisadores internacionais.
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