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Curiosidades

O que foi o Super FX? Tecnologia fazia o Super Nintendo rodar jogos em 3D

Nos anos 1990, o Super Nintendo – ao lado do Mega Drive – reinava com suas clássicas franquias e incríveis experiências 2D. Porém, muito se engana quem achou que a geração 16-bit se limitou ao que existia em seu hardware, criando novas fórmulas para inovar e sair na frente na indústria gaming.

Antes de vermos o PlayStation brilhar com seus jogos tridimensionais, a Big N apresentou um novo componente que prometia revolucionar a experiência dos jogadores e trazer gráficos 3D. Não que isso não existisse, mas pelas limitações técnicas era um processo complexo demais para grande parte dos estúdios. E a volta por cima tinha um nome: Super FX.

Essa tecnologia chegou ao Super Nintendo como uma solução inovadora, com a promessa de explorar ainda mais o hardware com um novo componente que vinha instalado nos cartuchos. Para relembrar e desvendar todo o mistério por trás do Super FX, o Canaltech hoje vai te mostrar tudo o que precisa saber sobre como ele impactou o mercado e do que realmente se trata o seu conceito. 


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O mistério por trás do chip Super FX

Em termos simples, o Super FX era um chip que estava presente em alguns cartuchos do Super Nintendo e funcionava como um processador complementar na Graphic Support Unit (GSU). Seu objetivo era renderizar, na fita, os gráficos poligonais — aliviando o trabalho da CPU do videogame da Nintendo.

Imagem do Super Nintendo
O Super FX era um chip integrado ao cartucho de alguns jogos de Super Nintendo (Imagem: Reprodução/Giant Bomb)

A grande questão era que o SNES, sozinho, não conseguia rodar jogos em 3D. Ia muito além da sua capacidade técnica, diga-se de passagem. Então chip do SuperFX tinha de ser integrado aos cartuchos para trazer esta capacidade à tona — o que dependia de cada projeto e estúdio.

Tanto que o chip sequer era produzido pela Nintendo — apesar de ter a aprovação dela. Seu desenvolvimento e integração aos cartuchos ocorria pela Argonaut Games, que ajudou a desenvolver Star Fox e Croc: Legend of the Gobbos. Não à toa, a tecnologia inovadora estreou justamente nas aventuras de Fox McCloud.

Como o Super FX funcionava?

Em termos técnicos, o chip Super FX era um coprocessador em formato RISC e sua programação atuava como um acelerador gráfico dentro dos cartuchos. Como dito anteriormente, isso permitia a ele desenhar polígonos para a memória — o que gerava o gráfico 3D.

Ainda assim, isso nem chegava perto da capacidade tridimensional que nós conhecemos. Se hoje vemos os consoles modernos renderizando milhões de polígonos, o chip era muito mais humilde e sua capacidade não passava de algumas centenas. 

Um bom exemplo disso é o próprio Star Fox, carro-chefe do Super FX: vemos ele com obstáculos e naves espaciais, enquanto os lasers, asteróides e obstáculos eram gráficos rasterizados (quando um conjunto de pixels coloridos formam uma imagem, de forma similar às pinturas no Paint). 

Imagem de Star Fox
Star Fox trazia apenas alguns elementos 3D (Imagem: Reprodução/Nintendo)

Em outros casos, como em Super Mario World 2: Yoshi’s Island, lançado em 1995, o coprocessador era usado para ampliar os recursos gráficos, redimensionar imagens e trazer efeito de ilusão de profundidade. Não confundir com o Mode7, que era um recurso presente no próprio Super Nintendo e tinha uma função distinta. 

O estúdio que desejasse usar o Super FX tinha de trabalhar em conjunto com a Argonaut Games para otimizar a experiência e programar adequadamente o chip — já que ele rodava em uma frequência diferente, com um clock externo de 21 MHz e um clock interno de 10,5 MHz. 

Jogos com Super FX que marcaram uma geração

É impossível falar do chip Super FX sem aquele que carregou a inovação em seus braços, que foi Star Fox. Lançado em 1993, o jogo clássico mostrou, muito antes do PlayStation e do Nintendo 64, que dava para ter uma experiência 3D completa, mesmo em um console 16-bit.

Mesmo que o Super Nintendo não consiga rodar jogos 3D, o chip e o jogo mostraram que bastava um empurrãozinho para atingir o ápice da experiência que eles almejavam. Ver as naves, efeitos e diversos outros aspectos de forma tridimensional não apenas parecia o futuro, era. 

Imagem de Stunt Race FX
Stunt Race FX também fez barulho aqui no Brasil (Imagem: Reprodução/Playtronic)

Outro jogo que merece destaque é Stunt Race FX, que tinha pistas construídas completamente em 3D, com irregularidades no asfalto, rodovias e outros detalhes que chamavam a atenção pelo seu poder gráfico. Já Super Mario World 2: Yoshi’s Island fazia a rotação de sprites e criava efeitos para o 2.5D que eram vistos na experiência.

E tem vários outros que fizeram uso da tecnologia, como é o caso de Doom, que, além de trazer ambientes 3D, usava a rotação e escala para girar o mapa inteiro em torno da posição do jogador; e de Dirt Trax FX, que tinha o desempenho impulsionado pelos gráficos tridimensionais. 

Desafios do Super FX

Um dos problemas que o chip Super FX carregava era apresentar uma taxa de quadros consideravelmente baixa. O poder gráfico e de processamento do Super Nintendo não são altos, com o coprocessador funcionando apenas de forma complementar — o que alivia, mas não faz milagres.

E como não era um procedimento da própria Nintendo, sua programação não era tão simples assim e dependia muito da Argonaut Games. Ou seja, uma parte da equipe de desenvolvimento tinha de trabalhar diretamente com a fabricante para adequar a experiência às exigências — o que tornava o processo mais lento e sem garantias de que funcionaria da forma como imaginavam.

Além disso, o Super FX não era um chip barato. Embutido nos cartuchos, ele aumentava consideravelmente o preço dos jogos para os consumidores. Ou seja, a viabilidade do projeto poderia colocar o seu sucesso em cheque: e se o investimento fosse alto demais, mas o retorno não atendesse às expectativas? Era um risco e tanto.

Apesar de Star Fox ser um excelente case de sucesso, ele foi lançado apenas um ano antes do PlayStation. Por isso, o SuperFX teve pouco tempo de mercado, já que a atenção dos desenvolvedores e jogadores se voltou quase que completamente para o console da Sony quando ele chegou ao mercado em 1994.

Imagem do PlayStation
O PlayStation encerrou a era do Super FX (Imagem: Divulgação/Sony)

Super FX foi um degrau importante

A utilização do chip Super FX foi um dos responsáveis por manter a Nintendo na vanguarda tecnológica por um tempo, reiterando o seu papel como uma companhia que traz inovações ao mercado. Mesmo não durando muito tempo, ela teve um papel muito importante nisso — principalmente no meio da guerra dos consoles na década de 1990. 

A tecnologia foi a pioneira em trazer os gráficos 3D para os videogames de forma efetiva, antes mesmo disto vir na forma nativa como visto em consoles como o PS1 e o Nintendo 64. Pode não ser revolucionário, mas preparou o terreno para tudo o que veríamos pelo resto da década de 1990.

Pode não ter sido a opção perfeita que a indústria gaming precisava, mas ao lado do Mode7 apresentou um universo visual único para os fãs — dando uma imersão maior nos jogos e ampliando as formas como os estúdios podiam apresentar as suas experiências, que é o mais importante. E em uma época em que qualquer erro tirava as companhias da corrida do mercado, essa foi uma grande conquista para mantê-los na intensa disputa.

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augustopjulio

Sou Augusto de Paula Júlio, idealizador do Tenis Portal e do Curiosidades Online, tenista nas horas vagas, escritor amador e empreendedor digital. Mais informações em: https://www.augustojulio.com.