Aqui você encontra as informações mais interessantes e surpreendentes do mundo

Aqui você encontra as informações mais interessantes e surpreendentes do mundo

Curiosidades

O que aconteceu com a Creative, fabricante das placas Sound Blaster?

A qualidade sonora que temos hoje não era, nem de longe, a realidade nos computadores de cerca de 40 anos atrás. Quem era PC gamer na época, só tinha à disposição sons muito simples, que eram basicamente bipes, assim como foi com os primeiros celulares lançados entre os anos 1990 e 2000. Tudo mudou com a chegada das placas de som Creative Sound Blaster em 1989, e essa indústria nunca mais foi a mesma.

Não é exagero dizer que a Creative, uma empresa de Singapura, revolucionou a parte sonora dos computadores ao lançar as suas placas de som. Foi com elas que percebeu-se que o que existia até então era extremamente primitivo e monótono, já que os sons emitidos por um PC vinham de um alto-falante bem pequeno e limitado dentro do gabinete, usado principalmente como alerta de erros.

Daí em diante, jogar começou a ser uma experiência totalmente diferente. Escutar os barulhos dos tiros e grunhidos dos inimigos em games que marcaram a época, como Wolfenstein 3D e Doom, ou ainda a trilha sonora de The Secret of Monkey Island, era algo de outro mundo.


Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

Apesar de toda essa importância e relevância para a indústria de PCs, hoje em dia ninguém escuta mais falar na Creative e as placas de som Sound Blaster são apenas uma lembrança. Mas, afinal de contas, o que aconteceu com a empresa?

Origem da lenda

A Creative foi fundada em 1981. Naquela época, logo antes do lançamento das placas Sound Blaster, o mercado conhecia as soluções da empresa canadense Ad Lib e suas placas AdLib Music Synthesizer Card, mais conhecidas pelo nome da companhia. Elas equipavam alguns PCs da IBM nos anos 1980, mas eram muito simples.

Lançada em 1989, Sound Blaster 1.0 foi a primeira placa de som da famosa linha da Creative, catapultando a empresa ao estrelato (Imagem: Reprodução/Wdwd)

A empresa de Singapura então surgiu trazendo uma grande inovação. A primeira placa Sound Blaster integrava um sintetizador FM de 11 vozes, a capacidade de digitalizar voz e reproduzir áudio digital, além de uma porta MIDI para conectar instrumentos musicais e uma porta para joystick.

Com seu primeiro produto, significativamente melhor que o da AdLib, a Creative iniciou ali uma nova era e estabeleceu um novo padrão que se estenderia e duraria por muitos anos na indústria. Uma Sound Blaster era a melhor escolha não só para os usuários comuns, mas também para profissionais e entusiastas.

A era de ouro: dominando a sinfonia digital

Durante a década de 1990, a Creative se consagrava a cada ano à medida que lançava novos produtos. Alguns deles se destacaram e estabalecerem padrões, como a Sound Blaster 16, que trouxe áudio 16-bits (qualidade de CD), e a Sound Blaster AW32 e sua síntese de áudio MIDI avançada.

O sucesso dessas placas foi tamanho que elas apareciam em muitos requisitos de jogos de PC como recomendado, apesar de ser um componente opcional. Diferente de outras peças, uma placa de som não era algo essencial para o funcionamento de um computador, mas era algo importante para quem quisesse ter qualidade de som.

Como naquela época, o mercado de montagem de PCs customizados (DIY) não era algo forte, muitas pessoas compravam PCs prontos, como da IBM e Compaq, e era necessário saber se essas máquinas eram compatíveis com as placas de som Sound Blaster. Mas, vale lembrar, que essas peças não eram tão acessíveis assim, custando mais de US$ 100 nos anos 1990.

Sound Blaster 16 foi uma das placas de som mais bem-sucedidas da história dos PCs (Imagem: Reprodução/DOS Days)

Som onboard e a ameaça ao reinado

Se você não tem uma placa de som em seu PC hoje em dia, é porque existe áudio integrado em sua placa-mãe. Essa tecnologia, que é bastante comum há muitos anos, começou a aparecer no fim da década de 1990, durante o auge das placas Sound Blaster da Creative. Essa mudança na indústria seria o primeiro grande desafio da empresa de Singapura e o começo do declínio desse tipo de componente.

Em 1997, a Intel, em parceria com outras empresas, lançou o padrão de codec de áudio AC’97, que seria amplamente adotado na indústria, mais especificamente por fabricantes de placa-mãe. No início, a qualidade entregue pelo áudio integrado não era do mesmo nível de uma placa de som dedicada, mas era boa o suficiente para usuários menos exigentes.

A partir de então, as Sound Blaster, entre outras placas de empresas concorrentes que apareceram no período, deixaram de ser um item desejado e passaram a atrair a atenção somente dos entusiastas, se encaixando como um produto de nicho.

Guerra dos MP3 players e a batalha contra o iPod

Em meio a tudo isso, com a tecnologia evoluindo em um ritmo bem acelerado, a Creative precisou se reinventar para ocupar algum espaço em meio à evolução do áudio digital e a chegada dos MP3 Players.

Brigando diretamente contra os primeiros iPods da Apple, objeto de desejo em todo o mundo, a dona das placas Sound Blaster trouxe ao mercado sua solução. A linha Nomad Jukebox se destaca por simplificar a experiência do usuário comparado com os iPods, ajudando também a aposentar de vez os Walkman e Diskman.

A Creative chegou a processar a Apple por violação de patente relacionada à interface de usuário que a empresa estadunidense usava em seu iPod. A Apple, por outro lado, processava a companhia asiática alegando quebra de suas patentes. No fim das contas, um acordo foi feito e a Maçã teve que pagar US$ 100 milhões à Creative.

5. Som do futuro e o eco do passado

Diferente de algumas empresas de tecnologias importantes dos anos 1980 e 1990, a Creative não faliu. Ela continua na ativa, atuando em diferentes segmentos de produtos, mas todos relacionados à áudio, já que essa é sua especialidade, embora todos sejam nichados de certa forma.

A empresa tem soundbars, com modelos custando mais de R$ 1.000 no Brasil. Além disso, a Creative dispõe também de fones de ouvido gamer com a linha Super X-Fi e a tecnologia de som holográfico, entregando maior imersão de áudio. As placas de som não morreram e a marca oferece hoje a Sound Blaster X AE-5, modelo high-end voltado para entusiastas que querem maior qualidade sonora. Existe até placa de som portátil também.

Ou seja, embora ainda siga a todo vapor e tenha uma série de produtos no mercado, a Creative perdeu bastante relevância e se tornou uma marca de nicho, mas não sem deixar um legado vasto com um impacto que ficou na história dos computadores. É possível afirmar que a marca é a responsável por dar voz aos PCs, em uma época em que simples bipes eram a linguagem dessas máquinas.

Veja mais do CTUP:

Leia a matéria no Canaltech.

O que achou dessa notícia? Deixe um comentário abaixo e/ou compartilhe em suas redes sociais. Assim conseguiremos informar mais pessoas sobre as curiosidades do mundo!

Esta notícia foi originalmente publicada em:
Fonte original

augustopjulio

Sou Augusto de Paula Júlio, idealizador do Tenis Portal e do Curiosidades Online, tenista nas horas vagas, escritor amador e empreendedor digital. Mais informações em: https://www.augustojulio.com.