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Curiosidades

Não há evidências de que a creatina melhore funções cognitivas – e suplemento não é indicado para todos

Nas prateleiras das farmácias e nas academias, ela reina soberana como promessa de músculos mais fortes e mente mais afiada. No entanto, muitos dos supostos benefícios da creatina não possuem comprovação científica.

Segundo influenciadores, a creatina melhora o foco, turbina a memória, ajuda a emagrecer, controla a glicemia e, de quebra, previne doenças neurológicas como o Alzheimer. Mas não é bem assim. 

Produzida naturalmente pelo corpo – principalmente nos rins, fígado e pâncreas – a creatina é formada a partir dos aminoácidos arginina, glicina e metionina. Também é encontrada em carnes e, claro, em suplementos. 

A história da substância como potencial ergogênico (capaz de melhorar o desempenho físico) é antiga: data do século passado, mas passou muito tempo em um campo cinza, sem um carimbo final que comprovasse cientificamente seus benefícios. Foi só na década de 1990 que os estudos em humanos começaram a trazer resultados mais consistentes. E, de fato, descobriu-se que o consumo oral da creatina pode aumentar sua concentração nos músculos e potencializar o desempenho em exercícios de curta duração e alta intensidade — mas com limites. 

A resposta ao suplemento varia de pessoa para pessoa. Quem já tem níveis naturalmente altos de creatina no corpo, seja por genética ou dieta, tende a ganhar pouco ou nada ao suplementar. Além disso, há contraindicações importantes. Pessoas com histórico familiar de doenças renais ou com problemas nos rins devem evitar o uso sem orientação médica. E em indivíduos com diabetes — especialmente nos casos menos controlados — a suplementação precisa ser cuidadosamente avaliada.

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Se no campo da performance muscular a creatina tem eficácia comprovada, no campo das promessas cognitivas a história muda. Há poucas pesquisas com boa metodologia feitas sobre o tema, e o conjunto delas não permite afirmar estes supostos benefícios cognitivos.

O nutricionista e fisiologista Hamilton Roschel, da Universidade de São Paulo (USP), é direto: “Quando se analisa o conjunto de estudos disponíveis, não há sustentação para recomendar a creatina com esse possível efeito cognitivo. Na verdade, os artigos mostram o contrário: não há efeito positivo da suplementação na função cerebral”, disse para a Veja Saúde

A lista de promessas infundadas continua: controle glicêmico, melhora da memória,  emagrecimento, auxílio ao crescimento infantil e até uso em casos de transtorno do espectro autista. “Não existe estudo que comprove esses efeitos”, sentencia o endocrinologista Clayton Macedo, presidente do Departamento de Esporte e Exercício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), também para a Veja Saúde. É uma área cinza, em que faltam estudos robustos para comprovar alguma dessas alegações.

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E no caso das crianças o alerta é ainda mais enfático: sociedades sérias de pediatria no mundo inteiro não indicam creatina para crianças saudáveis. A ideia de dar creatina a crianças ou adolescentes com autismo também viralizou, mas carece totalmente de base científica. 

A própria qualidade dos produtos disponíveis no mercado é motivo de preocupação. Uma análise recente da Anvisa avaliou 41 suplementos de creatina vendidos no Brasil – apenas um deles foi considerado adequado em todos os critérios (teor correto da substância, ausência de impurezas e rotulagem apropriada). O dado acende o alerta sobre um consumo crescente sem regulação efetiva.

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Mesmo entre os praticantes de atividade física, o uso deve ser avaliado caso a caso. Os ganhos de desempenho associados à creatina – cerca de 3 a 5% – são relevantes para atletas de elite, que disputam centésimos de segundo. Para o praticante amador, o efeito pode ser pequeno ou até nulo. Outros fatores como alimentação, descanso e treinamento possuem impacto na performance também.

A conclusão é simples, embora frequentemente ignorada: creatina não é panaceia. Pode ser útil, sim, mas em contextos específicos, sob indicação e acompanhamento profissional.

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augustopjulio

Sou Augusto de Paula Júlio, idealizador do Tenis Portal e do Curiosidades Online, tenista nas horas vagas, escritor amador e empreendedor digital. Mais informações em: https://www.augustojulio.com.