“Modelo AAA não é sustentável”, alerta ex-diretora de God of War

A ex-diretora de God of War, Meghan Morgan Juinio, comentou sobre a situação atual da indústria e afirmou que grandes editoras precisam investir mais em projetos de menor orçamento, os chamados AA ou mesmo “A”. A ex-diretora de desenvolvimento de produto do Santa Monica Studios fez a revelação em entrevista ao PC Gamer, publicada na última segunda-feira (21).

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Juinio, que recentemente deixou a equipe do estúdio, explicou sua visão durante a gamescom Asia x Thailand Games Show, evento ocorrido entre os dias 16 e 19 de outubro deste ano. Para ela, o modelo de negócios de grandes blockbusters AAA adotados por empresas ocidentais não é mais sustentável.

Juinio ressalta com sua experiência na coordenação tanto o lado criativo como o de negócios da série God of War: “Acho que já não é muito sustentável em termos de custo de desenvolvimento. Houve uma tonelada de demissões, e muitas delas estão concentradas na Costa Oeste dos EUA, e é claramente porque os custos mínimos são muito altos. Os custos de desenvolvimento exigirão que as grandes produtoras criem [novos] caminhos”.

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O ano de 2025 está marcado por grandes lançamentos AA e indie. Em uma rápida olhada em sites como Metacritic, podemos ver que os jogos com maiores notas do ano são jogos com orçamento mais baixo ou com equipes pequenas. Esse é o caso de Hades II, Blue Prince, Split Fiction e Hollow Knight: Silksong, além de Clair Obscur: Expedition 33, que foi grande destaque entre muitos jogadores.

Juinio acredita que esse é o caminho que grandes produtoras precisam adotar. “Isso significa que um jogo como God of War vai desaparecer? Acho que não. Mas acho que você começará a ver algumas vias para o AA ou ‘single A’ vindo das grandes publishers também. Porque não é um modelo sustentável continuar como estamos”, afirmou a ex-diretora.

No fim das contas, tudo se resume a fazer experiências divertidas, conforme conta Juinio, “apenas faça algo divertido. Apenas faça algo incrível, e isso alcançará o que precisa alcançar.”

“Minha opinião é que tem que ser divertido em primeiro lugar. Pode ter a aparência mais bonita, a melhor trilha sonora do mundo, pode estar ganhando todos os BAFTAs por áudio e tudo mais, mas se não for divertido, não vale o investimento, sejam dois milhões de dólares ou 500 milhões de dólares. E acho que é aí que as maiores publishers podem retornar: como voltamos a criar jogos sólidos que sejam realmente divertidos de jogar. Talvez eles não tenham 40 horas de duração e talvez não sejam os mais inovadores — mas isso não importa se a experiência principal for muito divertida”, finaliza a ex-desenvolvedora da Santa Monica Studios.

Indústria dos games em crise

A solução de Meghan Morgan Juinio pode ser uma das alternativas para a recessão e as incessantes demissões em massa que a indústria dos games enfrenta desde o fim da pandemia de COVID-19. Empresas como Sony, Microsoft, Electronic Arts, Ubisoft, Embracer Group e muitas outras passaram a demitir centenas de funcionários e fecharam estúdios deste período em diante.

O resultado é um destaque crescente em segmentos como jogos AA e indie, além de empresas japonesas crescendo cada vez mais. Se neste ano os principais jogos estão em torno de pequenas desenvolvedoras e baixo orçamento, 2024 foi marcado por títulos de origem oriental, como Black Myth: Wukong, Final Fantasy VII Rebirth, Stellar Blade, Astro Bot, entre outros.

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