Imunoterapia pode ser caminho promissor para a cura do HIV, aponta estudo
Uma nova pesquisa de cientistas americanos mostra que a imunoterapia, abordagem que “treina” o sistema imunológico do paciente para combater uma doença, pode ser uma técnica promissora para desenvolvermos uma cura para o HIV, ou pelo menos um tratamento de longo prazo eficaz.
No estudo, uma combinação experimental de imunoterapias fez com que o nível do vírus no sangue de sete pacientes ficasse baixíssimo por meses, mesmo sem o uso diário de medicamentos antirretrovirais.
Apesar de ser limitado e não ter descoberto a cura definitiva, o experimento traz um caminho promissor para novos tratamentos, segundo os cientistas responsáveis. “Eu acredito que finalmente estamos fazendo progressos no desenvolvimento de uma terapia que poderá oferecer uma vida saudável às pessoas sem a necessidade de medicamentos para o resto da vida”, diz Steven Deeks, professor da Universidade da Califórnia em São Francisco e líder do estudo.
Os resultados foram publicados na revista Nature em 1 de dezembro, o Dia Mundial de Combate à Aids.
Como funciona o tratamento
O HIV é um vírus que infecta as células do sistema de defesa do corpo, e exatamente por isso é tão difícil de combater. Hoje, há tratamentos que conseguem controlar muito bem a infecção, impedindo o desenvolvimento da AIDS e garantindo uma vida normal aos pacientes, mas é preciso tomá-los para a vida inteira – caso contrário, a infecção volta a prosperar. Mas curar definitivamente a doença que afeta 40 milhões de pessoas ainda é um passo difícil.
A nova abordagem combinou três tipos de imunoterapias distintas para tentar turbinar o sistema imunológico de dez pacientes com HIV. Primeiro, os cientistas aplicaram uma vacina que tenta estimular os linfócitos-T – células de defesa capazes de neutralizar vírus – a irem à caça do HIV “dormente” no corpo do paciente.
Depois, os voluntários receberam um coquetel de anticorpos contra o patógeno e um medicamento feito para fortalecer o sistema imunológico. Por fim, veio mais uma aplicação de anticorpos. Todo o processo levou meses (neste meio-tempo, eles seguiam com a terapia anti-HIV normal).
Depois da intervenção, os participantes do estudo pararam de tomar os medicamentos diários, e os níveis do vírus em suas correntes sanguíneas foram medidos continuamente.
Em três dos pacientes, o HIV voltou a subir apenas duas semanas após a interrupção do tratamento, indicando que a combinação de imunoterapias não funcionou.
Em seis voluntários, porém, os níveis do HIV continuaram baixos mesmo após meses. E em uma única pessoa a proteção chegou a durar mais de um ano.
Antes, a técnica já havia sido aplicada em macacos, com resultados promissores.
Os resultados indicam que a combinação testada não é milagrosa, mas pode ser um caminho a ser aprimorado para um tratamento de longo prazo, que dispense o uso contínuo e diário de medicamentos. Segundo os pesquisadores, que estão otimistas, é possível que a abordagem possa ser calibrada até para se atingir uma cura no futuro.
De qualquer forma, isso é apenas um primeiro passo de muitos – um eventual tratamento teria que ser estudado e validado em ensaios clínicos muito maiores.
Além de ser um estudo pequeno, com apenas 10 participantes, o artigo também traz um problema: não contou com grupo controle, ou seja, um conjunto de pacientes que foi tratado apenas com placebo para se comparar os resultados e verificar o que de fato pode ser atribuído aos efeitos da imunoterapia.
No mundo todo, há sete casos de cura definitiva do HIV após transplantes de medula óssea. Nós explicamos como isso é possível neste texto.
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