Família faz alerta urgente após homem desmaiar e morrer minutos depois de mandar mensagem para a namorada dizendo “é o meu dia de sorte”

No início de maio, um jovem pai de 25 anos enviou uma mensagem para a namorada acreditando que estava tendo sorte naquele dia. Minutos depois, foi encontrado sem vida no chão de seu local de trabalho. A tragédia envolveu uma substância perigosa que, muitas vezes, está presente sem que as pessoas percebam.

Na manhã de 5 de maio, Michael Lordson estava trabalhando como auxiliar de limpeza em um cassino no estado de Nevada, nos Estados Unidos. Durante o expediente, ele avistou no chão algo que chamou sua atenção: um cigarro já enrolado, aparentemente pronto para uso. Animado com a descoberta inesperada, ele enviou uma foto do objeto para a namorada, acompanhada da frase: “É o meu dia de sorte”.

Pouco tempo depois, funcionários do cassino encontraram Michael inconsciente no chão. Quando as equipes de emergência chegaram, tentaram reanimá-lo, mas ele não resistiu. O laudo médico apontou overdose por fentanil, uma substância sintética extremamente potente. O resultado surpreendeu a família, já que Michael não tinha histórico de uso de heroína ou drogas pesadas.

Uma família em choque

A avó de Michael, Tamula Mercer, de 65 anos, ficou devastada com a notícia. “Michael não usava drogas”, disse ela. “Ele fumava maconha — nós fumávamos juntos porque é legal —, mas odiava álcool e não gostava da sensação que causava nele. Por isso tudo isso me deixa sem chão”.

Tamula contou que o neto mostrou aos colegas de trabalho a foto do cigarro que encontrou e até combinou de fumar com dois deles. “Eles não foram, então ninguém sabe ao certo se ele chegou a fumar”, explicou. No local, nenhuma substância foi encontrada com ele, nem vestígios do cigarro.

Michael foi adotado pela avó ainda pequeno, aos dois anos de idade, e cresceu sob seus cuidados. Ele deixou duas filhas pequenas, de dois e três anos, que agora vivem sem o pai.

O perigo invisível do fentanil

O caso acendeu um alerta para a família e para as autoridades locais. O fentanil é um opioide sintético usado na medicina como analgésico potente, sendo cerca de 50 vezes mais forte que a morfina comum. Em ambientes hospitalares, é administrado com extremo controle, mas, nas ruas, tem sido misturado a outras drogas de forma ilegal, muitas vezes sem que o usuário saiba.

Segundo dados do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), mais de 16.000 pessoas morreram por overdose de opioides nos Estados Unidos no último ano. Em 2021, esse número ultrapassou 31.000.

Nos últimos anos, circularam relatos de que apenas o contato com o fentanil ou a inalação acidental poderiam levar à morte. Algumas autoridades locais reforçaram esse medo. “Falaram para mim que tudo que você precisa é tocar e, se encostar na boca, olhos ou nariz, pode morrer”, contou Tamula.

Ela também relatou uma conversa com o prefeito de sua cidade. “Ele me contou que, em uma apreensão de drogas, a casa estava cheia de fentanil e os investigadores tiveram que recuar 60 metros para que a equipe de contenção entrasse com equipamentos especiais”.

Apesar desses relatos alarmantes, especialistas em saúde pública afirmam que a simples exposição ao ar ou contato acidental com fentanil dificilmente causa overdose. O Washington State Department of Health esclarece que não há evidências de que socorristas ou pessoas próximas a usuários tenham sofrido overdose apenas por estarem no mesmo ambiente.

O trauma de uma perda inesperada

A avó de Michael tem enfrentado uma batalha pessoal para lidar com a dor. Ela revelou que sofreu um ataque cardíaco por causa do estresse emocional provocado pela morte do neto. “Foi o choque, a tristeza, o horror de tudo isso”, disse.

Ela tem usado sua voz para alertar outras famílias. Tamula participa de campanhas e eventos, incluindo o encontro anual “Lost Voices of Fentanyl”, realizado em frente ao Washington Monument. O objetivo é conscientizar sobre a presença da droga em situações cotidianas, inclusive em produtos aparentemente inofensivos.

Durante o período de Halloween, autoridades norte-americanas costumam reforçar cuidados extras, com alertas sobre possíveis contaminações acidentais. Tamula relatou que, desde a morte do neto, passou a ter medo de tocar em produtos nas lojas. “Estou vendo bebês morrendo só de tocar, e agora tem drogas ainda mais fortes do que o fentanil matando pessoas”, contou.

Apesar de sua dor, ela continua determinada a transformar a tragédia em alerta. “Antes que mais crianças morram, antes que mais pais sintam o que eu sinto, as pessoas precisam entender o perigo”, disse. Para ela, se conseguir evitar que outra família passe pela mesma situação, a luta já terá valido a pena.

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