Especialistas alertam que tirar cochilos entre essas horas específicas pode aumentar o risco de morte

Todo mundo já sentiu aquela vontade irresistível de fechar os olhos depois do almoço. A soneca da tarde parece uma tradição quase universal, um momento sagrado de recarregar as baterias. Mas um estudo recente, envolvendo quase 90 mil adultos, traz um alerta surpreendente: o hábito de cochilar, especialmente em certos horários e com frequência, pode estar ligado a maiores riscos para a saúde, incluindo um risco aumentado de morte prematura.

Sabemos há muito tempo que uma boa noite de sono – cerca de oito horas – é essencial. Ele é o momento em que o corpo repara tecidos, o cérebro consolida memórias e o sistema imunológico ganha força. O sono adequado regula hormônios, melhora o foco, a tomada de decisões e mantém nosso equilíbrio físico e mental.

Porém, a nova pesquisa, realizada por cientistas da Divisão de Medicina do Sono da Harvard Medical School e do Massachusetts General Hospital em Boston, sugere que as sonecas diurnas frequentes podem ser um sinal de alerta. A líder do estudo, Chenlu Gao, explica que padrões específicos de cochilo podem funcionar como “indicadores precoces de saúde em declínio”.

O problema parece estar ligado à duração e à irregularidade das sonecas. Cochilos longos ou fora de uma rotina tendem a refletir problemas mais profundos.  Pode ser sono noturno de baixa qualidade, uma perturbação no ritmo circadiano natural do corpo (nosso relógio biológico interno), ou até mesmo condições de saúde subjacentes. Os pesquisadores citam exemplos como doenças cardiovasculares, problemas metabólicos, depressão ou alterações neurológicas iniciais.

Quem costuma fazer sonecas longas com frequência apresenta tendências preocupantes. Outro estudo, publicado em 2023, mostrou que essas pessoas frequentemente têm medidas maiores de cintura, pressão arterial mais elevada e maior índice de massa corporal.

Esses são fatores de risco conhecidos para obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardíacas. Além disso, o padrão costuma incluir hábitos como jantar mais tarde, dormir em horários irregulares, fumar e consumir almoços mais pesados.

O horário do cochilo também entra na equação. A pesquisa aponta o período entre 11h e 15h como uma “zona de atenção” potencial, embora o foco principal permaneça na frequência e na duração, não apenas no horário exato. Cochilar regularmente nessa faixa pode estar mais associado aos riscos, mas a duração é um fator crítico.

Mas calma, nem tudo é má notícia para os amantes da soneca! A pesquisa traz um alívio importante: as famosas “sonecas de poder”. Aqueles cochilos rápidos, com duração inferior a 30 minutos, não mostraram associação com aumento de risco de obesidade ou outros marcadores metabólicos problemáticos.

Pelo contrário, organizações como a American Sleep Association reconhecem que uma soneca curta de 15 a 30 minutos pode realmente oferecer um impulso benéfico de energia e alerta durante o dia. A chave é que ela não substitui uma noite de sono reparador e de qualidade.

Os cientistas enfatizam que a relação encontrada é uma associação, não uma prova de causa e efeito. Ou seja, as sonecas longas frequentes podem ser um sintoma de problemas de saúde já existentes, e não necessariamente a causa direta de problemas futuros. O estudo também teve limitações, como a dificuldade de isolar completamente o impacto de condições de saúde graves pré-existentes que afetam o sono.

A mensagem central é de atenção. Se você se pega constantemente dependendo de longas sonecas durante o dia, especialmente no período da tarde, pode valer a pena observar seus hábitos noturnos e conversar com um profissional de saúde. Esse hábito pode ser um sinal valioso de que algo não está totalmente certo com seu sono ou sua saúde geral. Enquanto a soneca rápida permanece uma aliada, a soneca longa e frequente merece um olhar mais cuidadoso.

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