Especialista em sexo revela a razão por trás da verdadeira escassez de atores homens na indústria de filmes adultos

A indústria do entretenimento adulto enfrenta um fenômeno curioso em 2025: a escassez de atores do sexo masculino. De acordo com dados da plataforma Zipdo, cerca de 80% dos profissionais que atuam em produções pornográficas são mulheres, revelando um desequilíbrio significativo na oferta de talentos masculinos.

Embora ainda exista um forte tabu em torno de trabalhar com conteúdo adulto — seja em filmes pornográficos ou plataformas como o OnlyFans — a resistência parece ser ainda maior entre os homens. A especialista em sexualidade Melissa Todd analisou o tema em uma coluna para o jornal Metro, trazendo à tona fatores culturais e psicológicos que ajudam a explicar essa realidade.

“Talvez os homens sintam que sua identidade e autoestima estão mais ligadas ao desempenho sexual do que as mulheres”, escreveu Todd. Ela também apontou a crescente crítica à pornografia como um elemento importante. “Talvez o fato de a pornografia ser culpada por todos os males sociais também seja um fator. Sabemos que os jovens estão se tornando cada vez mais puritanos e fazendo menos sexo do que as gerações anteriores.”

O desafio de atuar diante das câmeras

A especialista observa que produtoras frequentemente anunciam vagas para novos atores em redes sociais como o X, mas mesmo quando há inscrições, muitos candidatos simplesmente não aparecem. E para os que se arriscam, o processo de seleção pode ser constrangedor.

“Cercado por atores, equipe de filmagem, produtor, figurinista, maquiador e uma diretora (geralmente mulher) gritando: ‘Agora tenha uma ereção!’, ele muitas vezes se vê incapaz e humilhado”, relatou Todd.

Essa pressão constante para atingir a performance perfeita diante de dezenas de pessoas é apontada como um dos principais motivos para o abandono masculino na carreira. Segundo Todd, trata-se de uma habilidade específica “chegar ao clímax sob demanda diante de uma sala cheia de desconhecidos” — algo que muitos homens simplesmente não conseguem ou não desejam enfrentar.

Enquanto isso, as mulheres encontram menos obstáculos nesse aspecto. “As garotas têm tudo muito mais fácil”, disse Todd. “Podemos fingir facilmente cada estágio da excitação. Um bom jato de lubrificante, uma dose saudável de suspiros, gemidos e gritos barulhentos. Mas você provavelmente não precisa que eu te diga isso.”

Mudanças no comportamento sexual explicam o fenômeno

Outro fator que contribui para a escassez é a transformação dos hábitos sexuais nas últimas décadas. Pesquisas mostram que as pessoas estão fazendo menos sexo do que antes. Um estudo publicado em 2017 no Archives of Sexual Behavior revelou que a média de relações sexuais por adulto era de cerca de uma vez por semana — uma queda de aproximadamente nove relações por ano em comparação com estudos da década de 1990.

Além disso, um levantamento recente intitulado The State of Dating: How Gen Z is Redefining Sexuality and Relationships, desenvolvido em parceria com o aplicativo Feeld, revelou que a Geração Z está se envolvendo menos em relacionamentos e atividades sexuais do que as gerações anteriores. “Quase metade da Geração Z relatou estar solteira, em comparação com apenas um quinto dos Millennials, da Geração X e dos Boomers”, explicou o pesquisador-chefe Dr. Justin Lehmiller.

Com menos jovens interessados em sexo e ainda menos dispostos a enfrentar os desafios físicos e emocionais de atuar na frente das câmeras, a indústria adulta segue tentando lidar com uma escassez que pode mudar profundamente a forma como esse mercado funciona nos próximos anos.

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