Documentário expõe os bichos com os comportamentos mais estranhos do reino animal
Os documentários do reino animal geralmente têm um roteiro manjado: uma perseguição épica de um leão atrás de uma gazela; a migração de uma família de elefantes imponentes; ou um bando de orcas esquematizando uma nova técnica para caçar uma foca.
O que não é comum é sentar no sofá para assistir a uma série sobre os superpoderes de defesa de vermes aveludados, as péssimas decisões parentais de langures-obscuros, as táticas de sedução de morcegos-da-fruta, ou o menu necro-deleitoso de abutres. Esse é o foco da nova série documental da National Geographic: Underdogs.
Assista ao trailer:
Com narração do ator Ryan Reynolds — o próprio Deadpool —, o documentário é um ótimo jeito de ir além dos bichinhos mais conhecidos do mundo e conhecer animais que foram forçados a adotar estratégias de sobrevivência alternativas.
“Trabalhar com a National Geographic em Underdogs foi um sonho que se tornou realidade, especialmente porque finalmente pude assistir a um projeto nosso com meus filhos. Tecnicamente, eles assistiram a Deadpool & Wolverine, mas acho que não entenderam muito, porque taparam os olhos e os ouvidos e gritaram por duas horas”, disse Reynolds em comunicado. “Estamos muito orgulhosos de elevar os heróis anônimos da natureza ao auge do entretenimento e mal podemos esperar para que todos os vejam.”
Em cinco episódios, os produtores foram atrás dos animais com os hábitos mais esquisitos do mundo natural. Além disso, a obra capturou cenas inéditas, como imagens de uma caverna na Nova Zelândia que brilha como placas de LED sob luz ultravioleta – resultado de um trabalho coletivo de milhões de larvas que espalham seu muco pelas rochas.
As imagens foram feitas por renomados cineastas de vida selvagem e têm trilha sonora do compositor Harry Gregson-Williams, além de música original da banda Green Day.
A origem do projeto
Vanessa Berlowitz, uma das coprodutoras da série, conversou com a Super sobre Underdogs, e disse que a ideia não é exatamente nova. Por mais de 30 anos, ela e o marido Mark Linfield (que também produziu o documentário) participaram da gravação de programas de histórias naturais bastante clássicos — produzindo muitos filmes com Sir David Attenborough, por exemplo. Durante esse período, acumularam “histórias realmente loucas, que não se encaixavam, que eram um pouco subversivas, em que os animais estavam fazendo coisas realmente estranhas”.
Pensando no que fazer com esse material e com as dezenas de curiosidades que acumularam ao longo dessa jornada, decidiram criar Underdogs. “Começamos a pensar no oposto do que é fazer um programa de história natural convencional. De muitas maneiras, a série tem o mesmo conteúdo científico, a mesma integridade, elementos educacionais… mas a forma como fizemos é completamente diferente.”
Além disso, a pegada engraçadinha que Reynolds acrescenta, somada aos animais esquisitos e nojentos, conquista um novo público. “Seria legal fazer algo que realmente trouxesse audiências jovens, como crianças e adolescentes, que talvez não assistissem a alguns de nossos conteúdos.”
A produção
A diretora foi bastante criteriosa na escolha dos animais. “Para entrar na caixa, os animais precisavam ter algo realmente feio, assustador, incômodo, inusitado ou estranho — algo que causasse repulsa ou estranheza”, disse. Mas só isso não bastava. Para entrar na lista dos castos, eles também precisavam ter uma história de herói, algo extraordinário que pudesse ser revelado. “Então, o que a princípio parecia apenas esquisito ou grotesco acabava se tornando um superpoder escondido.”
Por isso, ela conta que foram bastante rigorosos na seleção. Leões, por exemplo, estavam fora. “Mas criaturas como ratos-toupeira, galinhas bizarras e corvos… esses, sim, estavam dentro.”
Exatamente pela ultraespecificidade dos animais, algumas cenas foram difíceis de gravar. Eles precisaram de paciência para registrar insetos minúsculos ou captar o exato momento em que macacos faziam, bem, macaquices.
“Cada frame da série é real. Tudo foi filmado com animais vivos, o que explica por que levou tanto tempo. Somos muito experientes em filmar na natureza selvagem, então aplicamos as mesmas técnicas que usamos para registrar leões, tigres e elefantes… mas voltadas agora para animais muito menos conhecidos”, conta Berlowitz.
Foram pelo menos dois anos de gravações contínuas, com filmagens acontecendo todos os dias.
“Alguns dos nossos cinegrafistas até comentaram que nunca tinham sido desafiados dessa forma”, disse a produtora. Um exemplo é o episódio sobre os sexy beasts, em que mostramos o comportamento incomum das gazelas-de-Thomson. A fêmea dá à luz e simplesmente abandona o filhote logo depois. “Para registrar esse momento, o cinegrafista teve que manter a câmera apontada para a vulva da gazela por meses — esperando o exato momento do nascimento”, conta Berlowitz.
“É um exemplo extremo, claro, mas seguimos os mesmos princípios da filmagem de vida selvagem tradicional — apenas aplicados a situações um pouco mais inusitadas.”
Trabalhar com os animais escolhidos também desencadeou uma crise estética nos produtores. “É realmente um desafio quando você não tem aqueles rostinhos suaves, com olhos grandes e expressivos olhando direto para a câmera”, comenta Berlowitz. “Mas a nossa ideia era tratar esses animais como verdadeiras estrelas.”
Para isso, todos foram filmados com uma iluminação bonita, em seus habitats naturais, e sempre com a câmera posicionada no nível deles, para criar mais proximidade com o espectador. “Procuramos fazer muitos closes nos olhos e enquadramentos envolventes, para gerar conexão com o público”, explica. “Foi aí que a macrofotografia mais avançada entrou em cena e nos ajudou muito. Nos últimos anos, houve grandes avanços nessa área, e conseguimos resultados incríveis.”
Outro desafio que a equipe enfrentou foi não se perder no tom cômico do documentário, deixando a ciência de lado. As histórias da série foram desenvolvidas com base puramente científica desde o início. Depois disso, entrava o trabalho do Reynolds e sua equipe, que se esforçaram para transformar esse conteúdo em algo divertido — mas com cuidado para não distorcer ou comprometer a precisão científica.
“A cada novo roteiro, fazíamos uma espécie de revisão em várias etapas. Gravávamos, assistíamos de novo e nos perguntávamos: ‘Ainda está engraçado? Ainda está cientificamente correto?’ Até mesmo durante a narração, Reynolds adicionava toques de comédia no estilo stand-up. E aí voltávamos para os nossos cientistas e para a equipe da National Geographic e perguntávamos: ‘Ainda podemos dizer isso assim?’”, explica a diretora.
Preservação animal
A série também se relaciona com a questão da conservação das espécies. Segundo Berlowitz, a maior ambição sempre foi passar adiante a mensagem da preservação ambiental. “Esse é o nosso verdadeiro objetivo.”
“Uma das ideias centrais da série surgiu justamente por estarmos vivendo uma crise de biodiversidade. Espécies estão sendo extintas todos os dias, habitats estão sendo destruídos… Então pensamos: talvez, ao mostrar esses animais menos conhecidos, possamos despertar o interesse do público por espécies que normalmente não recebem atenção.”
A lógica é simples: quando você se importa com um animal, entende que, para salvá-lo, precisa preservar todo o ecossistema em que ele vive. “Esse foi o nosso caminho: uma abordagem indireta, mas profundamente comprometida com a conservação.”
Por fim, sobre uma segunda temporada, a diretora diz que isso depende da National Geographic. “Mas posso dizer que temos muitas boas histórias guardadas”.
A primeira temporada já está disponível na plataforma Disney+
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