Descoberta encerra mistério de 250 anos sobre navio de James Cook
O navio HMS Endeavour, uma das embarcações mais icônicas da história da navegação, teve sua localização confirmada no fundo do mar de Newport Harbor, nos Estados Unidos. A identificação encerra um mistério que durou mais de dois séculos e meio e mobilizou gerações de arqueólogos, historiadores e pesquisadores.
O anúncio foi feito pelo Australian National Maritime Museum (ANMM), após a conclusão de um relatório técnico elaborado em parceria com o Rhode Island Marine Archaeology Project (RIMAP).
A equipe responsável considera “altamente confiável” a identificação dos destroços encontrados no local, conhecido como RI 2394, como sendo os do HMS Endeavour. A embarcação em questão era o navio comandado por James Cook entre 1768 e 1771, durante a primeira viagem britânica de circunavegação da Nova Zelândia e de contato documentado com a Austrália.
Após ser vendido e rebatizado como Lord Sandwich, o navio foi deliberadamente afundado em 1778, ao lado de outras 12 embarcações, com o objetivo de bloquear o porto de Newport durante a Guerra de Independência dos Estados Unidos. O Endeavour permaneceu submerso e não identificado até o início das buscas arqueológicas em 1999.
A descoberta apresenta elementos estruturais cruciais que coincidem com os planos históricos da embarcação, incluindo os mastros principal e dianteiro, além de uma junta de madeira específica na proa, uma característica singular usada no século 18 e compatível com o projeto original do Endeavour.
As tábuas encontradas também foram feitas de madeira britânica, consistente com os registros de uma reforma feita em 1776, dois anos antes do naufrágio. “As medições são quase idênticas — estou falando de milímetros”, afirmou Kieran Hosty, arqueólogo-chefe do projeto.
O diretor do museu australiano, Daryl Karp, classificou a descoberta como o “ápice de 25 anos de estudo arqueológico detalhado e meticuloso”. Desde o fim da década de 1990, a equipe combinou mergulhos, análises forenses, escaneamento digital do fundo do mar e investigação de arquivos históricos britânicos e norte-americanos para cruzar dados sobre o naufrágio.
Apesar da confirmação por parte do ANMM, o RIMAP adota uma postura mais cautelosa. Em 2022, quando o museu australiano anunciou pela primeira vez sua convicção sobre a identidade do navio, a instituição americana considerou o posicionamento “prematuro” e argumentou que ainda não havia provas científicas suficientes. Agora, mesmo com o novo relatório, o RIMAP ressalta que, embora muitos critérios tenham sido atendidos, a hipótese não é considerada “definitiva” e outras possibilidades continuam sendo investigadas.
A descoberta reacende debates sobre o legado do HMS Endeavour e de seu comandante. James Cook é amplamente reconhecido por suas contribuições à cartografia e à exploração, mas também é lembrado por abrir caminho para processos de colonização que tiveram impactos devastadores sobre povos indígenas, especialmente na Austrália.
Além disso, o local do naufrágio agora exige medidas de proteção física e legal. O museu alertou que a embarcação está em avançado estado de deterioração e que ações devem ser tomadas para preservar o que resta do navio. Ainda não há definição sobre uma possível recuperação dos destroços, mas especialistas indicam que, se deixado no local, o navio pode desaparecer por completo nas próximas décadas.
O que achou dessa notícia? Deixe um comentário abaixo e/ou compartilhe em suas redes sociais. Assim conseguiremos informar mais pessoas sobre as curiosidades do mundo!
Esta notícia foi originalmente publicada em:
Fonte original