Crítica: Coração de Ferro engrena no final, mas chega atrasada no rolê do MCU
Coração de Ferro (ou Ironheart) é uma personagem incrível da Marvel Comics e que se tornou um clássico instantâneo quando foi lançado. Riri Williams conquistou o coração de jovens leitores que até gostam do Homem de Ferro mas não se viam representados por um bilionário narcisista solteirão que acorda de noite e vomita dentro da armadura. O legado de Tony Stark na heroína traz muitos pontos interessantes que foram bem adaptados para a série da Disney+. O problema foi o timing e um começo bastante sonolento.
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A trama traz reviravoltas e uma revelação bombástica, mas pode ficar tranquilo que esta crítica está livre de spoilers. Bem, vamos começar recapitulando rapidamente o atual status dela e a sinopse do enredo.
Como muita gente deve se lembrar, Riri apareceu com destaque em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, de 2022. Sua participação foi interessante, mas o roteiro mal resolvido não conectou a trama à Saga do Multiverso e diluiu vários temas e personagens em um conflito geopolítica que seria muito mais interessante se interagisse com o que vimos em Capitão América: Admirável Mundo Novo — lançado também com timing que obrigou a Marvel Studios a correr com tudo que ficou parado no plot principal das atuais fases.
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Dito isso, Riri teve uma participação bastante tímida no filme, e é assim também que ela começa sua própria história solo. Diferente de sua caracterização nos quadrinhos, a moça ainda está em processo de formação como heroína — consequência da ausência de Stark ou alguém que fizesse o papel de mentor para a garota.

Então, vemos Riri lidar com vários problemas decorrentes de sua falta de disciplina e de escolhas mais maduras sobre seus projetos e estudos, assim como de suas ações em prol de “um bem maior”. Ela é expulsa do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e é obrigada a voltar para casa no perrengue.
A partir daí, vemos seu passado voltando para assombrá-la em sua terra natal, Chicago, onde ela flerta com a criminalidade na busca por recursos que possam ajudá-la a finalmente construir sua armadura e levar o legado de Stark adiante.
Frescor nas locações e elenco e produção baixa renda
Bem, se o roteiro é maçante com diálogos e temas que não se aprofundam e os diálogos possam às vezes parecer uma novelinha teen de gosto questionável, o mesmo não se pode dizer sobre o elenco e as escolhas que criam uma atmosfera mais amigável para todos os tipos de público.
Isso porque, assim como Homem-Formiga saiu daquele rolê de rico e brancos em Nova York em 2015, Coração de Ferro faz algo parecido dez anos depois. Riri vive uma comunidade mais humilde, cercada de criminalidade e violência, e sempre está fazendo seus “corres” para agilizar a vida.

Embora o antagonista Anthony Ramos não convença muito com o vilão Capuz — que, convenhamos, é um personagem de quinta categoria promovido à grande ameaça de maneira artificial nos quadrinhos —, todos os atores ao redor da protagonista Dominique Torres dão conta do recado e trazem frescor e diversidade.
A melhor amiga Lyric Ross e o aparente nerd criado com na base de leite com pêra Alden Ehrenreich, assim como o capanga vivido por Manny Montana, são bons pontos de apoio para o ambiente que Riri vive.
A gangue à qual Riri interage em boa química e deixa os momentos de ação mais divertidos nos três episódios que nada acontece direito. O problema é que muita gente pode ter se desinteressado no andar da carruagem porque, além de certa encheção de linguiça, o roteiro também é prejudicado por uma certa falta de carinho com a produção.

As armaduras da Riri se parecem mais com alguma coisa vinda do Jaspion ou Power Rangers do que das Indústrias Stark. A sequência inicial de ação que brinca com uma ideia de Elon Musk sai toda meio torta, com efeitos especiais meio ruins, execução confusa e cenas pouco verossímeis. O capuz do Capuz, então, gente, parece um manto comprad o no saldão de uma loja de departamento.
Por exemplo, a criação de uma inteligência artificial que ganha vida de forma tão natural e do nada não parece tão deslocado naquela ambientação mais pé no chão que fica difícil acreditar que aquilo foi concebido de uma maneira tão mal explicada — lembrando que nem o Ultron ou Visão, que saíram das mentes mais brilhantes do Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês), nasceram assim tão evoluídos e parecidos com uma pessoa de verdade mesmo, completa de emoções.
Magia vs tecnologia
Inicialmente, muita gente pode estranhar a mistura de sobrenatural e magia com as ciências da tecnologia que sempre envolvem as histórias derivadas de Tony Stark. Contudo, quem acompanha a Marvel Comics mais de perto, sabe que a magia muitas até se confunde com tecnologia no Universo Marvel dos quadrinhos.

São temas recorrentes e que, na verdade, não entram em conflito nos quadrinhos; e sim se completam, pois uma coisa acaba “explicando” a outra. Tem muita coisa que era vista como magia ou um poder mutante, e que depois se comprovou ter um fundamento científico. E isso acontece também vice-versa.
É assim que os quadrinhos conseguem combinar diferentes tonalidades e núcleos sem que o resultado pareça tão estranho. A atual saga do Doutor Destino nos gibis da Marvel é um exemplo disso. Victor Von Doom também é um gênio das ciências, contudo, ele é um pesquisador veterano nas artes místicas, tanto que se tornou o Mago Supremo da Terra e já realizou feitiços que nem mesmo o Doutor Estranho ou a Feiticeira Escarlate já invocaram.
Então, em Coração de Ferro, com a ausência de Stark, a criadora Chinaka Hodge fez uma boa escolha para misturar esses elementos na série. Ainda mais a partir do terceiro episódio, que é quando as coisas realmente esquentam e tudo fica muito mais interessante — até os efeitos especiais e as cenas de ação mostram um pouco mais de grana investida.
Vale a pena?
Coração de Ferro tem bons momentos, com a introdução de uma nova faceta do MCU, com uma ambientação e uma comunidade de personagens que traz mais tonalidades e frescor ao universo compartilhado da Marvel.
O timing de lançamento foi péssimo, porque, a essa altura do campeonato, apenas os fãs mais dedicados é que talvez estejam se importando com Riri Williams, que, em última análise, só não será ignorada pela grande audiência por conta de duas participações especiais que se revelam como personagens muito importantes para a franquia Homem de Ferro e para o futuro MCU da Saga do Multiverso.
É justamente por conta disso que dá para compreender a razão de a Marvel ter lançado toda a série em apenas duas levas. Embora o desenvolvimento lento da trama possa também afastar a audiência, ainda vale a pena para ver, por conta das ruas duas grandes revelações a partir do terceiro episódio.
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