Aqui você encontra as informações mais interessantes e surpreendentes do mundo

Aqui você encontra as informações mais interessantes e surpreendentes do mundo

Curiosidades

Como nasce um escape room? Entenda a engenharia secreta por trás das salas

Já imaginou pagar para entrar com amigos ou familiares em uma sala fechada e passar a próxima hora investigando objetos, abrindo compartimentos escondidos e tentando decifrar enigmas do cenário para conseguir sair? É assim que funcionam os escape rooms (“salas de escapar”), um tipo de entretenimento que vem se popularizando pelo país.

Nesse tipo de jogo interativo, as pessoas precisam usar a inteligência e trabalhar em equipe para resolver mistérios e sair de um cenário cheio de segredos, geralmente em uma hora.

Eles chegaram ao Brasil há pouco mais de uma década e mudaram muito desde as primeiras versões. No início, as salas eram simples, baseadas em cadeados e pistas de papel. Hoje, muitas operam com sensores, automação, narrativa estruturada e cenários complexos. 

Compartilhe essa matéria via:

De onde essa ideia surgiu?

Os primeiros “escapes” surgiram na tela do computador, nos anos 1990 e 2000, inspirados em jogos como Crimson Room e Viridian Room, criados pelo japonês Toshimitsu Takagi. Ali, o jogador estava preso em um quarto virtual e precisava vasculhar cada canto e resolver enigmas para escapar. 

A transposição para o mundo real veio em 2007, em Kyoto, quando Takao Kato e a empresa SCRAP organizaram o primeiro jogo físico com grupos trancados de verdade. A ideia virou modelo, viajando pela Ásia e chegando à Europa. Foi em Budapeste, por volta de 2011, que o formato comercial moderno ganhou forma: salas temáticas, enigmas em sequência e tempo de jogo de 60 minutos. 

No Brasil, os primeiros negócios surgiram entre 2014 e 2015. O publicitário Sérgio Terra, fundador do Escape Room Club em São Paulo, testemunhou essa virada. Ele conheceu o conceito durante viagens pela Europa. “Era uma experiência completamente diferente do entretenimento tradicional. É uma diversão ativa, inteligente e social”, conta à Super.

Continua após a publicidade

Como se cria uma sala?

Tudo começa pelo tema e pela história: é preciso justificar por que o grupo está ali por 60 minutos e qual missão deve cumprir. Em seguida vem o design do jogo, que define o tipo de experiência (terror, investigação, aventura) e também o modo como a partida avança, seja seguindo uma ordem única ou permitindo caminhos paralelos.

Antes da cenografia, a equipe mapeia a lógica dos enigmas: quantas etapas há até a solução e se o raciocínio exigido é mais abstrato ou direto. “Isso já nos dá uma base de dificuldade. Depois ajustamos de acordo com o nível desejado”, diz Terra. 

Os enigmas precisam fazer sentido na narrativa – combinar objetos, descobrir sequências ou posicionar itens – e depois o espaço é desenhado: planta, móveis, ambientação, luz, som, cheiros e a integração entre esses elementos.

A equipe de monitoria participa desde o início, porque precisa conhecer a sala a fundo para orientar grupos quando necessário. 

Os objetos de cena e os componentes de cada enigma são integrados a um sistema central, responsável por acompanhar o avanço do grupo e liberar pistas no momento certo. Só depois dessa etapa começa a execução técnica, com instalação da parte elétrica, dos painéis e do cabeamento.

Continua após a publicidade

A dificuldade é definida por design e observação. Segundo Terra, salas mais complexas têm menos pistas explícitas, mais associações abstratas e enigmas em múltiplas camadas; as mais acessíveis seguem uma progressão clara e oferecem reforços sonoros ou visuais quando se acerta. 

“O objetivo não é prender o jogador, e sim criar uma jornada envolvente. A dificuldade é definida observando como o grupo se sente no jogo”, afirma o publicitário.

Testes e ajustes

Com a estrutura pronta, começam os testes: primeiro com família e amigos da equipe, depois com públicos variados, de estreantes a jogadores experientes. Esses ciclos servem para identificar quando há trechos difíceis demais, enigmas longos ou soluções pouco claras. 

“Ajustamos até atingir um fluxo equilibrado”, conta Terra. Após cada bateria de testes, a equipe costuma parar um ou dois dias para corrigir o que não funcionou.

Muitas vezes, uma solução óbvia para o criador do enigma não é clara para quem joga. É preciso adicionar ou retirar informação ou provocar um “gatilho mental” específico. “Geralmente, a ideia mais maluca é a que serve”, diz ele. Jogadores frequentes também dão retorno importante sobre enigmas confusos, pistas mal posicionadas ou detalhes a melhorar.

Continua após a publicidade

Com o tempo, os estúdios passaram a oferecer versões personalizadas para noivados, pedidos de casamento, mudança de casa, despedidas, ações corporativas e até lançamentos de produto. “Os jogos são artesanais, feitos a muitas mãos, sempre para fazer a mágica acontecer para o jogador.”

Mesmo após a inauguração, a operação exige atenção. As salas são projetadas para funcionar automaticamente, mas falhas ocorrem – especialmente em peças móveis ou estruturas giratórias, que sofrem com o uso imprevisível (e às vezes irresponsável) dos jogadores. “Eles estão tentando resolver, então fazem de tudo com o objeto. Lidar com esse ‘mau uso’, no bom sentido, e fazer tudo de forma robusta, é o nosso maior desafio”, destaca Terra.

Em várias ocasiões, a equipe precisou intervir manualmente – jogar cartas por baixo da porta, liberar mecanismos ou destravar fechaduras quando um sensor falhou. “Isso não significa facilitar: apenas garantir que a experiência flua por completo. Os grupos nem percebem quando algo assim acontece”, conta.

Futuro do setor

À medida que o setor amadurece, novas tecnologias redefinem o jogo. Sensores mais precisos, integração entre cenografia e eletrônica, trilhas sonoras responsivas e sistemas automatizados permitem enigmas que reagem ao movimento dos jogadores e ambientes que mudam conforme o grupo avança. 

Óculos de realidade aumentada e recursos de áudio mais sofisticados prometem ampliar as possibilidades, com pistas invisíveis a olho nu e interações antes inviáveis.

Continua após a publicidade

Outro movimento é o fortalecimento das narrativas: histórias ramificadas, personagens responsivos e maior envolvimento emocional. 

No Brasil, a distância entre salas simples e produções elaboradas ainda é grande. Mas é nesse espaço que surgem os avanços. “Uma boa experiência cria um jogador frequente. Uma má experiência só faz mal para o setor”, diz Terra.

No fim, o desafio dos escapes é o mesmo desde a sua origem digital: transformar um conjunto de pistas artificiais na impressão momentânea de que aquele mundo existe. E é justamente essa ilusão que mantém o público voltando.

A equipe da Super visitou o Escape Room Club, em São Paulo, e recomenda: foi uma experiência para lá de divertida. 

Publicidade

O que achou dessa notícia? Deixe um comentário abaixo e/ou compartilhe em suas redes sociais. Assim conseguiremos informar mais pessoas sobre as curiosidades do mundo!

Esta notícia foi originalmente publicada em:
Fonte original

augustopjulio

Sou Augusto de Paula Júlio, idealizador do Tenis Portal, Tech Next Portal e do Curiosidades Online, tenista nas horas vagas, escritor amador e empreendedor digital. Mais informações em: https://www.augustojulio.com.