Como e por que os EUA decidiram fincar uma bandeira na Lua e qual o significado
O registro dos astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin fincando uma bandeira dos Estados Unidos (EUA) na Lua, em 20 de julho de 1969, é não só um dos marcos mais emblemáticos da história da exploração espacial, como também está carregado de simbolismos culturais e geopolíticos.
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A flâmula dos EUA foi levada ao satélite natural a bordo da missão Apollo 11, responsável por levar seres humanos à superfície lunar pela primeira vez. Contudo, a decisão de transportar o símbolo nacional norte-americano foi tomada apenas nos preparativos finais para o lançamento.
A ideia começou a ser elaborada em fevereiro de 1969, quando o administrador da NASA, Thomas O. Paine, criou o Comitê de Atividades Simbólicas para o Primeiro Pouso Lunar. Willis H. Shapley, administrador adjunto da agência espacial, foi nomeado presidente do comitê.
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Respeito ao Tratado do Espaço Exterior
A criação do comitê tinha como um de seus principais objetivos selecionar atividades simbólicas a serem realizadas pela Apollo 11, desde que não colocassem em risco a segurança dos astronautas e não violassem o Tratado do Espaço Exterior.
Esse tratado foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em janeiro de 1967 e, no Artigo II, estabelece que “o espaço exterior, incluindo a Lua e outros corpos celestes, não está sujeito à apropriação nacional por reivindicação de soberania, por meio de ocupação ou por quaisquer outros meios”.
Logo, os EUA — assim como o Reino Unido e a União Soviética, signatários do documento na época — não poderiam reivindicar a posse da Lua. Com isso, hastear uma bandeira na superfície lunar teria de ser um ato meramente simbólico.

Diante desses parâmetros, o comitê norte-americano concluiu que as atividades realizadas no primeiro pouso lunar deveriam simbolizar um avanço histórico não apenas para o país, mas para toda a humanidade.
Opções como levar uma bandeira da ONU ou um conjunto de miniaturas representando todas as nações pertencentes ao órgão chegaram a ser consideradas nas reuniões. Mas o relatório final recomendou o uso exclusivo da bandeira dos Estados Unidos durante a atividade extraveicular lunar (AEV).
Simbolismo nacional e geopolítico
Mesmo dentro dos termos estabelecidos pelo Tratado do Espaço Exterior, o hasteamento da bandeira dos Estados Unidos na Lua representou uma conquista significativa para o país e seu povo. Foi um símbolo do avanço tecnológico da nação, além de um gesto de orgulho e unidade nacional.
Esses aspectos foram reforçados pelo contexto da Guerra Fria em que o feito esteve inserido. Na época, o mundo acompanhava a intensa disputa entre EUA e União Soviética por supremacia militar, tecnológica e ideológica.

O voo do cosmonauta Yuri Gagarin em 1961 — o primeiro humano a viajar ao espaço — intensificou a pressão sobre os norte-americanos, que buscaram dar uma resposta à altura.
O ato de fincar a bandeira dos EUA na Lua, portanto, funcionou como uma demonstração pública de liderança global em meio às disputas entre as duas superpotências, além de um marco visual e midiático.
Medidas após o hasteamento da flâmula
Em novembro de 1969 — cerca de quatro meses após o pouso da Apollo 11 —, o Congresso dos Estados Unidos aprovou uma lei determinando que a bandeira do país fosse hasteada em todos os corpos celestes onde astronautas norte-americanos viessem a pousar no futuro.
No entanto, essa lei trazia uma ressalva: o hasteamento só poderia ocorrer caso a missão fosse financiada exclusivamente pelo governo dos Estados Unidos. Assim, se uma futura missão tripulada a Marte for fruto de uma cooperação internacional, astronautas norte-americanos não poderão fincar a bandeira no Planeta Vermelho.
A legislação também estipulou que o gesto de fincar a flâmula em qualquer objeto no espaço deve ser interpretado como um símbolo de orgulho nacional pela conquista, sem representar qualquer reivindicação de soberania.
Após a Apollo 11, outras cinco missões da NASA fincaram bandeiras americanas na Lua — Apollo 12, 14, 15, 16 e 17 —, simbolizando ainda mais as conquistas científicas e o poder dos EUA ao longo dos anos.

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