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Curiosidades

Como alguém vira santo na Igreja Católica?

Neste domingo (7), o Vaticano declarou santo o jovem italiano Carlo Acutis, que faleceu em 2006 aos 15 anos em decorrência de uma leucemia fulminante. 

Conhecido como o “padroeiro da internet”, ele tornou-se o primeiro millennial – geração formada por pessoas nascidas entre as décadas de 1980 e 1990 – reconhecido oficialmente pela Igreja Católica como santo. 

A canonização atraiu dezenas de milhares de fiéis à Praça de São Pedro e marca um momento simbólico para a instituição: o reconhecimento de uma figura próxima às novas gerações, que usou a tecnologia para difundir a fé.

O decreto foi proclamado por papa Leão XIV, eleito em maio de 2025 após a morte de Francisco. O pontífice anterior havia acompanhado boa parte do processo, mas faleceu antes da conclusão da etapa final.

 

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Na Igreja Católica, a santidade é a confirmação oficial de que uma pessoa entrou na presença eterna de Deus – em outras palavras, que alcançou o céu vivendo de forma “heroicamente virtuosa”. 

Os santos não são considerados diferentes dos demais no céu, mas o título muda a forma como são venerados na Terra: a Igreja pode erigir santuários em sua memória, incluir seu nome no calendário litúrgico e designar dias em sua homenagem.

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Isso, porém, não acontece com todos os que viveram de modo virtuoso. O processo de canonização é árduo, demorado e também estratégico. Qualquer fiel pode iniciar uma petição, mas primeiro precisa convencer seu bispo de que a causa é válida. A partir daí, começa um caminho que, em muitos casos, pode se estender por décadas ou até séculos.

Nos primeiros séculos do cristianismo, santos eram proclamados por aclamação popular ou decisão de bispos. A centralização em Roma surgiu na Idade Média, no século 12, quando o papa Alexandre III determinou que apenas o pontífice poderia canonizar oficialmente. 

A partir daí, o procedimento se tornou cada vez mais jurídico, reforçado pelo Concílio de Trento (1545-1563) e pela criação da Congregação dos Ritos, em 1588, em resposta à Reforma Protestante. 

Em 1983, João Paulo II simplificou algumas etapas, reduzindo o número de milagres exigidos e acelerando o ritmo de reconhecimentos. Atualmente, o processo é conduzido pelo Dicastério para as Causas dos Santos e segue etapas bem definidas.

O passo a passo até a santidade

O primeiro passo é a espera após a morte. A regra determina um período de cinco anos para abrir o processo, de modo a evitar que a comoção inicial distorça os julgamentos. O papa, porém, pode dispensar essa espera, como aconteceu com João Paulo II (em 2005) e Madre Teresa (em 1997). No caso de Acutis, a causa foi aberta em 2013, sete anos depois de sua morte.

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O segundo passo é a investigação diocesana. O bispo do local onde a pessoa morreu ou está sepultada recolhe depoimentos, examina escritos e registra práticas de fé. Esse dossiê inicial é encaminhado a Roma. Nessa fase, o candidato passa a ser chamado de “Servo de Deus”.

Para Acutis, foram analisadas centenas de testemunhos sobre sua vida: a primeira comunhão precoce aos sete anos, a participação diária na missa, a recitação do terço e o envolvimento em obras de caridade. 

Ao mesmo tempo, ele demonstrava fascínio por tecnologia, criando sites paroquiais e desenvolvendo um portal que catalogava milagres eucarísticos ao redor do mundo, traduzido depois em vários idiomas.

O terceiro passo é o reconhecimento das “virtudes heroicas”. Uma comissão de teólogos avalia se a pessoa viveu com virtude extraordinária – fé, esperança, caridade, prudência, justiça, fortaleza e temperança. Se aprovado, o papa declara o candidato “Venerável”. Carlo recebeu esse título em 2018.

O quarto passo é a beatificação, que exige a comprovação de um milagre atribuído à intercessão do candidato. Um milagre só é aceito se não houver explicação científica plausível. Para isso, o Vaticano recorre a médicos independentes, que analisam exames e laudos. Se identificarem qualquer justificativa natural, o caso é descartado. 

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Em Acutis, o milagre reconhecido foi a cura de um menino de Campo Grande (MS), portador de uma grave malformação pancreática. Ele teria se curado após o contato com uma relíquia do jovem. Em 2020, Carlo foi beatificado em Assis, recebendo o título de “Bem-aventurado”.

O quinto passo é a canonização, que normalmente requer um segundo milagre. No caso de Acutis, o Vaticano reconheceu a recuperação de uma estudante da Costa Rica que sofreu um traumatismo craniano grave em um acidente de bicicleta. 

Sua mãe relatou ter rezado junto ao túmulo do jovem em Assis, e os médicos não encontraram explicação para a rápida e completa melhora. Em 2024, o papa autorizou o reconhecimento do milagre, abrindo caminho para a canonização.

Por fim, o sexto passo é a cerimônia solene. Em missa pública, o papa proclama oficialmente que o fiel está no céu e pode ser venerado em toda a Igreja. Isso também autoriza a construção de igrejas em seu nome, a celebração litúrgica em sua memória e a difusão de sua devoção no mundo inteiro. 

No domingo, a Praça de São Pedro recebeu 36 cardeais, 270 bispos, mais de 200 padres e milhares de fiéis para a cerimônia que incluiu Carlo Acutis na lista de santos.

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Um processo lento, mas estratégico

Embora Acutis tenha chegado à santidade em tempo recorde – menos de 20 anos após sua morte –, o caminho geralmente é longo. Há santos reconhecidos séculos depois, como Santa Hildegarda de Bingen, que faleceu em 1179 e foi canonizada apenas em 2012.

Estudiosos lembram que a canonização não é apenas um reconhecimento espiritual, mas também um instrumento pastoral e político. Pesquisas indicam que, em períodos de crescimento protestante, a Igreja aumentou o número de canonizações como resposta. 

No pontificado de João Paulo II, por exemplo, 482 santos foram proclamados; Francisco canonizou mais de 800 mártires de uma só vez.

Com Acutis, o Vaticano projeta uma imagem de santidade alinhada a um jovem conectado, que programava computadores, navegava pela internet e, ao mesmo tempo, cultivava intensa vida espiritual. É um gesto que responde ao desafio contemporâneo de aproximar os jovens de uma instituição que tem perdido fiéis nas últimas décadas.

Hoje, há mais de 10 mil santos reconhecidos pela Igreja. Mas a canonização de Carlo, o primeiro millennial a receber esse título, é singular: pela rapidez, pela simbologia e pelo potencial de diálogo com as novas gerações.

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augustopjulio

Sou Augusto de Paula Júlio, idealizador do Tenis Portal, Tech Next Portal e do Curiosidades Online, tenista nas horas vagas, escritor amador e empreendedor digital. Mais informações em: https://www.augustojulio.com.