Cientistas descobrem como extrair ouro de celulares e computadores antigos
Cientistas da Universidade Flinders, na Austrália, descobriram um novo método sustentável para extrair ouro de celulares e computadores. Os detalhes do procedimento foram publicados no final de junho no periódico científico Nature Sustainability.
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A técnica desenvolvida pelos pesquisadores da instituição australiana tem como principal objetivo reduzir os níveis de resíduos tóxicos envolvidos no processo de extração de ouro, tanto a partir de lixo eletrônico quanto de minérios.
“O objetivo era fornecer uma alternativa mais segura ao mercúrio e ao cianeto, além de reduzir os impactos da mineração de ouro na saúde e no meio ambiente”, destacou Justin Chalker, professor da Universidade Flinders e líder do projeto.
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Impactos ambientais da mineração
Na mineração formal, o uso do cianeto no processo de extração de ouro é altamente tóxico para o meio ambiente. Embora esse composto possa ser degradado, seu uso oferece riscos à vida selvagem.
Já na mineração artesanal, o principal vilão ambiental é o mercúrio — essa prática é a maior fonte de poluição por esse elemento no planeta. As emissões de vapores tóxicos de mercúrio prejudicam tanto os mineradores quanto os ecossistemas ao redor.
A nova técnica desenvolvida pelo grupo liderado por Chalker substitui o cianeto e o mercúrio pelo ácido tricloroisocianúrico como reagente. Esse composto é comumente utilizado na higienização de água e na cloração de piscinas.
“Quando esse produto químico, amplamente disponível e de baixo custo, é ativado com água salgada, ele pode reagir com o ouro e convertê-lo em uma forma solúvel em água”, explica o professor da Universidade Flinders.
Como o ouro é recuperado
Para recuperar o ouro da solução, os pesquisadores desenvolveram um sorvente polimérico rico em enxofre. Esse material demonstrou capacidade de isolar e remover o ouro mesmo em misturas complexas contendo outros metais.
“Métodos simples de lixiviação e recuperação foram demonstrados em minérios, placas de circuito de computadores obsoletos e resíduos científicos. É importante destacar que desenvolvemos formas de regenerar e reciclar tanto o produto químico lixiviante quanto o sorvente polimérico”, ressalta Chalker.

A descoberta do novo método, que dispensa o uso de substâncias tóxicas, é ainda mais relevante diante do crescimento na produção de lixo eletrônico. O Monitor Global de Resíduos Eletrônicos da ONU aponta que, em 2022, foram produzidas 62 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos — o suficiente para encher mais de 1,5 milhão de caminhões de lixo.
Esse volume representa um aumento de 82% em relação a 2010, e a estimativa é que, até 2030, a humanidade produza cerca de 82 milhões de toneladas de lixo eletrônico.
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