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Curiosidades

Calígula dominava o uso de plantas medicinais, indica estudo

Conhecido por um governo de crueldade imprevisível, caprichos extravagantes e disputas políticas, o imperador romano Calígula entrou para história como um símbolo de tirania. No entanto, um novo estudo conduzido pelo Programa de Farmacologia Antiga da Universidade de Yale (YAPP, na sigla em inglês) propõe uma reavaliação parcial dessa imagem. 

A pesquisa, publicada na revista Proceedings of the European Academy of Sciences and Arts, afirma que Calígula possuía um domínio técnico surpreendente sobre o uso medicinal de plantas na Antiguidade. Esta conclusão parte da análise de uma breve anedota registrada por Suetônio em Os Doze Césares

Nesta narrativa, um senador romano do alto escalão, doente, pede uma licença para buscar tratamento na cidade grega de Antícira, conhecida por seus remédios à base de eléboro, um vegetal amplamente usado como purgante e no tratamento de epilepsia, melancolia, doenças mentais e até gota. 

Quando o senador solicita uma extensão da licença, Calígula responde de forma cruel e sarcástica: manda executá-lo, afirmando que “uma sangria era necessária para quem o eléboro não havia curado em tanto tempo”. 

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Os pesquisadores argumentam que essa resposta não é apenas um exemplo de brutalidade, mas também uma possível indicação de conhecimento médico. A referência à sangria alude diretamente aos escritos do médico romano Celso, cujo tratado De Medicina, redigido sob o reinado de Tibério (antecessor de Calígula), recomendava sangrias como tratamento alternativo ao eléboro para epilepsia. 

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Isso sugere que Calígula pode ter lido ou pelo menos tido acesso a essas obras médicas, ou ainda que possuía um repertório pessoal de práticas terapêuticas amplamente discutidas na elite romana. 

A familiaridade com o eléboro, segundo os autores, reforça essa hipótese, especialmente considerando que o próprio imperador era associado a condições como epilepsia, insônia e possíveis episódios psicóticos — doenças que, segundo o entendimento médico antigo, eram tratáveis com preparados dessa planta.

“É possível que Suetônio esteja errado, e que Calígula não tenha ordenado a execução do homem, mas simplesmente prescrito um tratamento alternativo que ele havia lido ou conhecido por experiência própria”, disse o coautor Trevor Luke, pesquisador associado do YAPP, em comunicado divulgado pelo site YaleNews. “Estamos apresentando uma versão mais completa e equilibrada de Calígula — um governante sintonizado com o saber médico de sua época. Ele é descartado como um louco — talvez com razão —, mas mostramos que muito provavelmente sabia algo sobre eléboro e farmacologia em geral.”

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Além disso, o estudo investiga o papel da cidade de Antícira no mundo romano, revelando que, apesar de sua modesta dimensão e irrelevância política ou econômica, ela funcionava como um importante destino de turismo médico. A região era especialmente renomada pelas poções de eléboro preparadas com fórmulas locais, algumas das quais incluíam aditivos como o sesamoides, que ajudavam a neutralizar os efeitos colaterais tóxicos da planta. 

Embora o eléboro não fosse abundante na área urbana da cidade, os pesquisadores identificaram hoje populações da planta nas encostas do Monte Hélicon, a mais de 760 metros de altitude, cujas características coincidem com as descrições botânicas em textos antigos.

Outro ponto relevante abordado é a complexidade da identificação botânica na Antiguidade. Os povos antigos não seguiam uma taxonomia fixa como a moderna, utilizando o nome “eléboto” para diversas espécies com propriedades semelhantes. Essa confusão perdura até hoje: herbalistas da atual Antícira, uma pequena vila de pescadores, usam o termo “elleboro” para se referir a uma planta completamente diferente — o sabugueiro-anão.

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Os pesquisadores também argumentam que o interesse de Calígula por farmacologia pode ter sido motivado por um fator pessoal e político: ele acreditava que seu pai, Germânico, havia sido envenenado, o que pode ter levado o imperador a estudar com afinco os efeitos de venenos e antídotos, por paranoia ou necessidade estratégica. Há relatos de que Calígula se envolvia pessoalmente com o uso de substâncias tóxicas e possuía conhecimento detalhado sobre como administrar, disfarçar ou neutralizar venenos. 

A equipe do YAPP agora pretende testar os componentes químicos das amostras de eléboro coletadas na Grécia para investigar sua eficácia e interações bioquímicas, tentando conectar a reputação terapêutica da planta com evidências modernas, e, assim, traduzir práticas do passado em dados úteis para a ciência contemporânea.

 

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augustopjulio

Sou Augusto de Paula Júlio, idealizador do Tenis Portal e do Curiosidades Online, tenista nas horas vagas, escritor amador e empreendedor digital. Mais informações em: https://www.augustojulio.com.