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Curiosidades

Brasileira cria plataforma gratuita de estudos e vence competição global do Google

Em apenas dois dias, sozinha, a jovem programadora Giovanna Moeller, de 24 anos, criou uma plataforma de estudos para o Enem que usa inteligência artificial (IA) para oferecer a qualquer estudante do Brasil uma preparação de alto nível. Com essa proposta, ela venceu o Agent Development Kit Hackathon, competição global promovida pelo Google, como representante da América Latina.

O desafio propunha que os participantes criassem sistemas inteligentes usando o Agent Development Kit (ADK), uma ferramenta da Google voltada à construção de plataformas compostas por diferentes “agentes” – pequenos sistemas especializados que atuam de forma coordenada, cada um com uma função.

Giovanna aproveitou a oportunidade para tirar do papel uma ideia que já vinha amadurecendo com colegas de sua startup. “Eles não conseguiram participar comigo, mas já discutíamos a ideia há meses”, disse à Super. “A competição foi o empurrão para colocar tudo em prática.”

“Foi uma loucura”, continua. “Li o guia do Google para desenvolver o código praticamente sem parar. Queria muito fazer esse projeto dar certo porque ele carrega meu propósito: democratizar o acesso ao preparo educacional no Brasil.”

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O resultado foi o Edu.AI, uma plataforma que, por meio da IA, simula o trabalho de uma equipe de professores. O sistema é capaz de corrigir redações, gerar simulados personalizados, criar conteúdo de apoio e sugerir trilhas de estudo adaptadas ao perfil de cada aluno, a partir dos critérios e exigências reais do Enem.

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“Eu queria que fosse algo realmente útil para quem não tem acesso a cursinhos ou professores para corrigir redações, por exemplo. A IA pode oferecer retorno instantâneo, sem substituir ninguém e ajudando quem mais precisa.”

A estrutura da plataforma reúne oito agentes distintos. Há, por exemplo, um que corrige os textos, outro que gera questões interdisciplinares, um terceiro que cria flashcards e resumos e até um que acompanha o progresso do aluno ao longo do tempo.

Durante o desenvolvimento, Giovanna enfrentou desafios técnicos como a integração entre módulos, a correção automática de redações enviadas por imagem e a conexão da interface do site com ferramentas em nuvem. Mesmo assim, entregou um sistema funcional, com design limpo e navegação intuitiva.

“Consegui integrar oito agentes diferentes em uma arquitetura cooperativa. Tudo isso rodando em uma plataforma que tem potencial real de ajudar milhões de estudantes brasileiros”, conta. O projeto ainda está em fase de testes, mas já pode ser acessado em: https://edu-ai-adk.vercel.app/ .

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“Foi muito legal quando recebi o e-mail dizendo que tinha vencido. Era uma competição mundial, e eu achava que a proposta do Enem era muito regional, então não sabia se ia funcionar. Mas deu certo. Mostrar que a IA pode transformar a educação é o que mais me deixa feliz.”

Em 2024, 3,1 milhões de pessoas realizaram o Enem. A prova é a principal porta de entrada para universidades públicas e programas como o ProUni e o Fies, que oferecem bolsas e financiamento estudantil, respectivamente.

Mas a desigualdade no acesso à preparação ainda é um obstáculo. 

Estudantes da rede pública, especialmente em regiões periféricas, muitas vezes estão por conta própria. “Tem muita gente que não tem dinheiro para pagar por uma correção de redação. Ou não tem professor disponível. A IA pode oferecer esse suporte instantaneamente, com qualidade, para quem não teria nenhuma outra opção.”

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“Esse também é o nosso lugar”

Giovanna está no fim do curso de Sistemas de Informação na Universidade Estadual Paulista (UNESP), em Bauru, e acumula outras conquistas Em 2023, teve um aplicativo educacional selecionado entre os 50 melhores do mundo pela Apple e foi convidada a visitar engenheiros da empresa na Califórnia.

Ainda assim, ela sabe que sua presença em ambientes de tecnologia é exceção. Segundo dados da Unesco, agência da ONU voltada à educação e cultura, cerca de 33% dos pesquisadores globais nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática são mulheres, ou seja, apenas uma em cada três. No campo específico da IA, essa participação é ainda inferior: em torno de 12 a 22%.

Na faculdade, Giovanna lembra que eram apenas quatro mulheres em sua turma. Na startup em que trabalha, é a única entre oito integrantes. Até quando compartilhou a vitória no hackathon, ouviu comentários do tipo: “Mas quem foi o homem que te ajudou?”

“Hoje eu nem ligo mais, porque sei que são comentários vazios”. Inspirar outras jovens é, para ela, tão importante quanto desenvolver soluções tecnológicas. “Passei um ano achando que programação não era para mim. Tirava notas baixas, não entendia nada. Mas continuei. Hoje posso dizer com convicção: esse é o nosso lugar também.”

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“É muito bom quando uma mulher me procura dizendo ‘você me inspira’. Isso me motiva a continuar. Mesmo com dificuldade, mesmo sentindo que não é o nosso lugar, a gente pode chegar lá”, acrescenta.

Entre suas referências está Ada Lovelace, matemática inglesa do século 19 considerada a primeira programadora da história. Filha do poeta Lord Byron, Ada foi incentivada pela mãe a estudar ciências e matemática. Ainda jovem, colaborou com o matemático Charles Babbage e, ao traduzir um artigo sobre a máquina analítica – precursora do computador moderno –, escreveu anotações que incluíam o primeiro algoritmo destinado a ser executado por uma máquina.

Ada também foi pioneira ao prever que esses dispositivos poderiam ir além da simples computação numérica, antecipando debates contemporâneos sobre IA. “É incrível pensar que mulheres estavam na origem disso tudo, construindo algo tão inovador numa época em que não se dava espaço para elas”, comenta Giovanna. “É por isso que a gente precisa continuar: pra mostrar que a tecnologia também é feita por nós, e para nós.”

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augustopjulio

Sou Augusto de Paula Júlio, idealizador do Tenis Portal e do Curiosidades Online, tenista nas horas vagas, escritor amador e empreendedor digital. Mais informações em: https://www.augustojulio.com.