Blind Box, unboxing e creepy cute | O neuromarketing por trás da febre da Labubu
Só estando completamente fora da internet pra não ter sido impactado pela febre das Labubus, os colecionáveis do momento. O fenômeno, no entanto, não estourou de um dia para o outro — a miniatura da monstrinha surgiu ainda em 2019, e invadiu o espaço virtual do TikTok e o físico das prateleiras só recentemente. O que explica esse sucesso? Um conceito importante nessa reflexão é o do neuromarketing.
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Surgindo nos anos 1990 e atingindo os campos da neurociência e psicologia em 2002, o neuromarketing está ligado ao esforço das marcas em saber o que cativa seu público de verdade, indo ao ponto de fazer eletroencefalogramas e pesquisas laboratoriais para descobrir os mecanismos por trás do que atrai a vontade de comprar.
Pesquisas como a do Instituto Indiano de Gerenciamento de Ranchi, de 2015, mostram como o subconsciente influencia profundamente na tomada de decisões.
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Neuromarketing, Labubu e colecionáveis
No caso da Labubu, o neuromarketing pode explicar os mecanismos que fazem muitos adultos desejarem colecionar suas miniaturas. Um dos aspectos importantes da monstrinha é a sua “fofura assustadora”, conceito conhecido como creepy cute. O estranhamento inicial, que foge do tradicionalmente considerado fofo, é intrigante e cativante, chamando a atenção já de início.

Quem está por dentro do mercado de colecionáveis também já notou que a onda de coisas fofas tem aumentado, especialmente entre os adultos. Sonny Angels, Bobbie Goods, Labubus e até os mais antigos Funko Pops evocam algo de infantil, e isso pode estar ligado, inconscientemente, à busca pelo nostálgico.
As gerações millennial e Z cresceram em um mundo supostamente estável, com a promessa de um futuro brilhante e oportunidades de sucesso baseadas no esforço pessoal. Mas, ao invés disso, enfrentam aquecimento global, guerras crescentes e pandemias.
É natural que, nesse cenário, busque-se — mesmo que de forma inconsciente — momentos em que havia alguma felicidade ou a promessa dela. Em outras palavras, a nostalgia da infância. ]
Outra possibilidade, que pode ser complementar, envolve a revolta contra um mundo que exige seriedade, compromisso e a frieza cinzenta da vida adulta, pedindo que se enfrente o cenário caótico global de terno e gravata. Buscar o infantil desafia essas expectativas e mostra que adultos sérios podem ser coloridos e fofos.

No caso da Labubu e dos Sonny Angels, o fato de virem em blind boxes, caixas que só revelam o modelo comprado após abertas, também instigam a compra: há quem não pare de comprar até receber o modelo que quer, bem como quem se esforce para ter a conquista de completar a coleção.
É isso que também deixa os vídeos de unboxing, famosos no TikTok, mais chamativos, com a tensão de esperar pelo modelo que será revelado na abertura da caixa.
Somados as edições limitadas e aos estoques que se esgotam rapidamente, tudo isso contribui para o FOMO (Fear of missing out, em tradução livre, medo de ficar de fora), a vontade arrasadora de participar da mania do momento.
O emocional está mais ligado do que parece com as tendências de consumo modernas — e quem souber aproveitar isso na hora de vender, está fadado ao sucesso.
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