Bebidas em garrafas de vidro têm mais microplásticos do que as contidas em PETs

Embalagens PET costumam ser apontadas como grandes vilãs do acúmulo de microplásticos no meio ambiente. No entanto, um novo estudo conduzido pela Agência Nacional de Segurança Sanitária da Alimentação, do Meio Ambiente e do Trabalho da França (ANSES) revelou que garrafas de vidro podem conter ainda mais microplásticos do que as fabricadas com polímeros.

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Os resultados da pesquisa foram publicados no final de maio no Journal of Food Composition and Analysis. O objetivo inicial era identificar a quantidade de microplásticos presentes em bebidas como água, vinho e refrigerante comercializadas no território francês.

“Esperávamos o resultado oposto ao comparar os níveis de microplásticos em diferentes bebidas vendidas na França”, afirmou Iseline Chaïb, especialista responsável pelo estudo no Laboratório de Segurança Alimentar da ANSES, em comunicado à imprensa.

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Microplásticos em diferentes bebidas

Na análise das garrafas de água, as de vidro apresentaram uma média de 4,5 partículas de microplástico por litro, enquanto as de plástico tiveram uma média de 1,6 partículas por litro. No caso do vinho, foram detectadas poucas partículas, inclusive nas garrafas de vidro com rolha.

Por outro lado, garrafas de vidro contendo refrigerantes, limonada, chá gelado e cerveja apresentaram uma média de 100 partículas de microplástico por litro — um número até 50 vezes maior do que o observado nas embalagens plásticas dos mesmos produtos.

Origem dos fragmentos: as tampas

A análise dos cientistas apontou que as tampas são a principal fonte dos microplásticos encontrados nas bebidas — mais especificamente, a tinta que reveste esses componentes.

Segundo os pesquisadores, os fragmentos detectados tinham composição e cor semelhantes à da tinta das tampas. A hipótese é que o atrito entre os recipientes durante o armazenamento causa alguns riscos invisíveis a olho nu, liberando partículas que acabam se depositando no líquido.

A ANSES recomenda que fabricantes de bebidas em recipientes com tampas metálicas ou pintadas alterem as condições de armazenamento para reduzir o atrito e considerem mudar a formulação das tintas utilizadas.

O estudo completo está disponível no Journal of Food Composition and Analysis.

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