Atriz “orgulhosa” defende ter filmado cenas de sexo reais para filme polêmico

Em 2004, o cinema britânico lançou uma das produções mais controversas de sua história recente. O filme “9 Canções”, dirigido por Michael Winterbottom, entrou para o debate cultural ao apresentar cenas reais de sexo entre seus protagonistas, algo inédito em uma produção considerada “mainstream” no Reino Unido. A obra marcou também a estreia da atriz norte-americana Margo Stilley, que, duas décadas depois, continua defendendo sua participação com orgulho.

Margo interpretou Lisa, uma estudante de intercâmbio que conhece Matt, interpretado por Kieran O’Brien, em um show do Black Rebel Motorcycle Club. A partir desse encontro, os dois iniciam um relacionamento intenso, e o filme acompanha a trajetória do casal explorando o amor e a sexualidade de forma explícita e sem cortes. Ao contrário da maioria das produções comerciais, “9 Canções” incluiu cenas de sexo real, sexo oral e até ejaculação, o que provocou enorme controvérsia na época e ainda hoje divide opiniões.

Mesmo com a exibição no prestigiado Festival de Cannes, a recepção da crítica foi dura. O filme recebeu apenas 23% de aprovação no site Rotten Tomatoes e foi descrito por muitos como “entediante” e “irritante”. Ainda assim, Margo, atualmente com 42 anos, continua a defender sua estreia no cinema, argumentando que a proposta do filme foi mal compreendida.

Em entrevista ao Irish Examiner, concedida em 2008, a atriz relembrou a reação negativa do público: “Quando eu participava de coletivas de imprensa, as pessoas gritavam insultos contra mim”, contou. Ela disse ter sido chamada de “prostituta” e “vagabunda” por causa das cenas explícitas. “As pessoas perguntam se o diretor Michael Winterbottom se aproveitou de mim porque eu nunca tinha atuado antes, mas esquecem que eu mesma desenvolvi a personagem.”

Para Margo, o foco de “9 Canções” sempre foi o amor e a intimidade entre duas pessoas. “As pessoas agem como se fosse pornografia. Mas eu transei com meu namorado ontem à noite e isso não é pornografia”, disse. “Foi apenas sexo intenso! ‘9 Canções’ era um filme real sobre amor e sexo, e eu quis participar dele. Tenho orgulho disso.”

Apesar do impacto que o longa causou e da exposição que trouxe, a atriz garante que o trabalho não limitou sua carreira. “Posso dizer honestamente que isso não afetou minha trajetória profissional. Não sou chamada apenas para papéis de mulheres que fazem muito sexo.”

Curiosamente, Margo pediu que seu nome fosse retirado dos créditos nas exibições de “9 Canções” em Cannes, uma decisão que acabou criando ainda mais curiosidade em torno dela. “Eu disse: ‘ah, coloquem só Lisa’. As exibições não eram públicas, mas a imprensa descobriu e o jornal The News of the World criou até uma linha direta para quem tivesse informações sobre mim”, contou. “Aí percebi que estava causando alvoroço”, brincou, chamando a decisão de um “golpe de marketing genial” sem querer.

Antes de estrear no cinema, Margo trabalhava como modelo. Nascida na Carolina do Norte, ela se mudou para Milão em busca de oportunidades e, mais tarde, se estabeleceu em Londres. Lá, conseguiu seu primeiro trabalho em um comercial israelense por meio de um contato da moda, o que abriu as portas para o cinema.

Desde então, Margo participou de diversas produções para cinema e televisão, como a adaptação “Marple: Assassinato é Fácil” exibida pela ITV, a comédia “Um Louco Apaixonado”, a série “The Trip”, estrelada por Steve Coogan e Rob Brydon, e o thriller policial “A Hospedeira”, consolidando sua trajetória artística além da polêmica que marcou seu início de carreira.

Mesmo após tantos anos, “9 Canções” continua sendo lembrado como um marco do cinema por desafiar limites e questionar convenções sobre intimidade e arte. E, para Margo Stilley, o filme permanece como um trabalho do qual ela nunca deixou de se orgulhar.

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