Ator que foi considerado o “garoto mais bonito do mundo” morre aos 70 anos

O ator sueco Björn Andrésen, que marcou gerações ao ser chamado de “o garoto mais bonito do mundo”, morreu aos 70 anos. A notícia foi confirmada pela imprensa sueca no domingo, 26 de outubro, após o falecimento no dia anterior. A causa da morte ainda não foi divulgada. Ele deixa uma filha, Robine, de 41 anos, e duas netas.

Um rosto que parou o tempo

Nascido em Estocolmo em 26 de janeiro de 1955, Björn enfrentou uma infância conturbada. Perdeu a mãe aos 10 anos, vítima de suicídio, e foi criado pela avó. Foi ela quem o incentivou a seguir carreira artística, sonhando em ter um famoso na família.

Em 1971, aos 15 anos, Björn viveu Tadzio no filme Death in Venice, dirigido por Luchino Visconti e baseado na obra do escritor Thomas Mann. O longa retrata a obsessão de um homem mais velho, interpretado por Dirk Bogarde, por um adolescente de beleza angelical durante uma temporada em Veneza.

O impacto foi imediato. Em poucos meses, o jovem sueco se tornou um fenômeno internacional. Sua imagem delicada foi reproduzida em jornais, revistas e cartazes em vários países, especialmente no Japão, onde conquistou uma legião de admiradores.

O título que ele nunca escolheu

No lançamento do filme, Visconti declarou publicamente que Björn era “o garoto mais bonito do mundo”. A frase se tornou um rótulo que o acompanhou por toda a vida, algo que ele sempre encarou com desconforto.

Em entrevista concedida anos depois ao jornal The Guardian, o ator disse que se sentia “como um animal exótico em uma jaula”. Ele também afirmou que a experiência com o filme “bagunçou completamente” sua vida.

“Você já viu as imagens dos Beatles na América? Foi parecido com aquilo. Havia histeria”, relatou ele, comparando a fama súbita à explosão de popularidade da banda britânica nos anos 1960.

Björn também revelou episódios delicados nos bastidores da produção. Segundo ele, aos 16 anos foi levado a uma boate gay por Visconti, acompanhado de vários homens. “Eu sabia que não podia reagir. Seria um suicídio social. Mas foi a primeira de muitas situações assim”, contou. Anos mais tarde, ele disse que, se pudesse, teria mandado o diretor “para bem longe”.

A sombra de um papel

Mesmo após seguir outros caminhos artísticos, a imagem de Tadzio nunca deixou de persegui-lo. “Tudo o que eu fizer será associado a esse filme. Cinquenta anos se passaram e ainda estamos falando sobre isso”, afirmou em 2021.

Além da atuação, Björn encontrou uma nova paixão na música. Tornou-se pianista e manteve uma carreira artística ativa, participando de mais de 30 produções para cinema e televisão ao longo das décadas. “Minha carreira começou no topo absoluto e foi descendo depois disso. Foi solitário”, disse certa vez.

Tragédias pessoais

Os desafios da vida de Björn não ficaram restritos ao mundo artístico. Em 1986, ele e a então esposa, Suzanna Roman, perderam o filho Elvin, de apenas 9 meses, vítima da síndrome da morte súbita infantil. O episódio o mergulhou em uma profunda depressão, que ele levou por muitos anos. Em entrevistas, dizia acreditar que um dia voltaria a encontrar o filho na vida após a morte.

Um retorno inesperado

Décadas depois de seu auge juvenil, Björn voltou ao cinema com um pequeno papel no terror Midsommar, dirigido por Ari Aster em 2019. O ator se mostrou animado com a experiência, dizendo que “morrer em um filme de terror é o sonho de qualquer garoto”.

Dois anos depois, teve sua história recontada no documentário The Most Beautiful Boy in the World, dirigido por Kristian Petri e Kristina Lindström. A obra mostrou o peso emocional de uma fama conquistada sem escolha própria, com impactos profundos e duradouros.

O rosto que encantou o mundo em 1971 envelheceu longe dos holofotes que um dia o transformaram em ícone, mas sua trajetória permanece marcada pelo fascínio e pelas cicatrizes deixadas pela fama precoce.

Esse Ator que foi considerado o “garoto mais bonito do mundo” morre aos 70 anos foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.