Arqueólogos descobrem represa pré-histórica perto do tanque onde Jesus teria “curado um homem cego”

Arqueólogos anunciaram a descoberta de uma impressionante represa com cerca de 2.800 anos na Cidade de Davi, em Jerusalém. O achado fica a poucos metros do local conhecido como o Tanque de Siloé, onde, segundo o Evangelho de João, Jesus teria curado um homem cego. Esse ponto, de grande importância histórica e religiosa, foi redescoberto em 2004 dentro do Parque Nacional das Muralhas de Jerusalém.

De acordo com o relato bíblico em João 9:10–11, ao ser questionado sobre como voltou a enxergar, o homem respondeu: “O homem chamado Jesus fez um pouco de lama, colocou em meus olhos e disse para eu ir ao Siloé e me lavar. Fui, lavei-me e voltei a ver”. A proximidade entre o local descrito no texto sagrado e a represa agora identificada reforça a relevância arqueológica da região.

O anúncio oficial da descoberta foi feito em 30 de agosto, resultado de uma escavação conjunta realizada pela Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA) e pelo Instituto Weizmann de Ciência. Os especialistas afirmam que a estrutura foi erguida no século IX a.C., provavelmente durante o reinado do rei Joás ou de Amazias.

Funcionários da Autoridade de Antiguidades de Israel escavam uma represa recém-descoberta no Parque Nacional da Cidade de Davi, em Jerusalém, em 26 de agosto de 2025

A represa impressiona pelas dimensões. Construída em pedra, mede cerca de 12 metros de altura, 21 metros de comprimento e 8 metros de largura, tornando-se a maior do tipo já encontrada em Israel e a mais antiga conhecida em Jerusalém. Graças a galhos e fragmentos de madeira preservados na argamassa, os pesquisadores conseguiram datar sua construção entre 805 e 795 a.C.

Segundo os arqueólogos responsáveis, o objetivo da obra era acumular as águas da nascente de Giom e controlar as enxurradas que desciam pelo principal vale da cidade antiga. “Todos os dados estudados indicam um período de baixa pluviosidade na região de Israel, intercalado por tempestades intensas e curtas, capazes de provocar enchentes. Assim, a criação de sistemas hídricos em grande escala foi uma resposta direta às mudanças climáticas e às condições áridas”, explicaram os diretores da escavação.

O diretor da IAA, Eli Escusido, destacou a relevância do achado: “Trata-se de um dos vestígios mais impressionantes e significativos do período do Primeiro Templo em Jerusalém. Nos últimos anos, a cidade tem revelado sua história como nunca antes, e ainda há muitas surpresas à nossa espera”.

A descoberta também chama atenção por se somar a outros achados recentes ligados a narrativas bíblicas. Um exemplo é a cidade submersa localizada no lago Van, na Turquia, próxima ao Monte Ararate, tradicionalmente associado ao repouso da Arca de Noé após o dilúvio. Esse tipo de revelação reforça como a arqueologia continua a trazer novas perspectivas sobre a relação entre história, fé e ambiente natural.

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