Além do algoritmo: como a curadoria e a IA moldam o futuro das newsletters

Gramado/RS – O painel “Newsletter a Bola da Vez”, que foi realizado na tarde desta quinta-feira (5), no Palco Share na Gramado Summit 2025, na Serra gaúcha, desmistificou a ideia de que a newsletter é “coisa de jornalista”. 

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A ascensão das newsletters como ferramenta de curadoria e conexão em um cenário digital cada vez mais saturado foi debatida pelo CEO da Drops, Luiz Zaka, e do cofundador do Curioso Mercado, Greco Prado.

Zaka, que é um engenheiro de formação que “caiu de paraquedas no mundo da mídia”. Ele relembrou a era em que o acesso a conteúdo de qualidade dependia de revistas e como, hoje, “todos são a sua própria mídia”, seja no Instagram, YouTube ou na caixa de e-mails. 

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A inspiração para a construção da newsletter da empresa veio do consumo assíduo de curadorias do exterior sobre tecnologia e negócios. “Eles filtravam, era opinativa e me fazia pensar”, explicou Zaka, ressaltando o valor da curadoria em um mundo onde a atenção se tornou o bem mais precioso. Ele lembrou que começou a criar os conteúdos para família e amigos, e agora chega três vezes por semana, provando o poder da consistência e do conteúdo de valor.

Prado, do Curioso Mercado, enfatizou a importância de diversificar os canais e se inspirar em modelos de sucesso como “The Hustle” e “Morning Brew”. Ele destacou o papel da curadoria como um atalho para o consumo de informação, especialmente em áreas como tecnologia e branding. “Esse papel economiza muito tempo”, afirmou. 

A valorização da curadoria se conecta diretamente ao FOMO (Fear Of Missing Out), a ansiedade de perder algo em meio a um fluxo constante de informações. “Vivemos na economia da atenção”, pontuou Prado, e o algoritmo, ao entender o que queremos ver, nos leva a buscar cada vez mais conteúdos que vão “além da dopamina”. Para Zaca, o objetivo da newsletter é ser um “canal favorito”, uma escolha consciente do leitor.

Impacto da IA e a busca por conexão humana

Um dos pontos altos do painel foi o debate sobre o impacto da inteligência artificial na produção de conteúdo. Questionado sobre por que ainda se escreve em um mundo com IA, Zaca ressaltou que “ajuda a pensar”. 

Embora existam teorias de que mais de 80% do conteúdo consumido será gerado por robôs, o humano se mantém crucial para insights e provocações, segundo Zaca. 

“É um espaço fora do mundo aonde a IA vai dominar”, disse o CEO da Drops, prevendo uma tendência à busca por mais conexão humana. Prado complementou, afirmando que, no final do dia, “as pessoas querem se conectar”. 

A IA, para eles, é uma ferramenta poderosa para auxiliar na escrita, pesquisa e verificação de fontes, mas não substitui a curadoria humana e o fator de autenticidade. 

A questão da confiabilidade das fontes em um cenário de conteúdo gerado por IA também foi abordada. A curadoria, segundo os painelistas, exige um “olho treinado” e uma revisão humana rigorosa de datas, nomes e números. 

Prado também destacou que sua equipe de trabalho utiliza ferramentas como o Perplexity, mas sempre com o fator humano de continuar pesquisando e questionando. Além disso, a diversificação de canais foi outro ponto crucial. 

“Precisamos estar presentes em plataformas“, explicou Greco, citando o Instagram, YouTube e Twitter como “audiência alugada”, que são canais importantes para descoberta. No entanto, a “audiência proprietária”, como a newsletter, é onde a intenção de consumo é maior e mais valiosa, destacou Zaca.

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