Afinal, quem é a “Sally” da música Don’t Look Back in Anger, do Oasis?
A banda Oasis, que volta ao Brasil neste mês de novembro para dois shows épicos em São Paulo, onde vai encerrar a turnê de retorno com mais de 130 mil fãs no estádio do Morumbi, tem várias músicas com histórias curiosas.
“Talk Tonight”, por exemplo, é sobre uma mulher que Noel Gallagher conheceu nos EUA durante a primeira turnê do Oasis. “Married With Children” é sobre uma ex-namorada que odiava as músicas de Noel. “Sunday Morning Call” é sobre gente rica e influente que começou a encher o saco de Noel depois que ele ficou famoso (os fãs especulam que seja sobre a modelo Kate Moss).
Já “Live Forever” é sobre ter um melhor amigo e dividir uma cumplicidade que só os dois entendem. É também uma cutucada em Kurt Cobain: “Parecia pra mim que aqui estava esse sujeito que tinha tudo e estava triste. Enquanto a gente tinha nada e eu ainda achava que acordar de manhã era a melhor coisa do mundo”, declarou Noel certa vez.
Mas e quanto a “Don’t Look Back In Anger?”, um dos maiores sucessos da banda (e também dos anos 90)? Lançada como single em fevereiro de 1996, essa foi a quinta faixa retirada do segundo álbum da banda, (What’s the Story) Morning Glory?.
A letra conta a história de uma mulher chamada Sally, que olha para sua vida sem arrependimentos. O refrão diz: “então, Sally pode esperar / ela sabe que é tarde demais / conforme ela passa / minha alma esvanece / mas ‘não olhe pra trás com raiva’ / ouvi você dizer”.
Em uma entrevista de 2018, Noel Gallagher disse que escreveu a faixa após sair de uma boate de strip. “Começou como uma música de desafio, sobre essa mulher: ela está, metaforicamente, vendo o diário de sua vida passar diante dela, e pensa: ‘Sabe de uma coisa? Não tenho arrependimentos.’ Ela está brindando a isso. Depois, virou uma música de celebração. E agora, é como um hino. Eu não a toco mais sem ser acústica; não parece certo. Acho que ainda é uma música de desafio”, contou.
Ele não estava mencionando esse tema à toa: no ano anterior, um ataque terrorista em Manchester (cidade natal do Oasis) tirou a vida de 22 pessoas. Em uma vigília pelas vítimas, os habitantes da cidade cantaram juntos Don’t Look Back In Anger de forma espontânea. O vídeo do momento correu o mundo e virou símbolo, junto com a música, da resistência dos mancunianos, os nativos de Manchester, contra a violência.
Ok, mas quem seria a tal Sally?
Segundo Noel, o nome veio a ele em Paris antes de um show do Oasis, no qual eles iriam tocar com a banda The Verve. “Eu tinha os acordes para aquela música e comecei a escrevê-la. Estávamos agendados para tocar dois dias depois. Nosso primeiro grande show em arena — hoje chamada Sheffield Arena”, disse ele à revista Uncut em 2007.
“No soundcheck, eu estava dedilhando o violão e nosso garoto [Liam] disse: ‘O que é isso que você está cantando?’ Eu nem estava cantando, na verdade. Só estava improvisando. E nosso garoto disse: Você está cantando ‘Então, Sally pode esperar?’ E eu fiquei tipo — isso é genial! Então comecei a cantar: ‘Então Sally pode esperar.’ Lembro de voltar para o camarim e escrever a letra. Depois disso, tudo aconteceu muito rápido.”
Em 2009, numa entrevista para o livro The Art of Noise: Conversations With Great Songwriters, Noel complementou a história, dizendo que estava cantando uma letra aleatória e Liam entendeu errado. “Eu estava tocando a música na passagem de som. Estava cantando e não tinha a palavra, eu estava dizendo algo mas não lembro o quê. Ele veio e disse: ‘Quem é Sally?’ e eu falei, ‘Do que tá falando?’, e ele disse ‘Quem é essa Sally que pode esperar?’ e eu falei ‘gênio da p***’. Não vou te dar dinheiro nenhum por isso, aliás”.
Em 2017, falando com fãs no Festival de Glastonbury, Noel deu uma outra versão para a história. “Um ano atrás, eu estava fazendo um show com Richard Ashcroft [vocalista do The Verve]. Eu sempre achei que tinha sido o Liam que tinha sugerido ‘Sally’, mas o Richard disse ‘fui eu’”, contou.
Sally, portanto, nunca existiu. Foi inventada por Liam Gallagher ou talvez Richard Ashcroft em alguma passagem de som em Paris enquanto Noel lutava para achar uma letra boa.
“Não conheço realmente ninguém chamada Sally. Foi só uma palavra que coube, sabe, posso muito bem jogar um nome de mulher no meio. Vai garantir que alguém pegue uma garota chamada Sally, não vai?”.
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