A ONU alerta que “consequências devastadoras para o mundo” agora são inevitáveis, à medida que nos aproximamos de “pontos de inflexão catastróficos”

O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um alerta contundente sobre o futuro climático do planeta. Segundo ele, a humanidade já falhou em conter o aquecimento global dentro do limite de 1,5 °C, estabelecido pelo Acordo de Paris. Em entrevista concedida antes da COP30, que será realizada em novembro de 2025 na cidade de Belém, no Brasil, Guterres afirmou que o aumento acima desse patamar é “inevitável” e trará “consequências devastadoras”.

De acordo com o líder das Nações Unidas, o planeta vive uma década de temperaturas recordes, variando entre 1,24 °C e 1,28 °C acima dos níveis pré-industriais — a mais quente já registrada. Mesmo assim, menos de um terço dos países enviou suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, conhecidas como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).

“O fato é que falhamos em evitar o aumento acima de 1,5 °C nos próximos anos”, declarou Guterres. “E ultrapassar esse limite significa enfrentar consequências devastadoras. Alguns desses impactos são pontos de inflexão, seja na Amazônia, na Groenlândia, na Antártica Ocidental ou nos recifes de corais.”

O secretário-geral também destacou que, entre os compromissos já apresentados, as metas estão muito aquém do necessário. Segundo ele, as NDCs atuais representam apenas 10% de redução nas emissões, quando o planeta precisaria cortar pelo menos 60% para manter a meta de 1,5 °C dentro do alcance.

Durante o mandato de Donald Trump, os Estados Unidos chegaram a se retirar do Acordo de Paris, o que, segundo Guterres, agravou ainda mais a falta de coordenação global no combate à crise climática.

O português, que tem se posicionado de forma cada vez mais enfática sobre o tema, apelou aos líderes mundiais para que mudem de rumo de forma urgente. “É absolutamente indispensável alterar o curso atual para garantir que o excesso seja o mais breve e o menos intenso possível. Isso é essencial para evitar pontos de não retorno, como o colapso da Amazônia. Não queremos ver a floresta se transformar em uma savana, mas esse é um risco real se não reduzirmos as emissões de forma drástica e imediata.”

Apesar do pessimismo em relação ao curto prazo, Guterres acredita que ainda é possível reverter parte do dano até o fim do século, desde que os governos adotem compromissos concretos na COP30 e mantenham o foco nos anos seguintes.

A Conferência das Partes (COP30) ocorrerá entre 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém, e promete ser um marco na discussão sobre o futuro climático global, especialmente por acontecer em um país que abriga uma das maiores reservas de biodiversidade do planeta: a Floresta Amazônica.

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