Estrela do TikTok é sequestrada e executada publicamente por grupo terrorista

A morte de Mariam Cissé, uma jovem influenciadora digital do Mali, causou profunda comoção em todo o país e trouxe novamente à tona a violência crescente que assola a região. Conhecida por seus vídeos nas redes sociais, Mariam compartilhava o cotidiano na cidade de Tonka, na região de Timbuktu, e contava com cerca de 100 mil seguidores em sua conta no TikTok.

Em suas publicações, a jovem mostrava orgulho pelo Mali e demonstrava apoio às forças armadas locais. Em alguns vídeos, aparecia vestida com uniforme militar, expressando mensagens como “Vive Mali”, que significa “Viva o Mali”. Esse posicionamento, porém, pode ter despertado a fúria de grupos extremistas que atuam no país.

De acordo com familiares, Mariam foi sequestrada por um grupo jihadista na última quinta-feira. O irmão da influenciadora relatou à agência AFP que os sequestradores a acusaram de “informar o exército malinês sobre os movimentos deles”. Após o sequestro, ela teria sido levada de moto até Tonka, onde foi executada em plena praça pública, conhecida como Praça da Independência.

O Mali enfrenta uma insurgência jihadista em curso

Testemunhas contaram que o local ficou tomado por moradores assustados, incapazes de reagir. Entre eles estava o próprio irmão da vítima, que presenciou o momento da execução. Fontes de segurança confirmaram que Mariam foi morta sob a acusação de ter colaborado com o exército, supostamente registrando vídeos e repassando informações.

O caso acontece em meio a um cenário de tensão crescente. Desde 2012, o Mali enfrenta uma insurgência jihadista que se espalhou pelo norte e centro do país, deixando milhares de mortos e milhões de deslocados. Mesmo sob o comando de uma junta militar desde 2021, as autoridades não têm conseguido conter o avanço dos grupos extremistas, que impõem bloqueios e dificultam o transporte de combustível e mantimentos.

O Mali enfrenta uma insurgência jihadista em curso

A União Africana (UA) demonstrou preocupação com a escalada da violência. O presidente do órgão, Mahmoud Ali Youssouf, declarou estar alarmado com “a rápida deterioração da segurança” e com “os bloqueios que impedem o acesso a suprimentos essenciais, agravando a crise humanitária”. Ele também condenou os “ataques deliberados contra civis inocentes”, classificando-os como “perdas inaceitáveis de vidas”.

A UA afirmou estar disposta a apoiar o Mali e os demais países do Sahel, região que enfrenta desafios semelhantes. Apesar das promessas do governo militar de restaurar a estabilidade, vastas áreas do leste e norte continuam fora do controle estatal, o que permite que grupos extremistas ampliem seu domínio e consolidem a violência contra a população.

A tragédia de Mariam Cissé expõe o perigo enfrentado por quem tenta se expressar livremente em meio ao caos, e reforça a gravidade da situação em um país que luta para recuperar a paz.

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