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Preso no carro em chamas: a pior morte da história da Fórmula 1

A história da Fórmula 1 é marcada por corridas inesquecíveis e pilotos heróicos, mas também por tragédias, como a batida que tirou a vida de Ayrton Senna em 1994 e o choque entre Jules Bianchi e um guindaste em 2014, também resultante em morte. “Há uma mentira que todos os pilotos contam para si mesmos. A de que a morte é algo que acontece com outras pessoas. E é assim que você encontra a coragem para entrar no carro em primeiro lugar”, disse uma vez o ex-piloto James Hunt.

Mas a morte aconteceu para o britânico Roger Williamson em 29 de julho de 1973, durante o Grande Prêmio da Holanda. Ele estava em seu primeiro ano na Fórmula 1, após temporadas vitoriosas na Fórmula 3 e na Fórmula 2.  Sua equipe era a March Engineering, fundada por Max Mosley (que, entre 1993 e 2009, seria o presidente da Federação Internacional de Automobilismo). Era apenas sua segunda corrida na categoria principal. 

O tempo não estava bom para a prova disputada no Circuito de Zandvoort. A chuva leve tornava a pista escorregadia, com as 14 curvas da pista exigindo atenção especial. Williamson largou em 15º lugar e, após oito voltas, conseguiu pular para 13o, sendo perseguido por David Purley, piloto da Lola (tanto a March quanto a Lola deixaram a F1 na década de 1990).

Ao entrar na primeira de duas curvas muito rápidas, o pneu dianteiro esquerdo de Williamson estourou, forçando seu March vermelho a desviar para a barreira de metal. A pista de Zandvoort havia sido recentemente reformada e a barreira havia sido instalada incorretamente na areia, não no concreto. Com isso, acabou entortando e funcionando como rampa de lançamento para o carro de Williamson.

O March 731 do piloto britânico foi arremessado 70 metros antes de cair de cabeça para baixo e deslizar pelos trilhos por mais de 100 metros até parar em um muro de contenção. A batida rachou o tanque de combustível, que, ao ser arrastado pelo asfalto, criou faíscas, dando início a um incêndio. O carro parou em situação desesperadora: capotado e envolto em chamas. Williamson não tinha como sair.

Morte na pista

Quando Purley, que vinha logo atrás, viu a situação, não teve dúvidas: parou seu carro e foi ajudar o colega (foi o único piloto a fazer isso). Williamson estava vivo, mas preso. Sozinho, Purley tentou virar o carro de Williamson enquanto este gritava. Incapaz de lidar com o peso do veículo, Purley queimou os dois braços e estourou vasos sanguíneos no esforço.

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Nessa época, a transmissão da Fórmula 1 na TV ainda era esparsa: nem todas as partidas eram transmitidas e as que eram tinham poucas câmeras. Mas o Grande Prêmio da Holanda de 1973 foi televisionado. As cenas de Purley, sozinho, tentando desesperadamente salvar a vida de Williamson correram o mundo.

Perto dele, fiscais de pista só puderam assistir à cena: nenhum deles usava roupas à prova de fogo (Purley também não). A não mais de 90 metros da curva, a tripulação de um veículo de combate a incêndio permaneceu imóvel.

Passaram-se minutos enquanto apenas um homem se arriscava em meio às chamas para tentar salvar a vida de outro. Purley chegou até mesmo a achar um extintor de incêndio próximo, mas o instrumento não deu conta de apagar o inferno.

“Eu podia ver que Roger estava vivo e podia escutá-lo gritando, mas não conseguia virar o carro”, Purley disse em uma entrevista posterior. “Eu estava tentando fazer as pessoas me ajudarem, e se eu conseguisse virar o carro ele ficaria bem, nós poderíamos tê-lo tirado de lá”, declarou.

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Eventualmente, os oficiais de pista pegaram Purley pelos braços e o removeram da cena. Não havia mais nada a ser feito.

Williamson morreu asfixiado pela fumaça. Ele tinha 25 anos de idade. Foram necessários oito minutos passados do momento do acidente para que uma equipe de contenção de chamas chegasse à cena, embora não pudessem fazer muito. O incêndio só cedeu após a chegada de uma segunda equipe, quase 20 minutos após a batida. Com as chamas apagadas, os oficiais colocaram o carro de volta em pé.

As fotos do carro desvirado, com o corpo ainda no cockpit, também povoam a internet hoje, um registro mórbido do despreparo da Fórmula 1 e da inação dos oficiais durante a situação. Foi Purley que achou um pano para colocar sobre a cabeça do piloto falecido.

O desfecho

A corrida nunca foi interrompida. A única medida de segurança foram as bandeiras amarelas acenadas para os corredores para sinalizar o acidente. Os pilotos continuaram passando ao lado do carro em chamas como se nada tivesse acontecido, atravessando a nuvem de fumaça. “A gente dirigia por entre o fogo bastante naquela época”, afirmou em uma entrevista o piloto Jackie Stewart.

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Não havia justificativa para o despreparo: três anos antes, o piloto britânico Piers Courage havia sofrido um acidente bastante similar, capotando com o carro em chamas. A diferença foi que Courage morreu instantaneamente, com o crânio atingido por uma roda solta.

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Uma estátua de Williamson foi erguida depois no circuito de Donington Park, em Leicestershire, que pertencia a Tom Wheatcroft, mentor e patrocinador do piloto — e que, nas palavras de seu próprio filho, nunca mais foi o mesmo depois de perder o amigo na tragédia. David Purley recebeu a George Medal, uma medalha concedida pelo Reino Unido a civis por atos de bravura.

As corridas ganharam algumas mudanças após o acidente: roupas à prova de fogo para os oficiais de pista, melhor treinamento, mais extintores no circuito e comunicação adequada com o controle.

Também houve melhorias no circuito de Zandvoort, incluindo o ancoramento correto das barreiras. A pista saiu da Fórmula 1 em 1985 e voltou em 2021, mas o trecho onde Williamson morreu não existe mais — foi vendido para incorporadores imobiliários quando os donos enfrentaram dificuldades financeiras na década de 1980.

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Roger Williamson acabou entrando para a história como um talento que morreu precocemente, vítima de um acidente terrível e do despreparo dos responsáveis em lidar com a situação.

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augustopjulio

Sou Augusto de Paula Júlio, idealizador do Tenis Portal, Tech Next Portal e do Curiosidades Online, tenista nas horas vagas, escritor amador e empreendedor digital. Mais informações em: https://www.augustojulio.com.