Todos estão dizendo a mesma coisa após Trump postar vídeo perturbador com IA em que aparece jogando fezes em manifestantes

A madrugada de domingo, 19 de outubro, foi marcada por um episódio que gerou forte reação nos Estados Unidos. O presidente Donald Trump publicou na plataforma Truth Social um vídeo criado por inteligência artificial em que aparece sobrevoando a cidade de Nova York em um jato fictício chamado “King Trump”, usando uma coroa na cabeça e despejando fezes sobre manifestantes que protestavam contra seu governo.

A gravação surgiu poucas horas após grandes manifestações conhecidas como “No Kings”, realizadas em 2.500 cidades distribuídas pelos 50 estados do país, incluindo Nova York, Miami e Los Angeles. Os protestos tinham como objetivo criticar o que os organizadores chamaram de tentativa de “concentração autoritária de poder”. Cartazes com frases como “Democracia, não Monarquia” e “A Constituição não é opcional” dominaram as ruas.

O vídeo foi publicado por Trump ao som da música “Danger Zone”, lançada em 1986 pelo cantor Kenny Loggins e popularizada pelo filme Top Gun. A cena retrata o presidente pilotando o jato fictício, sobrevoando multidões e despejando baldes de excrementos sobre os manifestantes abaixo. O conteúdo viralizou rapidamente após ser compartilhado por um perfil popular na plataforma X (antigo Twitter), chegando também ao Reddit, onde gerou milhares de comentários indignados.

“Se qualquer outro presidente fizesse algo assim, o país inteiro explodiria”, escreveu um usuário. Outro afirmou: “Não acredito que isso vem do presidente de um país”. Um terceiro ironizou: “Republicanos devem estar muito orgulhosos disso”. E outro completou: “Cada vez que ele faz alguma coisa, eu me pergunto se isso realmente está acontecendo. Ele deveria ser um presidente — e é um homem adulto”.

Além dessa publicação, Trump compartilhou outros vídeos em suas redes. Em um deles, ele aparece colocando uma coroa na cabeça ao som da música “Hail to the King”, da banda Avenged Sevenfold.

Enquanto isso, líderes republicanos reagiam aos protestos. O presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, classificou as manifestações como “comícios que odeiam a América” e acusou parlamentares democratas de “vender camisetas do evento”. Johnson ainda afirmou que a paralisação do governo não seria encerrada antes do término dos atos, acusando a oposição de temer a própria base eleitoral.

A coalizão “No King” rebateu as declarações por meio de um comunicado anônimo divulgado à imprensa. Segundo o texto, Johnson estaria “sem justificativas para manter o governo fechado”. A mensagem também dizia: “Em vez de reabrir o governo, proteger o acesso à saúde e reduzir os custos para as famílias trabalhadoras, ele está atacando milhões de americanos que se reúnem pacificamente para afirmar que os Estados Unidos pertencem ao povo, não a reis”.

Trump também falou sobre o episódio em entrevista à Fox News. Ao ser questionado sobre os protestos, respondeu: “Um rei! Isso não é uma encenação. Estão me chamando de rei. Eu não sou um rei”.

De acordo com as autoridades locais, cerca de 100.000 pessoas participaram dos atos nos cinco distritos de Nova York. Não houve registros de prisões relacionadas aos protestos. Entre as figuras políticas presentes nos eventos estavam os senadores Bernie Sanders, Raphael Warnock, Cory Booker e Chuck Schumer, além do deputado Adam Schiff.

A repercussão do vídeo continua a se espalhar, ampliando o debate político em um momento de forte polarização no país e aumentando a tensão entre governo, oposição e manifestantes.

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