Usuários de pornografia são alertados sobre ameaça que grava secretamente pela câmera antes de usar as imagens para extorsão

Uma nova ameaça digital está preocupando especialistas em segurança cibernética: um malware capaz de detectar quando uma pessoa acessa conteúdo adulto no computador. Diferente de e-mails falsos que apenas ameaçam vazar informações íntimas, esse software malicioso pode transformar essas ameaças em algo real e perigoso.

O programa, conhecido como Stealerium, foi analisado por pesquisadores da empresa Proofpoint. Ele age de forma silenciosa, registrando imagens da tela e até capturas da webcam no momento em que identifica termos sensíveis no navegador, como “porn” ou “sex”. Essas informações são enviadas automaticamente para criminosos virtuais, que podem usá-las para extorsão.

Como o Stealerium infecta os dispositivos

A principal forma de disseminação é por meio de e-mails de phishing. Esses e-mails são criados para parecerem legítimos, muitas vezes imitando mensagens de bancos, serviços de streaming ou instituições de caridade. Os criminosos escolhem assuntos que chamam a atenção, como “Fatura pendente”, “Intimação judicial” ou “Fatura em anexo”.

Quando a vítima clica em um link ou abre o anexo malicioso, o malware é instalado silenciosamente no sistema. A partir desse momento, ele começa a vasculhar o computador em busca de dados sensíveis, como senhas, informações de cartões de crédito, histórico de conversas, dados de criptomoedas e histórico de navegação.

O que acontece depois da infecção

Uma vez ativo, o Stealerium monitora continuamente a atividade no navegador. Quando detecta palavras relacionadas a conteúdo sexual, inicia automaticamente a captura de imagens da tela e da webcam, sem que o usuário perceba. Essas capturas são então enviadas para os criminosos por meio de plataformas como Discord, Telegram ou e-mail.

Com esse material em mãos, os hackers podem chantagear as vítimas exigindo pagamentos em troca de silêncio. Como muitas pessoas têm vergonha de denunciar casos de “sextorsão”, os criminosos exploram esse medo para lucrar individualmente com cada ataque.

Quem está na mira dos golpistas

Esse tipo de esquema não mira empresas, mas sim pessoas comuns. A estratégia é baseada na intimidação. Selena Larson, pesquisadora da Proofpoint, explicou à revista Wired que infostealers tradicionais já são perigosos por coletarem grandes quantidades de dados pessoais. Mas a função de capturar automaticamente imagens durante a navegação em sites adultos eleva o nível de invasão de privacidade a outro patamar.

Outro pesquisador da empresa, Kyle Cucci, afirmou que a capacidade de fazer capturas automáticas de webcam nesse contexto é “praticamente inédita”. Embora não haja registros confirmados de vítimas extorquidas com base nesse recurso específico, a existência dessa funcionalidade indica que ela pode já estar sendo explorada.

Como se proteger

A melhor defesa começa com a prevenção. Desconfiar de e-mails inesperados é essencial. Links e anexos só devem ser abertos quando houver absoluta certeza de sua legitimidade. Sempre que possível, é mais seguro digitar o endereço do site diretamente no navegador em vez de clicar em links recebidos por mensagem.

Outra medida simples e eficaz é cobrir fisicamente a webcam quando ela não está em uso. Manter o sistema operacional atualizado, instalar correções de segurança regularmente e usar um antivírus confiável também ajudam a reduzir as chances de infecção.

Phishing em massa é fácil de automatizar, o que significa que qualquer pessoa pode se tornar alvo. Por isso, atenção redobrada ao que chega na caixa de entrada pode fazer a diferença entre navegar com segurança ou ter informações íntimas nas mãos de criminosos.

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