Estado dos EUA se prepara para executar uma mulher pela primeira vez em mais de 200 anos

Pela primeira vez em dois séculos, o estado do Tennessee se prepara para executar uma mulher. O caso envolve Christa Gail Pike, atualmente com 49 anos, que foi condenada por um assassinato brutal ocorrido em 1995 e deverá enfrentar a pena de morte em 30 de setembro de 2026.

O retorno da pena capital tem sido incentivado pelo presidente Donald Trump desde que reassumiu a Casa Branca em janeiro. Ele defende a retomada das execuções como uma medida “preventiva” diante do aumento das taxas de criminalidade nos Estados Unidos e chegou a pedir que a pena fosse restabelecida em Washington D.C., onde havia sido abolida em abril de 2023. Desde o início de 2025, 34 execuções já foram realizadas no país, e outras estão programadas para os próximos anos.

Christa Pike tinha apenas 18 anos quando assassinou Colleen Slemmer em Knoxville, no Tennessee. Segundo os autos do processo, ela e dois cúmplices atraíram a jovem para uma área isolada de um bosque, onde a agrediram violentamente com socos, chutes e objetos contundentes. Slemmer foi esfaqueada e espancada até a morte, e Pike chegou a esculpir um pentagrama no peito da vítima.

De acordo com a acusação, o crime teria sido motivado por ciúmes, já que Pike acreditava que Colleen estava tentando se envolver com seu namorado. A brutalidade do assassinato chocou a cidade: um funcionário que encontrou o corpo afirmou em depoimento que, devido ao estado em que a vítima foi deixada, chegou a pensar que se tratava de um animal morto.

O caso ganhou ainda mais notoriedade quando veio à tona que Pike guardou um fragmento do crânio de Slemmer como “troféu” e chegou a exibi-lo para colegas. Em 1996, apenas um ano após o crime, ela foi julgada e considerada culpada de homicídio qualificado. Na época com 20 anos, tornou-se a pessoa mais jovem no corredor da morte dos Estados Unidos. Desde então, passou quase três décadas presa e continua sendo a única mulher no corredor da morte do Tennessee.

Christa Gail Pike está atrás das grades há 30 anos (Departamento de Correções do Tennessee)

Desde 1976, apenas 18 mulheres foram executadas nos Estados Unidos. Se a sentença for cumprida como previsto, Pike será a 19ª a receber a pena capital e a primeira em 200 anos no estado. A execução deve acontecer na Riverbend Maximum Security Institution, em Nashville, onde fica localizada a câmara de execução do Tennessee.

A equipe de defesa de Pike tenta há anos adiar a sentença ou convertê-la em prisão perpétua sem direito à liberdade condicional. Os advogados alegam que, se fosse julgada nos dias atuais, dificilmente uma jovem de 18 anos receberia a pena de morte.

Eles também argumentam que as ações de Christa foram fortemente influenciadas por um passado de violência e abandono. “A infância de Christa foi marcada por anos de abuso físico e sexual e por negligência”, declarou a defesa ao jornal USA Today. “Com o tempo e o tratamento adequado para transtorno bipolar e estresse pós-traumático — diagnósticos que só vieram anos depois —, Christa se tornou uma mulher reflexiva e profundamente arrependida pelo que fez.”

O caso reacendeu debates intensos nos Estados Unidos sobre a aplicação da pena de morte em jovens criminosos e em pessoas com histórico de trauma e transtornos mentais. Enquanto as autoridades de Tennessee se preparam para a execução, os advogados seguem tentando reverter a sentença que pode tornar Christa Pike a primeira mulher executada no estado em dois séculos.

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