Nirvana ganha processo movido por bebê nu na capa do álbum ‘Nevermind’

Em 1991, a capa do álbum Nevermind, do Nirvana, se tornou um dos símbolos mais marcantes da história do rock. A imagem de um bebê nu nadando em direção a uma nota de dólar presa a um anzol atravessou gerações e vendeu mais de 30 milhões de cópias ao redor do mundo. O que poucos sabiam é que, décadas depois, o bebê da foto se tornaria o centro de uma polêmica batalha judicial.

Spencer Elden tinha apenas quatro meses quando seus pais receberam uma ligação do fotógrafo Kirk Weddle, amigo da família, pedindo permissão para usá-lo em um projeto fotográfico. Eles aceitaram e receberam 200 dólares pelo ensaio, sem imaginar que a imagem ganharia proporções globais.

Anos mais tarde, já adulto, Elden decidiu processar os membros remanescentes do Nirvana, Dave Grohl e Krist Novoselic, além de Courtney Love, viúva de Kurt Cobain, e o próprio fotógrafo. Em sua ação, movida inicialmente em 2021, ele alegou que a capa violava leis federais de pornografia infantil, argumentando que se tratava de uma representação “lasciva” dos genitais de uma criança.

Kurt Cobain (ao centro) e Krist Novoselic (à direita) formaram a banda em 1987, enquanto Dave Grohl (à esquerda) se juntou em 1990

“Spencer’s true identity and legal name are forever tied to the commercial sexual exploitation he experienced as a minor”, declararam seus advogados à época, afirmando que sua associação com a imagem havia causado danos duradouros.

O processo foi rejeitado em primeira instância no ano seguinte, mas voltou à ativa em 2023, após a Corte de Apelações do 9º Circuito decidir que o caso poderia seguir adiante. Agora, em 30 de setembro, o juiz Fernando M. Olguin encerrou definitivamente a disputa, classificando as alegações como infundadas.

Em sua decisão, Olguin explicou: “Nem a pose, nem o ponto focal, nem o cenário, nem o contexto geral sugerem que a capa do álbum apresente conduta sexualmente explícita. Essa imagem — que mais se assemelha a uma foto familiar de uma criança nua tomando banho — é claramente insuficiente para sustentar uma acusação de pornografia infantil.”

O advogado da banda, Bert H. Deixler, celebrou o desfecho: “Estamos satisfeitos que o tribunal tenha encerrado esse caso sem mérito e libertado nossos clientes criativos do estigma de falsas acusações.”

O processo de Spencer foi rejeitado pela segunda vez (YouTube/TODAY)

Outro ponto considerado pelo juiz foi o prazo legal para esse tipo de ação. Em sua decisão, ele destacou que o autor não conseguiu provar que teve conhecimento de uma violação enquanto era menor de idade nem de um dano ocorrido dentro do período de dez anos exigido por lei.

Curiosamente, em 2016, Spencer recriou a famosa capa — dessa vez vestindo um calção de banho — em comemoração aos 25 anos do álbum. “Eu disse ao fotógrafo: ‘Vamos fazer nu’. Mas ele achou que seria estranho, então usei meus shorts”, contou ao The New York Post. “É legal, mas esquisito, fazer parte de algo tão importante de que nem sequer me lembro.”

A decisão judicial encerra uma das disputas mais comentadas envolvendo o legado do Nirvana e uma das imagens mais icônicas da cultura pop. Mesmo após décadas, a foto do bebê nadando segue sendo um marco da música e da arte dos anos 1990.

Esse Nirvana ganha processo movido por bebê nu na capa do álbum ‘Nevermind’ foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.