Entenda o escândalo da competição mundial de fazer pedras quicarem na agua
Poucos esportes no mundo começam com uma caminhada até a beira d’água, uma pedra fria na palma da mão e a esperança de arrancar aplausos com um simples “plop”. Mas, na ilha de Easdale, na costa oeste da Escócia, esse ritual se transforma, uma vez por ano, em campeonato mundial – com juízes, regras rigorosas e até um pequeno escândalo.
O cenário parecia idílico: mais de 2.200 pessoas de 27 países reunidas em uma antiga pedreira de ardósia inundada, em uma ilha sem carros na costa oeste da Escócia. Era setembro, época do tradicional World Stone Skimming Competition, torneio criado em 1983 e hoje considerado o ápice mundial de uma atividade que mistura física, paciência e um pouco de poesia: fazer uma pedra quicar sobre a água.
Mas este ano, a tranquilidade foi interrompida por algo incomum – e, para muitos, impensável. Um pequeno grupo de competidores foi acusado de manipular pedras, arredondando-as artificialmente para aumentar o potencial de saltos.
“Ouvi rumores e murmúrios de que havia más intenções”, disse Kyle Matthews, conhecido como Toss Master e um dos organizadores do evento, em entrevista à rádio BBC. “Houve um pouco de ‘cirurgia’ nas pedras.”
As regras são claras: os competidores só podem usar pedras naturais da ilha, sem nenhum tipo de alteração, e que não ultrapassem sete centímetros de diâmetro. Para isso, os juízes usam um dispositivo de medição chamado de “anel da verdade” para garantir que cada pedra tenha o tamanho verificado e garantido pela organização do evento.

Um competidor tem três tentativas para fazer suas pedras viajarem o mais longe possível, dentro dos 63 metros de comprimento da pedreira. A pedra precisa quicar pelo menos duas vezes e deve permanecer dentro de uma área demarcada. A pontuação final é a soma da distância de todas as tentativas válidas
Ao serem confrontados, os competidores admitiram o truque, levantando as mãos em público e pedindo desculpas. Nenhum deles venceu a competição, o que fez o episódio soar mais como uma anedota do que como uma ameaça real. Ainda assim, foi a primeira vez que se registrou um caso de trapaça na história do campeonato.
Enquanto a tensão se dissipava, a competição seguiu seu curso. Entre os destaques estava um dos quicadores de pedras profissionais, Jon Jennings. Na competição deste ano, Jennings conseguiu pontos cumulativos de 117 metros em três lançamentos. “Meu objetivo era apenas entrar no top 50 e me classificar para o ano que vem”, disse ele à Popular Science. “Ainda não acredito.”
Ele ganhou venceu em primeiro lugar e ainda garantiu o novo recorde de distância da competição.
Jennings atribui seu sucesso à ciência por trás do gesto aparentemente simples. Ele cita seu mentor e amigo, Kurt Steiner, detentor do recorde mundial de maior número de quicadas em um único arremesso (88). “A pedra precisa tocar a água em um ângulo de 15 a 20 graus, com rotação suficiente para estabilizar o voo”, explicou Jennings ao site de ciência.
Curiosamente, Jennings também acredita que os competidores que tentaram manipular pedras escolheram mal. “Prefiro pedras mais quadradas, com bordas planas”, contou.
O segredo por trás de uma boa pedrada que quica não está apenas na habilidade do braço, mas também na física do todo. Quando a pedra é lançada, ela segue uma trajetória balística, guiada pela combinação de força, velocidade e ângulo. A gravidade a puxa para baixo, mas o movimento inicial – o impulso dado pelo arremesso – mantém o objeto em trajetória até o inevitável encontro com a superfície da água.
É nesse instante que a mágica acontece: ao tocar a água, a pedra tem sua velocidade vertical invertida e parte de sua energia horizontal reduzida. Esse choque cria o salto inicial, sustentado pelo princípio da conservação do momento. Cada novo contato com a água consome energia, diminuindo gradualmente a altura e a distância dos pulos até que, sem força suficiente, a pedra se rende e afunda.
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