Novo planeta anão no Sistema Solar põe hipótese do “Planeta 9” em xeque
Um time de astrônomos no Japão descobriu um possível novo planeta anão, localizado para além de Plutão. Detectado pela primeira vez em março de 2023 pelo telescópio japonês Subaru, que fica no Havaí, esse corpo celeste foi batizado de 2023 KQ14 e apelidado de “Ammonite”.
A descoberta do novo planeta anão foi anunciada num artigo publicado na Nature Astronomy. O apelido vem do fóssil de um cefalópode que sumiu da face da Terra, que chamamos de amonitas. O nome paleontológico surgiu porque o planeta foi encontrado durante o projeto de pesquisa FOSSIL (Formation of the Outer Solar System: An Icy Legacy, ou “formação do sistema solar exterior: um legado gelado” em português).
O planeta anão é um sednoide, nome que os astrônomos usam para classificar objetos que ficam depois de Urano, com um periélio (ponto da órbita em que o corpo celeste está mais próximo do Sol) de pelo menos 50 Unidades Astronômicas, medida que indica a distância entre a Terra e o Sol.
O nome vem de Sedna, um planeta anão nos cafundós do Sistema Solar descoberto em 2004. Ammonite é o 4º objeto desse tipo já identificado.
A descoberta de um novo planeta anão já seria motivo suficiente para chamar a atenção da comunidade astronômica, mas esse sednoide é ainda mais interessante. Ammonite ajuda a questionar a hipótese de que há um nono planeta desconhecido no Sistema Solar, que ainda não foi observado.
Nove planetas?
Desde que Plutão passou a ser considerado um planeta anão, em 2006, a lista oficial do Sistema Solar só conta com oito planetas. Tanto ele quanto outros planetas anões, como o Ammonite, ficam pra lá de Netuno, na periferia do nosso sistema estelar. Uma região misteriosa e escura que conhecemos pouco.
Alguns efeitos gravitacionais que ocorrem por lá não são explicados pelos planetas que conhecemos, o que leva alguns astrônomos a defenderem que esse bairro cósmico guarda um segredo: um possível nono planeta do Sistema Solar, orbitando o Sol a uma distância 20 ou 30 vezes maior do que o gigante gasoso.
A hipótese surgiu em 2016, com os astrônomos dos Estados Unidos Mike Brown e Konstantin Batygin. Analisando a órbita de vários objetos transnetunianos (corpos que orbitam o Sol pra lá de Netuno), eles perceberam que o periélio desses objetos se alinhava de uma forma bem estranha. Seria coincidência ou a gravidade de um corpo muito mais massivo estaria moldando as órbitas desses objetos espaciais? Assim surge a hipótese do “planeta nove”.
Brown e Batygin propuseram a existência de uma “super-Terra”, um planeta rochoso cinco a dez vezes mais massivo que o nosso. Outros pesquisadores, como o brasileiro Patryk Lykawka, sugerem outras possibilidades para o planeta nove, que poderia ser mais ou menos do tamanho da Terra e mais próximo do que os americanos estimaram. A Super já explicou essa controvérsia astronômica neste texto.
No caso do novo sednoide encontrado, as coisas são um pouco diferentes. Sua órbita não se alinha à dos outros objetos do mesmo tipo. Enquanto o periélio dos outros planetas ocorre na mesma região, o ponto mais próximo do Sol de Ammonite ocorre do lado oposto. A ideia é que, se o planeta nove existe, ele deve afetar a órbita do planeta anão também, e não só dos outros corpos celestes.
“A órbita atual de 2023 KQ14 não se alinha com nenhuma dos outros três sednoides, o que diminui a probabilidade da hipótese do planeta nove”, afirmou o co-autor do estudo Yukun Huang em depoimento. “É possível que um planeta assim tenha existido no Sistema Solar em algum momento e tenha sido ejetado depois, causando as órbitas peculiares que vemos hoje.”
Esse alinhamento de órbitas como principal evidência já era criticado quando Brown e Batygin apresentaram a hipótese do nono planeta do Sistema Solar pela primeira vez.
A controvérsia em torno do planeta nove não deve durar mais muito tempo: o novo Observatório Vera C. Rubin, no Chile vai mapear o céu pelos próximos dez anos com mais detalhes do que nunca. Se existe um planeta nas periferias do Sistema Solar, não vai passar despercebido pela maior câmera já construída.
Planeta 9: existe um mundo escondido no nosso Sistema Solar?
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