AI‑First na prática: quando as lideranças são orquestradores da transformação
“A Inteligência Artificial está moldando o futuro das empresas e do trabalho”. Quantas vezes você, leitor, leu ou ouviu essa frase nos últimos anos? E o quanto disso é verdade? Ou, melhor, o que ela quer dizer, de fato – e qual é o real potencial de toda essa transformação?
Para aqueles que me acompanham já há algum tempo, seja nesta coluna ou em outros canais de mídia, sabe que, na AIMANA, nós entendemos a implementação de IA como um processo não apenas contínuo, mas amplo. Envolve, logo, muito mais do que apenas adotar a ferramenta da moda ou incluir um software ou outro em seus processos de produção e gestão.
Tornar-se uma organização efetivamente AI-First exige estratégia, estrutura e cultura; significa repensar processos, capacitar diferentes camadas de gestão, priorizar áreas com potencial de impacto e, acima de tudo, integrar a IA de modo coordenado – a fim de gerar valor tanto internamente quanto externamente, para o mercado.
–
Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.
–
E, no fim das contas, todos esses objetivos e resultados partem de um ponto central: a capacidade das lideranças, nos diferentes níveis. Neste artigo, vou discorrer sobre como esse é o primeiro passo para uma organização se tornar AI-first – e de que forma essa preparação está atrelada a outros aspectos essenciais na implantação de IA nas empresas.
Acompanhe a leitura!
Lideranças como condutores de uma orquestra
Foi há cerca de dez anos que “inovação” virou a palavra de ordem entre as empresas brasileiras de forma estruturada e com presença no discurso estratégico do mercado. Neste contexto, era recorrente encontrá-la em relatórios, apresentações e discursos corporativos. Inicialmente, era uma corrida na qual, ainda, a forma – e o marketing – representava mais que o conteúdo – ou que o real impacto gerado. Era o pioneirismo acima do propósito.
Hoje, com a IA na posição de principal vetor de transformação já há alguns anos – e uma possível materialização da inovação como conceito –, espera-se discursos e posicionamentos diferentes. Não se trata de quem está fazendo melhor ou quem fez primeiro, mas sobre quem está observando retornos tangíveis sobre seu esforço e investimento.
E é justamente nesse ponto que a liderança assume um papel central – como um orquestrador da mudança em termos de processo, gestão, cultura e mentalidade. É a liderança que dá direção, mobiliza times e garante que a IA seja integrada de forma inteligente e consistente à operação.
Assim, em primeiro lugar, entendo que é necessária uma mudança de entendimento sobre a IA no ambiente de trabalho: as lideranças devem reimaginar a colaboração entre humanos e máquinas, a fim de aproveitar o máximo potencial de ambas as partes. E o delicado equilíbrio nesse trabalho de cocriação e coconstrução deve ser conduzido justamente pelos profissionais que estão mais próximos dos processos, com uma visão abrangente sobre onde a tecnologia pode realmente aprimorá-los e torná-los mais eficientes.
De acordo com um estudo conduzido pela Deloitte, o alinhamento entre a alta gerência representa um dos principais indicadores de sucesso em escala no que diz respeito à implementação de IA: iniciativas nesse sentido são bem-sucedidas quando conectadas à estratégia do negócio, em vez de implementadas com meros experimentos.
Além disso, são bem-sucedidas aquelas organizações cujas lideranças desenvolvem narrativas convincentes e coerentes sobre o propósito da IA no negócio, a partir de roadmaps bem estruturados, que garantam também o atendimento aos interesses de todos os stakeholders e partes envolvidas.
Os líderes intermediários
Centralizar aspectos fundamentais em uma implementação exitosa de IA apenas nos líderes, contudo, não é suficiente. Nesse sentido, incluir e capacitar diferentes camadas da gestão pode ser de grande valor para uma transformação bem sucedida, impulsionando, assim, a mudança de dentro para fora. E é importante que as lideranças enxerguem dessa forma.
Segundo uma pesquisa realizada pela Harvard Business Impact, apenas 48% dos líderes de nível médio sentem que suas organizações fazem uso efetivo de sua criatividade e engenhosidade para impulsionar esforços de transformação; ao mesmo tempo, 81% dos líderes seniores afirmam ter expectativas significativas de que líderes de nível médio liderem a adoção de ferramentas e tecnologias digitais.
Isso porque, enquanto as altas lideranças têm esse papel de orquestração da estratégia, são os líderes médios que conduzem a sua execução e a viabilização de mudanças transformacionais: são os profissionais que se posicionam entre as diretrizes estratégicas e a operação do dia a dia. Assim, são essenciais na incorporação, de fato, da IA nas práticas e processos, e fluxos de trabalho das equipes, identificando, também, oportunidades de melhorias que nem sempre estão à vista dos líderes em níveis mais altos.
Conclusão
Quando debatemos no dia a dia da AIMANA sobre o que significa ser AI-First, entendemos claramente que se trata muito mais do que um posicionamento de marca, ou uma mera adoção de ferramentas tecnológicas hypadas. Trata-se da transformação da empresa em termos de mentalidade, tomada de decisão e entrega e captura de valor.
Envolve, portanto, a disposição e presença dos diferentes níveis da gestão, o alinhamento de estratégia com a operação, o redesenho de processos de forma intencional, tudo a partir de uma cultura orientada à experimentação e aprendizado contínuo – mas sempre com uma narrativa por trás. Na busca por inovação, experimentar não significa agir ao acaso, mas com um propósito que justifique a tentativa.
E, conforme cresce a maturidade digital e processual das organizações, entendo que é natural que cada vez mais estas sejam capazes de integrar adequadamente pessoas e inteligência artificial – em um sistema colaborativo, inteligente e orientado também por resultados. No fim das contas, ser AI-First é menos sobre tecnologia e pioneirismo e mais sobre intenção – acompanhada da coragem de mudar, transformar e construir novos panoramas e perspectivas.
Leia a matéria no Canaltech.
O que achou dessa notícia? Deixe um comentário abaixo e/ou compartilhe em suas redes sociais. Assim conseguiremos informar mais pessoas sobre as curiosidades do mundo!
Esta notícia foi originalmente publicada em:
Fonte original