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Curiosidades

O que é a Stop Killing Games, campanha que quer salvar os jogos?

Sabe qual é a similaridade entre os jogos antigos e os Games as a Service (GaaS)? Um dia, as suas produtoras deixarão eles para trás, o que impedirá uma infinidade de jogadores de se divertirem com várias experiências.

Exemplos disso vemos aos montes, desde títulos do passado como Vagrant Story, Mega Man Legends e Pokémon FireRed & LeafGreen até nomes mais recentes como MultiVersus e The Crew. Todos eles sofreram o cruel destino de terem o seu momento e depois acabaram no esquecimento da história.

Para impedir que grandes companhias repitam esse ciclo indefinidamente, um movimento surgiu na Europa para discutir o assunto diretamente com os órgãos públicos e a comunidade: o Stop Killing Games.


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Seu objetivo é dar um fim à ação predatória das produtoras sobre a indústria gaming. Tanto para ajudar os jogadores que investem em GaaS e veem seus servidores sendo encerrados abruptamente até a preservação de games, a proposta da Stop Killing Games é salvar essas experiências.

Imagem de Concord
Muitos jogos podem ser salvos pelo Stop Killing Games (Imagem: Divulgação/Sony)

O início do debate

Olhando para o passado, todo esse debate surgiu em conjunto com os “abandonware” (softwares abandonados). Este conceito antigo trata justamente de jogos (que são softwares) que foram produzidos e não têm mais circulação — seja no formato físico ou digital. 

Um exemplo disso são jogos lançados no Mega Drive, Super Nintendo, Game Boy, PS1, Nintendo 64 e outros que continuam “presos” nessas plataformas. Nunca foram relançados, de forma alguma (nem como remasterizações), o que impede uma legião de jogadores de conhecer ou dos antigos terem uma nostalgia com eles.

E nessa discussão entra a questão dos emuladores. Através deles, muitos hoje têm acesso (de forma gratuita em grande parte dos casos) a games e consoles antigos. Porém, a indústria gaming segue uma cruzada contra os sites que disponibilizam este conteúdo — com a Nintendo se destacando entre elas, sendo amplamente conhecida por seus processos.

Imagem de Pokémon Red
A Nintendo impede que vários games cheguem ao público, mesmo não os vendendo mais (Imagem: Divulgação/Nintendo)

Ou seja, além dessas produtoras e grandes empresas não relançarem os games antigos que o público ainda deseja jogar, elas impedem que outros deem acesso às experiências. São softwares/produtos que ninguém mais lucra, nem as companhias ou quem os disponibiliza via ROMs

Vale notar que muitos deles sobrevivem mesmo sem o suporte oficial dos estúdios e detentoras da marca. The Elder Scroll III: Morrowind, por exemplo, continua recebendo conteúdo através dos fãs. Star Wars: Knights of the Old Republic II – The Sith Lords é outro inacessível que continua “vivo” até os dias atuais. 

Porém, mesmo que haja toda essa comoção social — a qual originou parte dos objetivos da Stop Killing Games —, as grandes companhias seguem atacando emuladores e sites que disponibilizam ROMs, enquanto mantém estes mesmos títulos na geladeira. 

GaaS inflamou uma ferida antiga

Porém, se havia certa revolta do público com as produtoras atacarem emuladores e a conservação de jogos no geral, ela ficou maior com ações mais efetivas anticonsumidores da indústria gaming atual. E isso envolve diretamente os GaaS — que viraram os “alvos da vez”.

Se uma companhia lança um jogo offline, focado em história, ele chega ao mercado e, independentemente do seu sucesso ou fracasso, é mantido disponível para o público. Quer exemplos recentes disso? Star Wars Outlaws, MindsEye e até Nintendo Switch 2 Welcome Tour. 

Imagem de MindsEye
O Stop Killing Games não visa títulos offline e single-player (Imagem: Divulgação/Build a Rocket Boy)

Sem entrar no mérito de suas qualidades e defeitos, é de consenso geral que nenhum deles agradou uma vasta parcela do público. Porém, eles continuam acessíveis — para quem tiver dinheiro para comprá-los, para quem quiser ou tiver curiosidade (seja por acompanhar o trabalho do estúdio, a franquia etc.). 

Porém, a partir do momento que um jogo possui modo multiplayer, as coisas fogem mais do controle. Isso se deve ao fato da produtora ou do estúdio terem custos com os servidores, o que gera um gasto contínuo para mantê-los no ar. E quando algum deles não faz sucesso, o que acontece? Isso mesmo, um aceno de “tchau tchau” e uma mensagem colossal justificando seu fim.

Esses jogos viraram os principais motores que deram o pontapé inicial ao Stop Killing Games. E exemplos são o que não faltam: MultiVersus, The Crew, The Day Before, Concord, Battleborn, Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça e diversos outros tiveram sua existência obliterada — sem dó nem piedade.

Ou seja, muitos deles já estão (ou vão se tornar) inacessíveis ao público. Em alguns casos, a produtora até exclui ele do seu dispositivo — seja console ou PC. E tem o agravante de que determinadas experiências são “premium”, o que significa que você e mais pessoas pagaram por aquele conteúdo. 

Nascimento da Stop Killing Games

Todos sabemos que os softwares que “compramos” nas plataformas como PS Store, Nintendo eShop, Steam e outras não são nossa propriedade. Eles disponibilizam uma “licença” e você poderá aproveitar enquanto aquele conteúdo estiver disponível. 

Porém, os consumidores começaram a perceber a grande desvantagem que existe neste conceito. As coisas se tornaram mais claras com o fim do suporte a The Crew, quando Ubisoft reforçou que “nenhum jogo é do usuário” e o Steam ressaltou em suas normas que ninguém tem posse destes softwares

Imagem de The Crew
The Crew foi o estopim para o surgimento do Stop Killing Games (Imagem: Divulgação/Ubisoft)

Mesmo gerando grandes debates, revolta e até piadas nas redes sociais, nada disso mudaria a forma como esse mecanismo gira. E foi neste momento que o Stop Killing Games veio à tona, no ano de 2024. A ideia é simples: desafiar a legalidade das produtoras que destroem jogos que foram vendidos.

Um dos seus principais argumentos é que nenhum deles tem uma “data de validade”, mas foram feitos para se tornarem injogáveis a partir do momento em que as produtoras decidem encerrar o suporte — seja por ser “antigo demais” ou por ter uma base multiplayer que depende dos servidores para funcionar.

O movimento Stop Killing Games surgiu na Europa e ressalta que isso é uma forma de “obsolescência programada”, o que atinge os consumidores e a própria preservação dos jogos. E o que eles pedem também é “simples”: que tragam modos offline para títulos que são exclusivamente online ou permitam que os jogadores possam criar “servidores domésticos” para partidas.

Tudo isso foi articulado pelo youtuber Ross Scott (criador da série Freeman’s Mind pela Machinima), que moveu petições que seriam levadas para autoridades no Reino Unido, França, Alemanha, Austrália e até para grupos econômicos como a União Europeia. 

Desta forma, o Stop Killing Games conseguiu mover diversos projetos de lei que já tramitavam nos órgãos governamentais desses países (que aguardam o andamento burocrático). Todos eles são criados e apresentados via petições, que recebem centenas de milhares de assinaturas do público.. 

Em uma delas, inclusive, o criador de conteúdo apresentou um documento que mostra 731 jogos que são disponibilizados apenas de forma online. Destes, 68% são inacessíveis atualmente pelas vias oficiais — um número muito alto, diga-se de passagem.

Ainda que já tenha obtido mais de 1 milhão de assinaturas em seu principal projeto de lei — que tem potencial para serem efetivados de forma global —, isso garante apenas que o assunto seja debatido pela Comissão Europeia. Ou seja: não existe garantia alguma de que esses esforços criarão uma base para impedir os estúdios e produtoras de agir como bem entenderem.

Ubisoft vs. Stop Killing Games

Mesmo com diversas companhias atuando contra os consumidores na questão da preservação de jogos e nos GaaS, a que mais atua diretamente contra o movimento Stop Killing Games é a Ubisoft. Como o fim de The Crew permitiu os primeiros passos, isso virou uma questão mais próxima para eles.

Em 2025, durante uma reunião com investidores, o CEO da Ubisoft, Yves Guillemot, respondeu aos acionistas em relação ao Stop Killing Games e como enxergam toda essa atividade:

“Todas as produtoras enfrentam isso. Você oferece um serviço, mas nada está escrito em pedra. Em algum momento, este serviço pode ser descontinuado. Nada é eterno”.

Futuro do Stop Killing Games

Como depende de ações governamentais, o Stop Killing Games pode continuar ganhando força para defender o público de ações predatórias da indústria gaming. Porém, o mesmo vale para o outro lado: ele pode perder força.

Um fato é que a preservação de jogos é algo que precisa ser debatido. Seja para títulos mais antigos ou os GaaS recentes, assim como toda a discussão de “posse” sobre os games, todos esses aspectos podem ser revisado e trazer mais conforto aos consumidores — que são, obviamente, o lado “mais fraco” desta guerra. 

É algo que “apenas o tempo” mostrará os resultados, porém é bom esperar em uma cadeira confortável. Levando em consideração que envolve órgãos do Governo global, leis e outros aspectos, isso pode levar anos ou décadas para mudar (principalmente se levar em consideração contestações, reformulações e ações do gênero). 

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augustopjulio

Sou Augusto de Paula Júlio, idealizador do Tenis Portal e do Curiosidades Online, tenista nas horas vagas, escritor amador e empreendedor digital. Mais informações em: https://www.augustojulio.com.