Improvável, mas possível… O futuro do combate ao câncer pode estar no espaço
A condição de microgravidade encontrada no espaço sempre foi explorada por cientistas para a realização de experimentos. Mais recentemente, especialistas vêm enxergando no ambiente espacial um local propício para desenvolver estudos voltados para o combate ao câncer.
- Biópsia líquida diz qual é o melhor tratamento contra o câncer
- Como exame de sangue detecta câncer e revoluciona tratamento
- Resposta imune secundária pode ser a chave da cura do câncer
Esse movimento se justifica pelo fato de que, em locais com pouca gravidade, aglomerados de células cancerígenas tendem a crescer mais rapidamente e de forma tridimensional, o que oferece novas oportunidades para observação e análise.
Cientistas da Universidade Wake Forest, nos Estados Unidos, vão aproveitar essas condições para enviar amostras de tumores à Estação Espacial Internacional (ISS), como parte de um estudo sobre o uso de órgãos artificiais em testes de câncer no espaço.
–
Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.
–
As amostras serão coletadas de cerca de 20 pacientes e divididas em duas partes: uma permanecerá na Terra e a outra será analisada em microgravidade, permitindo comparações entre os dois ambientes.
“Na Terra, a gravidade retarda o desenvolvimento do câncer porque as células normalmente precisam estar presas a uma superfície para funcionar e crescer. Mas, no espaço, aglomerados de células cancerígenas podem se expandir em todas as direções, como bolhas, leveduras ou uvas em crescimento em crescimento”, explicou Shay Soker, diretor do programa científico do Instituto de Medicina Regenerativa de Wake Forest, ao portal Space.com.

Teste com gota de sangue
Outro grupo de cientistas, desta vez da Universidade de Notre Dame, também está explorando a microgravidade para desenvolver um teste de detecção de câncer no espaço. A proposta se baseia em experimentos com bolhas formadas por células cancerígenas, e a ideia é que o rastreamento seja feito a partir de uma única gota de sangue.
“Se o rastreamento do câncer usando nossa tecnologia de bolhas no espaço for democratizado e tornado mais barato, muito mais cânceres poderão ser detectados precocemente, e todos poderão se beneficiar”, afirmou o pesquisador Tengfei Luo, da Universidade de Notre Dame.
Otimização da quimioterapia

A microgravidade também pode ser uma aliada da quimioterapia. Na gravidade terrestre, pacientes que passam pelo procedimento precisam ficar cerca de meia hora com uma agulha conectada antes que o medicamento comece a agir.
No entanto, a farmacêutica Merck, dos EUA, descobriu que, no espaço, seu medicamento contra o câncer — o pembrolizumabe — pode ser aplicado por meio de uma simples injeção.
Isso se deve ao fato de que, na ausência de gravidade, grandes moléculas cristalinas permanecem suspensas, o que pode influenciar positivamente a forma como o medicamento se comporta no organismo.
A descoberta abre caminho para que outras farmacêuticas também aproveitem o ambiente espacial para acelerar testes e revisões de medicamentos que, em condições normais, levariam anos para serem concluídos.
Laboratórios orbitais?
Shay Soker sugere que a instalação de um laboratório orbital dedicado seria um grande avanço para pesquisas voltadas ao tratamento do câncer e de outras doenças debilitantes.
“Será que podemos mesmo projetar uma estação espacial especial para o câncer, dedicada ao câncer e talvez a outras doenças? Empresas farmacêuticas com recursos certamente apoiariam esse programa”, destacou o cientista.
Segundo ele, estudos como os conduzidos por seu grupo e pela Universidade de Notre Dame podem fornecer dados fundamentais para que, no futuro, a população em geral possa realizar exames de diagnóstico em estações espaciais biomédicas.
Leia mais:
- Como o câncer se desenvolve? Estudo já tem a resposta
- 17 tipos de câncer mais comuns em jovens adultos
VÍDEO | CORAÇÃO IMPRESSO EM 3D
Leia a matéria no Canaltech.
O que achou dessa notícia? Deixe um comentário abaixo e/ou compartilhe em suas redes sociais. Assim conseguiremos informar mais pessoas sobre as curiosidades do mundo!
Esta notícia foi originalmente publicada em:
Fonte original