Hino ‘clássico’ da antiga biblioteca babilônica é decifrado com ajuda de IA
No auge de sua glória, há cerca de 3 mil anos, a Babilônia era a maior metrópole do planeta. Entre seus tesouros, destacava-se uma sociedade alfabetizada, que deixou para trás bibliotecas inteiras de tabuletas em escrita cuneiforme. Por muito tempo, esses registros permaneceram em segredo, quase impossíveis de decifrar.
Agora, com ajuda de programas de inteligência artificial, compreender o que os escritos dizem ficou menos complicado. Os assiriólogos Anmar Fadhil, da Universidade de Bagdá, e Enrique Jiménez, da Universidade Ludwig Maximilian de Munique encontraram, após comparar dezenas de fragmentos dispersos, um hino com 250 linhas exaltando a cidade de Babilônia, desde suas construções e seus campos floridos até a vida de seus habitantes.
“É um hino fascinante que descreve a Babilônia em toda a sua majestade e oferece pistas sobre a vida de seus habitantes, homens e mulheres”, disse Jiménez em comunicado. O autor, provavelmente um cidadão da época, narra o esplendor dos prédios e a força do rio Eufrates, que fertiliza a terra e dá início à primavera.
O hino também lança luz sobre a vida das mulheres na cidade, especialmente as sacerdotisas — figuras das quais pouco se sabe. O estudo destaca três categorias específicas: ugbakkātu, nadâtu e qašdātu.
Em contraste com os homens, enaltecidos por seus atos de proteção, as virtudes femininas celebradas são a devoção e a discrição.
A reconstrução foi possível graças à digitalização dos fragmentos e ao uso de uma plataforma com apoio de inteligência artificial. Ao todo, os pesquisadores identificaram cópias do hino em 20 tabuletas datadas entre os séculos 7 e 2 (ou 1) a.C. Algumas estavam incompletas, mas o cruzamento de versões permitiu reconstituir até os trechos faltantes.
Segundo Jiménez, o texto era tão difundido que provavelmente fazia parte do currículo escolar. “As crianças o copiavam nas escolas. É incomum que um texto tão popular em sua época fosse desconhecido por nós até agora.”
Leia o hino decifrado a seguir:
“O Eufrates é o seu rio – estabelecido pelo sábio senhor Nudimmud –
Ele apaga o pântano, satura o canavial,
Deságua suas águas na lagoa e no mar,
Seus campos florescem com ervas e flores,
Seus prados, em flor brilhante, brotam cevada,
Da qual, colhidos, feixes são empilhados,
Gados e rebanhos repousam em pastos verdejantes,
Riqueza e esplendor – o que convém à humanidade –
São concedidos, multiplicados e regiamente concedidos.”
O estudo foi publicado na revista Iraq.
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