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Curiosidades

CEO de IA brasileira defende criação de infraestrutura nacional da tecnologia

A Maritaca AI é um dos principais expoentes de IA generativa no Brasil, com um LLM próprio focado na língua portuguesa, o Sabiá-3.1, e um chatbot chamado MariTalk. O CEO da empresa, Rodrigo Nogueira, reconhece a importância das soluções locais para garantir a soberania do país, mas entende que é necessário trilhar um caminho para garantir infraestrutura. 

O Canaltech conversou com Nogueira para saber mais sobre a história da Maritaca AI, os desafios de criar uma IA generativa brasileira e o potencial do Brasil no cenário. Confira:

Primeiros passos da Maritaca AI

Formado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Doutor em ciência da computação pela Universidade de Nova York, nos EUA, Rodrigo Nogueira começou a ter maior contato com a IA em 2018.


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Dois anos depois, fundou a Maritaca AI em meio ao boom da OpenAI e contou com a presença de pesquisadores de IA e colegas da universidade do interior de São Paulo.

O primeiro modelo, chamado de Sabiá, foi desenvolvido a partir do Llama, LLM de código aberto da Meta. Ainda que os modelos de IA sejam soluções para tarefas gerais em diferentes idiomas, os pesquisadores perceberam que o desempenho em tarefas voltadas ao Brasil melhorava quando ele tinha acesso a mais conteúdos em língua portuguesa.

“Nós pegamos um modelo open source e começamos a especializar, dar textos mais relacionados ao Brasil, e vimos uma grande melhoria no desempenho”, explica Rodrigo Nogueira.

Rodrigo Nogueira, CEO da Maritica AI (Imagem: Divulgação)
Rodrigo Nogueira, CEO da Maritica AI (Imagem: Divulgação)

O CEO destaca que os modelos da Maritaca conseguem se sobressair a LLMs de empresas estrangeiras para temas mais específicos no país, como direito, finanças e medicina. Segundo Nogueira, serviços internacionais podem funcionar bem com a análise de leis famosas no Brasil, mas encontram obstáculos com legislações pouco discutidas.

“Se você usar modelos da OpenAI, da Anthropic… você vai ver que eles sabem responder muito bem a perguntas de lais mais populares — desarmamento, por exemplo. Mas naquelas leis não tão mencionadas, eles erram. É aí que temos o propósito de treinar bastante nesses domínios em que um grande player talvez não esteja tão interessado em atender tão bem. Nós vemos esse diferencial técnico de o modelo ser melhor em casos específicos do Brasil em leis, medicina e finanças”, explica Rodrigo Nogueira.

Atualmente, o modelo mais recente é o Sabiá-3.1, lançado em maio deste ano e com desempenho superior em tarefas gerais, incluindo melhorias em teste de benchmark inspirado nas provas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

IA e soberania nacional

Diante de um cenário ocupado por empresas de outros países, Nogueira entende que empresas brasileiras de IA têm papel fundamental para garantir a soberania nacional e o tratamento dos dados dos brasileiros no setor. Além disso, reforçou que clientes recorrem à empresa porque os dados conseguem ficar no país.

“O capital intelectual produzido por essas IAs é feito por ferramentas de fora e a gente simplesmente consome. Imagino que a margem que as empresas brasileiras vão ter vai ser pequena, dado que boa parte do dinheiro é direcionada para fora do país”, afirma.

Na visão do executivo, empresas, institutos e pesquisadores locais ajudam a criar um ecossistema local que, quando fomentado, pode abastecer outros negócios com a tecnologia.

Necessidade de infraestrutura

Para Rodrigo Nogueira, uma das maiores urgências para o desenvolvimento de IA no Brasil é a criação de um cluster nacional — um conjunto de computadores e servidores usados para manter modelos e dados ativos. 

A empresa opera de forma híbrida: algumas GPUs de processamento estão localizadas no país, enquanto outras dependem de estrutura internacional. Porém, ele reforça que existe uma dependência de mandar dados para fora do país, algo que pode se tornar um problema em tensões entre nações, por exemplo.

“A gente precisa coordenar o quanto antes a construção de um cluster nacional. Hoje, se você quiser, por exemplo, fazer um pequeno ajuste fino num modelo famoso como o DeepSeek, aprender um pouquinho mais sobre ele, ajustá-lo para uma tarefa, não existe, até onde eu sei, nenhum parque computacional com dispositivos necessários para fazer esse pequeno treinamento”, comenta.

MariTalk é um “ChatGPT brasileiro” abastecido por um LLM nacional (Imagem: (Imagem: Captura de tela/André Magalhães/Canaltech)

Enquanto o governo federal discute um Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), Nogueira defende que os investimentos para infraestrutura fazem parte de uma “corrida contra o tempo” e traz duas sugestões — construir um grande parque nacional ou começar com menores clusters distribuídos pelo país.

“A solução de longo prazo que vejo ser a melhor para todo mundo seria a construção de um cluster centralizado grande para treinar esses modelos. Pessoas, universidades, empresas poderiam usar por alguma forma de seleção ou por acesso pago. O problema é que para construir demora tempo, precisa de um grande incentivo para que seja rápido.

Outra alternativa seria construir clusters menores, espalhados por diversas regiões do país.  Talvez esse seja um um tipo de infraestrutura que seja mais fácil de ser criada do que um grande único que vai demorar alguns anos. Mas eu vejo que é uma corrida contra o tempo, a gente precisa, mesmo que não seja a melhor solução, é melhor tomar uma uma solução que seja a segunda melhor, mas que saia logo esse plano e saia acesso a esse cluster”, detalha o CEO da Maritaca AI.

Formação de profissionais no Brasil

O CEO acredita que o Brasil tem grande potencial no mercado de IA, tanto com a formação de novos profissionais como na criação de um ecossistema com empresas locais. No entanto, ele realça a necessidade de maior foco em cursos e institutos universitários voltados para IA generativa — a Universidade Federal de Goiás é uma das primeiras a seguir esse caminho com uma graduação específica para o setor.

“O país podia ter mais investimentos não só na formação desses profissionais, e também criar institutos do zero que visam a formação de profissionais de IA generativa. Tem uma base que poderia ser reaproveitada, mas tem muita coisa nova, então precisaria de criação de departamentos inteiros novos, professores que já acompanham o que está acontecendo para capacitar todo esse pessoal“, conclui.

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augustopjulio

Sou Augusto de Paula Júlio, idealizador do Tenis Portal e do Curiosidades Online, tenista nas horas vagas, escritor amador e empreendedor digital. Mais informações em: https://www.augustojulio.com.