Celulares com bateria para durar dias? Entenda o que impede Apple e Samsung
Mesmo com avanços na eficiência energética e no carregamento rápido, o limite de 5.000 mAh nas baterias de smartphones segue firme entre as principais fabricantes do mercado.
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Samsung, Apple, Motorola e Google, entre outras, mantêm essa capacidade mesmo em modelos premium, enquanto marcas como OnePlus, Realme e Infinix já oferecem aparelhos com baterias de 5.500 mAh, 6.000 mAh e até mais, em casos como o Jovi V50 Lite, que tem 6.500 mAh.
Mas o que trava essa evolução nas gigantes mais populares é um detalhe pouco conhecido fora dos bastidores da indústria: a regulamentação internacional de transporte aéreo.
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O limite dos 20 Wh
Por mais que pareça uma escolha técnica ou de design, a limitação é bem mais regulatória do que pura decisão das marcas.
Órgãos como a IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo) e o Departamento de Transporte dos EUA (DOT) determinam um limite de 20 Wh para baterias em aparelhos eletrônicos transportados nos aviões.
A norma existe por motivos de segurança. Acima desse limite, a bateria passa a ser classificada como “material perigoso” e exige rotulagem especial, testes adicionais e um processo de envio mais caro e burocrático. Para evitar esses entraves logísticos, os fabricantes optam por manter a bateria dentro do teto de 20 Wh.

Na prática, isso significa que celulares com voltagem nominal de cerca de 3,85 V só conseguem ter até 5.000 mAh antes de ultrapassar esse limite. Por isso, mesmo que o hardware permita capacidades maiores, a logística pesa mais na decisão.
Como algumas marcas “burlam” essa regra
A solução usada por fabricantes como OnePlus, Xiaomi e Realme é simples, mas engenhosa: em vez de uma célula única de 6.000 mAh, elas dividem a bateria em duas células de 3.000 mAh cada. Assim, cada uma fica abaixo do limite de 20 Wh, e evita ser classificada como material perigoso — mesmo que, somadas, ultrapassem esse valor.
Esse tipo de bateria é chamado de bateria de célula dupla. Além de driblar a regulamentação, ela também traz algumas vantagens em relação às simples, como carregamento mais rápido, já que cada célula pode ser carregada de forma paralela. É por isso que modelos com 100 W ou mais de potência costumam adotar esse design.
Modelos rugged, como os da Doogee, BlackView ou Oukitel, que anunciam baterias acima de 20.000 mAh, seguem a mesma regra — mas conseguem ultrapassar esse teto total ao dividir a capacidade em várias células pequenas, cada uma abaixo de 20 Wh.
Como o espaço interno nesses aparelhos é menos crítico e o foco é durabilidade extrema, o design com múltiplas células é mais fácil de aplicar, já que esses aparelhos costumam ter um design bem avantajado e não se preocupam em ser “discretos”.
Por que Apple, Samsung e Google ainda evitam isso?
A escolha de não usar baterias com duas células não é falta de conhecimento técnico, e sim uma decisão estratégica. Entre os motivos estão:
- Custo de produção mais alto: baterias de célula dupla exigem circuitos de controle mais complexos, além de ajustes no gerenciamento de calor e na montagem interna do aparelho.
- Gestão térmica mais delicada: duas células operando em paralelo geram mais calor, o que demanda soluções térmicas mais avançadas — algo que nem sempre vale a pena para marcas que priorizam estabilidade e durabilidade ao longo do tempo.
- Espaço interno mais disputado: dividir a bateria em duas células pode roubar espaço de outros componentes importantes, como câmeras maiores, bobinas para carregamento sem fio ou sensores dedicados a recursos de IA.
- Padronização logística: manter uma bateria única e dentro do limite global simplifica a homologação, o transporte e a produção em massa — especialmente para empresas que operam em dezenas de países ao mesmo tempo.
Além disso, marcas como Apple e Google apostam mais em eficiência energética de software e hardware para oferecer boa autonomia, sem depender de baterias gigantes. O iPhone 16 Pro Max, por exemplo, tem menos de 5.000 mAh, mas com uma duração de bateria satisfatória, graças ao bom gerenciamento de energia do iOS.
E as novas baterias de silício-carbono?
Mesmo as baterias mais modernas, como as de silício-carbono, também estão sujeitas à mesma limitação de 20 Wh. Essa química melhora a densidade energética — ou seja, permite armazenar mais carga num espaço menor —, mas isso não muda as regras de transporte.

O que vale para a bateria tradicional de íons de lítio também se aplica aqui, como já explicou a própria IATA nos guias de transporte de 2024.
Outras alternativas
Enquanto várias marcas chinesas apostam pesado nas baterias de silício-carbono para ganhar densidade energética, a Samsung parece querer seguir um caminho mais conservador — mas não menos inteligente.
A sul-coreana pretende usar um novo tipo de encapsulamento com composto de moldagem epóxi (EMC), que melhora a dissipação de calor, bloqueia interferências eletromagnéticas e protege a bateria contra umidade.
Essa tecnologia ajuda a aumentar a durabilidade e a segurança da bateria, além de liberar espaço interno para acomodar células fisicamente maiores, o que pode permitir baterias acima dos 5.000 mAh, como sugerem alguns rumores para o Galaxy S26 Ultra.
Assim, em vez de migrar para baterias de silício-carbono, a Samsung aposta em avanços estruturais e térmicos para melhorar a autonomia.
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ASSISTA: O QUE são as baterias de Silício-Carbono que Motorola, Xiaomi e outras fabricantes estão usando?
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